um segundo
Riram-se. Era sempre a melhor maneira de se excluírem das próprias fraquezas.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
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anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.
anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.
Riram-se. Era sempre a melhor maneira de se excluírem das próprias fraquezas.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
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Satélite ou desejo, perfeição aberta.
António Ramos Rosa in MEDIADORA DA PERFEIÇÃO ABERTA - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
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Ele não estava bem e não cantou bem, mas o produto final era muito melhor do que ouvíamos habitualmente. Aborreci-me por não poder aplaudir sem reservas. Mas se se mente a um homem sobre o seu talento só porque ele está sentado à nossa frente essa é a mais imperdoável das mentiras, porque isso encoraja-o a continuar, e para um homem sem talento é a pior maneira de lhe destruir a vida. Mas muita gente fazia isso, sobretudo amigos e parentes.
Charles Bukowski – Mulheres (1978)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2003)
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Não tenho a pretensão de entender os fingimentos dos cavalheiros [...]
- Nós não fingimos, Roz. Somos honrados e cívicos em todas as ocasiões. Somos cavalheiros.
Eram um bando de hipócritas, que afirmavam honrar as mulheres mas passavam metade da noite com prostitutas, que censuravam a morte de algum limpa-chaminés nos seus clubes - os limpa-chaminés encontravam constantemente mortes horríveis, tantas eram as chaminés de Londres - mas não faziam nada para alterar as leis que afetavam os pobres desgraçados.
Grace Burrowes – Coração Ardente (2017)
Quinta Essência (2019)
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Aristides e César eram grandes defensores das praxes académicas, um tema agora muito em voga e envolto em bastante polémica. O jornal Público fez uma investigação sobre estas práticas estudantis, e descobriu que já no início do século XX as praxes eram consideradas uma forma de cativar os jovens estudantes e assim os integrar na vida universitária, desde que se baseassem em atividades ligadas às artes e à cultura: provas de poesia e criação literária, teatro, pintura, exibições de canto e de música, entre outras disciplinas.
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
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O ano de 1991 é de eleições legislativas em Portugal, e como é habitual os partidos vão para a estrada, percorrer o país em campanha eleitoral. O PSD, liderado pelo então primeiro-ministro, Cavaco Silva, passa por Carregal do Sal, perto de Cabanas de Viriato. Uma senhora amiga da minha tia Joana ("a teimosa") convida-a a passar lá uns dias, de modo a que possa encontrar-se, de passagem, com Cavaco Silva, para o interpelar sobre o 3.º artigo da Lei de Reabilitação de 1988 (a indemnização à família), que continuava por cumprir. Cavaco Silva, amavelmente, respondeu a Joana:« O seu pai era certamente um homem bondoso, mas... desobedeceu, lamento, minha senhora.» O processo não avançou (...)
Em 2005 recebo um convite para ir assistir a uma conferência na Universidade Católica, no Edifício João Paulo II. Era de Otto von Habsburg, que tinha vindo a Lisboa proferir uma conferência sobre o seu falecido pai, o último imperador da Áustria, recentemente beatificado. O auditório estava cheio de gente, e entre eles, em lugar de destaque, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e a mulher. As primeiras palavras de Otto von Habsburg foram para dizer que iria dedicar 15 minutos à memória de Aristides de Sousa Mendes, o homem a quem ele devia a vida e a possibilidade de ali estar naquele dia, graças à sua ação de salvamento em Bordéus, durante a Segunda Guerra, desobedecendo a ordens superiores.
