Vagueio de casa em casa como os frades da Idade Média que enganavam as raparigas e as mulheres casadas com contas e baladas. Sou um viajante, um bufarinheiro, pagando com uma caução a hospitalidade que me oferecem; sou um convidado fácil de agradar; alguém que ora dorme no melhor quarto da casa, na cama de dossel, ora passa a noite no estábulo, deitado num molho de feno. Não me importo com as pulgas, o mesmo se passando com o toque da seda. Tenho uma percepção demasiado clara da perenidade da vida e das tentações que a caracterizam para impor proibições. Apesar de tudo, não sou tão tolerante como vos pareço
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
[...] estudo mostrou mudanças notáveis na expressão do racismo: uma redução no racismo biológico, tradicional, flagrante, ao mesmo tempo que surgia um racismo mais indirecto e subtil, que se exprime mais no benefício do branco do que em sentimentos antinegro [...]
Embora o racismo tenha, em muitas situações, evoluído de flagrante para subtil [...] a verdade é que persiste e, consequentemente, a probabilidade de a discriminação racial e a violência contra pessoas percebidas como tendo «origens étnicas ou cor diferente» continuar a ocorrer é elevada.
Jorge Vala –Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu(2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)
Tinham de os deixar entrar porque, como era óbvio, os espanhóis não os aceitavam de volta - com o argumento de que os refugiados apenas tinham autorização para atravessar Espanha em trânsito para Portugal, como o capitão Agostinho Lourenço, chefe da PVDE, esclareceu por escrito no âmbito do processo contra Aristides de Sousa Mendes. Inúmeros testemunhos de escritores ou de simples viajantes dão conta de como a entrada em Portugal - este "paraíso triste", como lhe chamou Antoine de Saint-Exupéry - em fins de junho, princípios de julho daquele ano, constituía uma experiência digna de filme de horror.
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
Perguntei-lhe se se lembrava da chegada deles (pais e irmãs) a Bordéus. Como resposta, este rabino Kruger (filho) abriu uma pequena pasta que continha uma série de documentos e mostrou-me um bilhete de comboio, de cartão como era costume naquela altura, e disse-me que aquele era o bilhete de comboio (meio-bilhete de 2ª classe) Paris/Bordéus que o pai lhe deu naquele dia quando todos viajaram para Bordéus... à espera de um milagre.
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
Voo Germanwings 9525 [...] foi uma rota comercial internacional, operada pela Germanwings, subsidiária low cost da Lufthansa, utilizando um Airbus A320-211, partindo do Aeroporto de Barcelona-El Prat, com destino ao Aeroporto de Düsseldorf. Em 24 de março de 2015, o avião caiu a cem quilômetros a noroeste de Nice nos Alpes Franceses. Todos os 144 passageiros e seis membros da tripulação foram mortos. O acidente foi causado intencionalmente pelo copiloto Andreas Lubitz, que já havia sido tratado por tendências suicidas, porém não informou à companhia sobre isso. Pouco após chegar à altitude de cruzeiro, enquanto o comandante estava fora do cockpit, ele trancou a porta e iniciou uma descida controlada até que o avião se chocou contra os Alpes.
[...]
Entre os passageiros estavam dezesseis estudantes e dois professores da escola de ensino médio Joseph-König-Gymnasium de Haltern am See, Renânia do Norte-Vestfália. Eles estavam a caminho de casa depois de um intercâmbio estudantil com o Instituto Giola em Llinars del Vallès, Barcelona, Espanha.O prefeito de Haltern, Bodo Klimpel, descreveu o episódio como "o dia mais negro da história da cidade".
O baixo-barítono Oleg Bryjak e a contralto Maria Radner, cantores da Deutsche Oper am Rhein, também estavam no voo.
[...]
Regulatória Em resposta ao incidente e as circunstâncias do envolvimento da Andreas, autoridades de aviação no Canadá, Nova Zelândia, Alemanha e Austrália implementaram novas regulamentações que exigem duas pessoas estarem presentes na cabine de comando durante todo o voo.Enquanto algumas companhias aéreas europeias já exigiam isso por política, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação, recomendou que as mudanças similares devem ser introduzidas. Em Portugal, o INAC emitiu uma diretiva de navegabilidade que torna obrigatória a existência de dois tripulantes em simultâneo na cabine de comando. A diretiva, que foi publicada no dia 27 de março, aplicou-se a todas as companhias aéreas sediadas em Portugal e teve efeitos imediatos.