A nossa sociedade tem perdas que são socializadas e lucros que são privatizados porque as transações e investimentos nem sempre têm de ser públicos, para que haja empresas que continuam a receber auxílios estatais, apesar de distribuírem dividendos aos seus acionistas
No primeiro caso, falamos de um espectador regular do cinema, que abordou Soraia a propósito de um pretenso convite. «Veio à bilheteira e disse-me que estava na lista de convidados daquela noite. Fiz a pesquisa e não encontrei o nome, ao que ele me respondeu: "Sabe quem é que eu sou? Sou professor universitário. Procure lá isso bem, ou não sabe ler?"» Remoque ignorado, nova vista de olhos à lista de convidados. «Peço imensa desculpa, mas o seu nome não está aqui.» «Olhe, é por causa de pessoas como a menina que o país está como está. Você não tem instrução nenhuma e está-me a dizer a mim, que sou professor universitário, que eu não tenho o meu nome na lista. Provavelmente a menina nem sabe ler.» «Eu insisti que já tinha verificado várias vezes, mas ele não desarmou. "Você é uma incompetente, está aqui porque não arranja trabalho em mais lado nenhum. Deve estar aqui por caridade. Você não serve para nada." E foi-se embora.» Trémula, com os olhos marejados, Soraia acabou por ser consolada por duas clientes que assistiram à cena [...] «A verdade é que as duas senhoras me acalmaram, compraram os bilhetes delas, foram-se embora, mas depois voltaram. Trouxeram-me um pacotinho de M&M's "para alegrar o seu dia".» Mas o verdadeiro golpe de teatro (curiosamente, num cinema) estava guardado para mais tarde. Duas ou três horas depois do desaguisado, eis que surge o cliente destemperado, desta vez com um pedido de desculpas. «Eu nem queria acreditar. Ela volta à bilheteira e diz: "Queria pedir-lhe desculpa, porque falei consigo de uma forma como não devia ter falado." Fiquei estupefacta, não sei se ele me viu a chorar, a ser consolada pelas outras senhoras, ou se foi porque não lhe respondi... Se calhar estava à espera que eu alimentasse a coisa. Mas pronto, teve ali um rebate de consciência.» A acompanhar o arrependimento, o professor universitário trouxe uma caixa de bombons, que ofereceu a Soraia. «Apanhei uns nervos terríveis... mas acabei o dia cheia de chocolates.»
Pedro Vieira – Em que posso ser útil? (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Pedro Vieira (2021)
Não quero adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Não consigo flutuar com suavidade nem misturar-me com os outros. Prefiro o olhar dos pastores que encontro no caminho; o olhar das ciganas que alimentam os filhos ao lado das carroças
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Não somos obrigados a vergar as costas e a apanhar todas as chicotadas que nos quiserem dar. Também não somos carneiros, prontos a seguir um mestre. Somos criadores.
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
"Es la canción con la que quiero definir -en esencia- a ese grupo de personas que solemos ladrar, pelear ante la vida y la adversidad, hacerles frente a veces con dureza, a veces firmes como una roca, pero siempre en el ánimo de arreglar las cosas. Para los amantes de la diatriba no beligerante, esa que aspira a escuchar todas las posturas manifiestas. Esas personas. Esas. Esas que son tan distintas de las que nunca dicen nada pero que, cuando menos lo esperas, atacan y asestan un mordisco mortal para herir como única finalidad.
Yo ladro, mucho, pero no muerdo. El bozal es para los que muerden. Esto lo digo como mujer."
Não faz nada. É uma pessoa que não faz nada e a quem esse estado de não fazer nada ocupa a totalidade do tempo.
Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Plus j'avance et plus je sais Que t'es là, toi mon ego Faut que je m'en aille Je sais que je déraille Aujourd'hui je t'écris Je brûle tout ce que tu me dis, maudit Vomis tout ce qui brille La guerre s'en suit On est loin, on est loin Du jardin d'Eden Éternelle réalité Libérez, libérons, nous de nous-même Qu'à t-on fait de la vérité? Brisez les, brisez les, brisez toutes les haines Dévoilez, n'affrontez que moi Le seul combat Auquel je crois C'est contre moi, moi, moi, moi, moi Libère ton esprit Ecoute chanter le monde Pourquoi passer sa vie À courir après une ombre? Juste une pâle copie Une voix qui t'entraîne Et petit à petit Elle prend ton oxygène We are the war The war en nous même J'veux voir J'veux voir J'veux voir la lumière Libère toi C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é L'ego, l'ego, l'ego, l'ego C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é L'ego, l'ego, l'ego, l'ego C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é L'ego, l'ego, l'ego, l'ego C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é L'ego, l'ego, l'ego On est loin, on est loin Du jardin d'Eden Entre joie et fatalité Libérez, libérons, nous de nous-même Pourquoi souffrir lorsqu'on peut s'aimer? Brisez les, brisez les, brisez toutes les chaînes Dévoilez, être que soi Le seul combat Auquel je crois C'est contre moi, moi, moi, moi, moi Libère ton esprit Ecoute chanter le monde Pourquoi passer sa vie À courir après une ombre? Juste une pâle copie Une voix qui t'entraîne Et petit à petit Elle prend ton oxygène We are The war The war en nous même J'veux voir J'veux voir J'veux voir la lumière Libère toi C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é L'ego, l'ego, l'ego, l'ego C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é L'ego, l'ego, l'ego, l'ego C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é L'ego, l'ego, l'ego, l'ego C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é L'ego, l'ego, l'ego, l'ego Libère toi