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
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Na mesa junto à janela virada para Poente, ensaia-se uma Última Ceia: a companhia de teatro arranjou doze apóstolos e um Cristo (...) De repente, a meio de uma dança, Borja caminha para a mesa onde se desenrola a Última Ceia e manda retirar o vinho, pois é um erro histórico. O Cristo está impávido, mas São João acha que não faz sentido e afasta o seu copo do alcance do professor, que começa a discursar:
- Ninguém sabe, caros Jesus Cristo e seus apóstolos, por que razão o homem se sedentarizou, já que está provado que ser nómada dá muito menos trabalho. Então porque sucedeu essa mudança radical? Muito simples, vou explicar-vos, queridos apóstolos e Nosso Senhor: foi a cerveja. Para ter cerveja era preciso cultivar. E assim nasceu a sociedade como a conhecemos. Graças à cerveja, temos hospitais e bibliotecas. Não existiriam livros se não fosse a cerveja. Não existiriam escritores nem ciência. Os nómadas não têm prisões nem conhecem o castigo, mas por outros lado não têm bibliotecas. Os nómadas não têm nada disto, porque andam de um lado para o outro e as prisões não podem ser transportadas, tal como as tipografias e os hospitais e as livrarias. E tudo isso se deve ao facto de alguns povos terem querido beber cerveja e, para isso, precisarem de se sedentarizar. No tempo de Cristo, no vosso tempo, andavam todos a beber cerveja. Na verdade, as bebidas alcoólicas confundiam-se entre si, pois era normal juntar frutos a bebidas de cereais e cereais a bebidas de frutos. Mas o que é certo é que o Egipto tinha inúmeras cervejeiras e exportava grandes quantidades para a Palestina. O que se bebia no espaço geográfico em que Cristo habitava era cerveja. O vinho era uma bebida de romanos, dos invasores. Cristo não iria beber a bebida dos ricos, dos opressores (...) mas a dos pobres, das putas e dos pecadores. Isso é que era a cerveja, um símbolo do povo. Jesus Cristo bebia cerveja, que sempre foi chamada de pão líquido, pois é verdadeiramente pão com água.
Afonso Cruz - Jesus Cristo Bebia Cerveja (2012)
Penguin Random House (2016)
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Na história do Porto, Março aparece como um mês marcado por várias tragédias que, ao longo dos tempos, enlutaram profundamente a cidade. Uma das maiores foi o naufrágio do vapor Porto, a 29 daquele mês de 1852. Quarenta e três anos antes, a 29 de Março de 1809, havia ocorrido a horrível tragédia da Ponte das Barcas, que provocou cerca de cinco mil mortos. Deu-se quando o general Soult entrou no Porto, à frente dos invasores franceses. Outra grande catástrofe que teve o mês de Março como referência foi a do Teatro Baquet, que se verificou no dia 21 daquele mês, no ano de 1888 (...) o Teatro Baquet ardeu na noite de 20 para 21 de Março de 1888 (...) Representava-se a peça Os Dragões de Villares, que foi um dos maiores sucessos teatrais de que há memória em Portugal. Além daquela peça, estava anunciada também a representação de uma revista espanhola em que se parodiava a Gran Via. Foi quando decorria esta representação que o pano da boca do palco desceu abruptamente. O público não percebeu o que se estava a passar. De repente alguém gritou: «Fogo! Fogo!» (...) o fumo começava já a sair do palco em espessos e negros rolos. Uma mole de gente aos baldões e atropelando-se buscou saída pela Rua de Santo António (...) Alguém ainda teve o sangue-frio suficiente para ir fechar o gás. Mas era tarde de mais. Em breves minutos, que pareceram anos, o fogo apossou-se de todo o edifício. O fumo asfixiava e as chamas, avançando, empolgavam a cena macabra. Quando se ia tocar a fogo na torre da Igreja de Santo Ildefonso, a corda do sino quebrou. Aconteceu o mesmo na Igreja dos Congregados (...) O balanço final foi de oitenta e oito mortos e muitos feridos (...) As vítimas da tragédia do Baquet repousam no cemitério de Agramonte, num mausoléu que tem como característica especial ter sido «decorado» com pedras e ferros calcinados retirados dos escombros do teatro.
Germano Silva e Lucília Monteiro – Porto, a Revolta dos Taberneiros e Outras Histórias (2004)
Editorial Notícias (maio 2004)
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Foste de verdade, não de feito, a voz de Portugal.
(...)
A Portugal, a voz vem-lhe sempre depois da idade
e tu quiseste acertar-lhe a voz com a idade
e aqui erraste tu,
não a tua voz de Portugal
não a idade que já era hoje.
(...)
Tu levaste empunhada no teu sonho a bandeira de Portugal
vertical
sem pender pra nenhum lado
o que não é dado pra portugueses.
Ninguém viu em ti, Fernando,
senão a pessoa que leva uma bandeira
e sem a justificação de ter havido festa.
Nesta nossa querida terra onde ninguém a ninguém admira
e todos a determinados idolatram.
Foi substituído Portugal pelo nacionalismo
que é maneira de acabar com partidos
e de ficar talvez o partido de Portugal
mas não ainda apenas Portugal!
Portugal fica para depois
e os portugueses também
como tu.
José de Almada Negreiros, ODE A FERNANDO PESSOA
Poemas Escolhidos José de Almada Negreiros - Assírio & Alvim | Porto Editora 2016
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The stage is not merely the meeting place of all the arts, but is also the return of art to life.
Oscar Wilde
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