Entre formação e atendimento propriamente dito, Ricardo trabalhava para a Livingbrands Portugal há três meses, altura em que lhe propuseram subir de patamar. Deixaria para trás os telefones e os tablets e passaria a dar assistência a quem comprava computadores, portáteis e de secretária. «Foi a partir daí que as coisas começaram a correr muito mal para o meu lado.» A mudança de funções implicou uma semana de formação específica e um crescimento na exigência do serviço a prestar, sem qualquer melhoria na remuneração. «Achavam que ficávamos gratos pela simples aposta em nós.» Mas foi o aumento da pressão que acabou por arruinar a experiência de trabalho de Ricardo. «Comecei a ter de lidar com problemas muito mais complexos, e eu achava que não tinha apoio nem competências suficientes para os resolver. Ao fim de pouquíssimo tempo, disse-lhes que a coisa não estava a resultar, partilhava com eles as minhas inseguranças, e eles mandavam-me continuar: "Está tudo a correr bem, não te preocupes."» Dada a elevada rotatividade de funcionários desde as fases mais embrionárias do processo, os responsáveis tentam responder às crescentes solicitações e aos objectivos da Apple com a matéria-prima que têm à mão, com aqueles que se aguentam há dois, três meses. Nesta fase, e tendo em conta as saídas constantes, acabam por ser encarados quase como seniores do serviço de apoio ao cliente. «Eu achava que não estava a corresponder e comecei a entrar mesmo em stress, sentia dores de cabeça terríveis - sempre as tive, mas ali agravaram-se -, sentia ansiedade, pânicos.»
Pedro Vieira – Em que posso ser útil? (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Pedro Vieira (2021)
«Pode ser um trabalho chato às vezes, até porque o cliente português é muito picky. Implica com muitas coisas, e não estou a falar das "personalidades". O pior cliente é aquele que vem com o dinheirinho contado, que conta os trocos todos... já para não falar dos viens, dos portugueses-franceses... Jean Pierre, vien ici, seu cabrão. Esses são os piores de todos.»
Pedro Vieira – Em que posso ser útil? (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Pedro Vieira (2021)
"They don't need to be invited, they can just come." [...] "Olive, sometimes people like to be invited. I, for example, would have loved to be invited to your house on many occasions, but you've not invited me except for that one time when I asked you to take me over. And so I have felt rebuffed. Do you see that?"
Olive exhaled loudly. "You could have called."
"Olive, I just told you I did call. I called you a couple of times, and because you turned off your friggin' answering machine, you didn't know I called." [...] "Only pointing out here that people can't read your mind.
Elizabeth Strout – Olive, Again (2019) Penguin Random House UK (2019)
Em casa da família Sousa Mendes, em Bordéus, as orações estavam presentes nos gestos diários. Angelina não conseguia deixar de pensar, a cada momento, se conseguiriam sair vivos daquele inferno, mas pensava também que era necessária para acolher pessoas, algumas em mau estado, como certamente aconteceu muitas vezes - era preciso alimentá-las, dar-lhes carinho e conforto.
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
A outra má experiência, que ainda hoje recorda, foi com outra instituição de Pedrógão Grande. Sílvia ligou, a directora respondeu-lhe que tinha os armazéns cheios. Sílvia diz que insistiu. «O que temos para levar não são bens usados, é artigo novo, embalado; jogos de lençóis, atoalhados, edredões, toalhas de mesa, panos de cozinha, tudo de que uma casa precisa. E oitenta pares de calçado novo, em caixa.» Do outro lado fez-se um curto silêncio, antes da resposta que a promotora do grupo Esposende com Pedrógão no Coração reproduz: «Ela diz-me: " Vamos fazer assim, faça uma triagem. O que estiver usado ponha numas carrinhas à parte e, se não se importar, entrega nos bombeiros de Castanheira de Pêra, que estão a recolher esse tipo de artigo. O que for novo põe noutra carrinha, e quando vier a caminho dá-me um toque para o meu telemóvel particular, que lhe vou dar, e um assistente meu estará à vossa espera para recolher esses bens."
Patrícia Carvalho – Ainda aqui estou (2018)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Patrícia Carvalho (2018)
Na cidade, as propostas para mobilar as casas estão recheadas de produtos fantásticos. Frigoríficos cheios de comida pronta a ser confeccionada. Aspiradores, que permitem que a dona de casa rodopie pelo seu lar, limpando-a como quem brinca. Máquinas de lavar roupa, que evitam a canseira dos tanques onde à força de braços e mãos que esfregam, torcem, batem, na faina das barrelas domésticas, se lavam as roupas da casa. Panelas de pressão, que conseguem amaciar o mais rijo naco de carne, enquanto o diabo esfrega um olho. Na cidade, as tarefas domésticas diárias, a acreditar nos maravilhosos anúncios, são meros passatempos que lindas mulheres praticam alegremente. E toda a gente parece resplandecer de asseio. Já no campo, um luxo chama-se telefonia. Um sonho chama-se telefone. Visitas extemporâneas e de última hora... não existem. Visitas só a do padre ou a do médico. Não costumam ser bom sinal. Vizinhos? Ajudam-se, mutuamente, quando é preciso, mas ninguém entra pela casa de ninguém a pedir comida e a reclamar jantares: era só o que mais faltava. E os gestos quotidianos - varrer, limpar, cozinhar, arar os campos, pensar o gado, mondar, ceifar, enxertar as árvores, colher os frutos, apanhar caruma, acender a lareira -, são obrigações. Implicam muitas horas de trabalho esforçado, e não se pensa nelas como passatempos. Ter comida para cozinhar, isso sim, é uma alegria. Matar a fome a todos, aí está o verdadeiro prazer.
