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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

não retido

29.10.21

Vai-se tecendo a paz num caos contemplado

em que nada se retém à roda do vazio

senão o que o desejo suspende e inicia

para não ser mais que o movimento calmo

numa concha de sono vagarosa e vazia.

 

António Ramos Rosa in APENAS UM TREMOR - Obra Poética I

Assírio & Alvim (2018)

 

 

azul benção

23.08.20

Deolinda seguia os dois, desconfiada e temerosa do mar, mas, ao mesmo tempo, fascinada pela sua vastidão azul, pelo movimento quase hipnótico das ondas, e pelo seu incessante marulhar:

- Sente-se uma pessoa tão pequena - murmurava ela [...]

Levava as socas na mão e a trouxa com o farnel debaixo do braço. Acordavam, mal o dia despontava, iam por volta das nove da manhã para a praia, sentavam-se sempre no mesmo lugar e regressavam sem falta ao meio-dia: «Muito cuidado, sobretudo com as crianças. A pele delas é mais sensível, e para o tratamento fazer efeito a menina tem de estar nua. Depois do meio-dia o sol é um veneno. Ao fim de uns dias, com o corpo habituado, podem voltar à tarde, mas só depois das cinco horas. E não se esqueça de a pôr a dormir a sesta. 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)

Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)

 

 

(tão bem) acordada

04.03.20

o que as mulheres engelham enquanto dormem senhores, se as mantivermos acordadas vinte anos sempre 

 

 

António Lobo Antunes – A Última Porta Antes da Noite (2018)

Publicações Dom Quixote (2018)

 

 

 

sono profundo

06.03.18

Las personas que no duermen profundamente acaban agotadas o siendo agotadoras para los demás. 

 

 

David Foenkinos - La biblioteca de los libros rechazados (2016)
Titulo original: Le Mystère Henri Pick
Traducción de María Teresa Gallego Urrutia y Amaya García Gallego
Penguin Random House Grupo Editorial S.A.U. (febrero, 2017)

 

 

  

 

 

 

primeiro sono 2018

01.01.18

Esperaram pelo sono para se mudarem para o dia seguinte. Havia sempre esperança na travessia nocturna. Cada deus revia a criação no quieto da noite. Acender os dias era sempre a possibilidade de uma nova criação. Era importante dormir com esperança. 

 

 

Valter Hugo Mãe – Homens imprudentemente poéticos

Porto Editora (2016)