enquanto bate não me cega a razão
«Isto são só as coisas que vi hoje e gosto de as apontar porque é fácil esquecer o que há de bonito na vida».
Afonso Reis Cabral – Pão de Açúcar
Publicações Dom Quixote (2018)
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anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.
anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.
«Isto são só as coisas que vi hoje e gosto de as apontar porque é fácil esquecer o que há de bonito na vida».
Afonso Reis Cabral – Pão de Açúcar
Publicações Dom Quixote (2018)
Mais para ler
o futuro aprende-se muito rapidamente, se a necessidade empurra.
Primo Levi – Se Isto É Um Homem (1947)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)
Mais para ler
Eu perdi a vez de ser simples,
perdi a vez feliz de ignorar,
perdi a sábia ignorância,
perdi a graça de não saber.
Deixei passar a vez de ir na corrente
e de ser como toda a gente
às carambolas da sorte.
Eu perdi a vez de ser analfabeto,
esse segredo para não ser doutor
e para não saber também
o que as letras sabem
do mundo e de mim.
(...) ser ignorante não dói
não dói tanto como não ignorar!
Eu deixei passar a vez de ir na onda
e de ter o entendimento repartido pelos mais,
começaram por ensinar-me as letras
e as letras acabaram por dar comigo
e eu vi-me então diante de mim
despegado da onda e da corrente
diferente de toda a gente
independente da multidão.
José de Almada Negreiros, SEGUNDA MANHÃ in AS QUATRO MANHÃS
Poemas Escolhidos José de Almada Negreiros - Assírio & Alvim | Porto Editora 2016
Mais para ler
Já é noite e o frio
Está em tudo que se vê
Lá fora ninguém sabe
Que por dentro há vazio
Porque em todos há um espaço
Que por medo não se viu
Onde a ilusão se esquece
Do que o tempo não previu
Já é noite o chão
É mais terra para nascer
A água vai escorrendo
Entre as mãos a percorrer
Todo o espaço entre a sombra
Entre o espaço que restou
Para refazer a vida
No que o tempo não matou
Onde tudo morre tudo pode renascer
Em ti vejo o tempo que passou
O sangue que correu
Vejo a força que moveu
Quando tudo parou em ti
A tempestade que não há em ti
Arrastando para o teu lugar
E é em ti que vou ficar
Já é noite e a sombra
Está em tudo que se vê
Lá fora ninguém sabe
O que a luz pode fazer
Porque a noite foi tão fria
Que não soube acordar
A noite foi tão dura
E difícil de sarar
E onde tudo morre tudo pode renascer
Em ti vejo o tempo que passou
Vejo o sangue que correu
Vejo a força que me deu
Quando tudo parou em ti
A tempestade que não há em ti
Arrastando para o teu lugar
E é em ti que vou ficar
Porque eu descobri a casa onde posso adormecer
Eu já desvendei o mundo e o tempo de perder
É tudo é mais forte e há mais cor no céu maior
É Aqui tudo é tão novo tudo pode ser amor
E onde tudo morre tudo volta a nascer
Em ti vejo o tempo que passou
Vejo o sangue que correu
Vejo a força que me deu
Quando tudo parou em ti
A tempestade que não há em ti
Arrastando para o teu lugar
E é em ti que vou ficar
Já é dia e a luz
Está em tudo que se vê
Cá dentro não se ouve
O que lá fora faz chover
Na cidade que há em ti
Encontrei o meu lugar
É em ti que vou ficar.
Tiago Bettencourt - O Lugar
Álbum: O Jardim
Data de lançamento: 2007
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