Na cidade, famílias ostensivamente felizes têm crianças, quase sempre louras e inevitavelmente lindas, que adoram pudim Royal e «gostam e necessitam de Milo», o fortificante mágico sem o qual as suas pobres cabecinhas encaracoladas tombam de exaustão sobre imaculados cadernos e livros da escola. Mas as cabecinhas das crianças louras ou morenas dos campos, não tombam sobre cadernos e livros imaculados. Se tombarem, uma palmada do professor ou da professora fornece toda a energia de que precisam para se levantarem imediatamente. Portanto, ali o Milo não faz falta nenhuma a ninguém. Até porque o dinheiro não chega para esses luxos... finalmente, no campo, não se fala em beleza o tempo todo, nem se evocam vocábulos como elegância por dá cá aquela palha. De resto, o mais elementar sentido de decência tornaria impensável que as mulheres corressem de braços no ar ao encontro dos seus homens, quando estes chegam a casa, suados, sujos de terra, exaustos de trabalhar, para lhes servirem algo de tão insípido como um estupendo caldo Maggi.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018) Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)
Voltando a citar Pinker: «A aversão à modernidade é uma das grandes constantes da crítica social contemporânea. Quer seja a nostalgia pela intimidade das cidades pequenas, pela sustentabilidade ecológica, pela solidariedade comunitária, pelos valores familiares, pela fé religiosa, pelo comunismo primitivo ou pela harmonia com os ritmos naturais, todos querem que o relógio retroceda. O que a tecnologia nos deu, questionam eles, excepto a alienação, a espoliação, a patologia social, a perda de sentido e o consumismo que está a destruir o planeta para nos dar McMansions, utilitários desportivos e reality shows na televisão?
Os defensores da modernidade, por outro lado, sublinham as dificuldades diárias anteriores às sociedades sedentárias, e como os nossos antepassados «viviam infestados de piolhos e parasitas em caves atulhadas com as suas próprias fezes (...) Mas não era apenas o mais elementar conforto que faltava aos nossos antepassados. Eram também as coisas mais elevadas e nobres da existência, como conhecimento, beleza e contacto humano. Até há pouco tempo, a maior parte das pessoas não viajava mais do que alguns quilómetros para lá do seu lugar de nascimento
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019) Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)
Let's dance always, let's always rejoice The joy I have expressed for others shall be my portion too I rejoiced with you, I rejoiced with you I rejoiced with you and now it is my time to rejoice I rejoiced with you, I rejoiced with you The joy I have expressed for others shall be my portion too
Everybody's born a winner, yeh yeeh If only you just believe, yea eh yeh eh Close your eyes and come and see, nah yea eh yeh eh Don't you worry about a thing, nah
Cause if you work hard You can get it if you work If you strive hard You can be just what you want If you work hard You can climb the mountain tall Cause nothing is too small And nothing is too big
I rejoiced with you, I rejoiced with you The way I celebrate and rejoice with other people, it is my turn to be celebrated I rejoiced with you, I rejoiced with you The joy I have expressed for others shall be my portion too Eh yeh
What my eyes have seen, eyeh What my eyes have seen, ye yeh Don't let them tell you "you can't" And they won't help you, just so you know Just keep on pushing oh oh uh oh
The heights my father was not able to attain I will attain that height and surpass it The heights my mother was not able to attain I will attain that height and surpass it May my Ori bring me wealth May my Ori bring me wealth Do not sleep, my Ori!
I rejoiced with you, I rejoiced with you The way I celebrate and rejoice with other people, it is my turn to be celebrated I rejoiced with you, I rejoiced with you The joy I have expressed for others shall be my portion too
Here are my hands, they are clean and pure I’ll progress confidently or I’ll go higher with confidence Teni, I'm a true born, I am Apata's daughter I'm resolute, I stand unshakable on my feet They thought I was finished But God had other plans They thought it was over, But God said it’s not over yet! Children's are one's clothing in this life Olaosebikan, you must not sleep (in heaven)! May you stand by me everyday Don’t let my enemies collide with my Ori (destiny), please! Wherever you are, I know you are proud of me Because I'm an achiever, I'm a success in my life! Because I'm a bold conqueror
I am fortunate in life, I'm an achiever I've done well in life.