Quando fazemos amor sem amar, perdemos toda e qualquer alegria. Wray Delaney - Memórias de Uma Cortesã (2016) Quinta Essência, Oficina do Livro (2017) Le Lit À La Française (1646) Rembrandt
frei Fernando Ventura, que apresentou o livro Jesus Cristo Bebia Cerveja, disse, por ocasião do lançamento, quando lhe perguntei se Jesus bebia cerveja: «É óbvio que sim. Jesus gostava de coisas boas.»
Deus Pai também. No final de cada um dos dias da Criação, Ele constatava que a obra era boa (...) O axiarquismo da Sua conduta leva-nos a concluir o seguinte: devemos a nossa existência a coisas boas, como o amor e a cerveja. Sabemos que a vida é boa, quando no final do dia (...)
- Não te tornaste puritana com o luto, pois não? - perguntou-me. Wray Delaney - Memórias de Uma Cortesã (2016) Quinta Essência, Oficina do Livro (2017) Erotic painting on the wall of the "Cook Chamber" of the Vetii's House, on of the richest of the city. Access of this room was forbidden for women until the seventies. in http://www.stephanecompoint.com/41,,,11027,en_US.html
É que muito antes das portas se terem aberto para deixar entrar o grande público, já António Variações passara estes umbrais e descobrira o seu único, pessoal e intransmissível caminho.
Daí a sua singularidade. Daí a sua universalidade.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018) Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)
Eu era teimosa, ele era teimoso. Não me lembro do motivo, sei que nos pegámos os dois. Eu era muito mais pequena, devia-me ter calado. Mas começámos à tareia e o meu pai não gostou. Deu uma tareia nele. Eu fugi e meti-me debaixo da cama. O meu pai procurou-me até ao fim, não tas vou perdoar. E depois, a tareia que tinha dado ao António deu-me a mim também - relato de Maria Amélia.
Mas não há memórias que o descrevam a subir às árvores para ir aos ninhos, ou outras (...)
Sinto profusamente aquilo que se furta
às palavras mas não ao entendimento.
Sinto as fases do teu corpo
como um dínamo de luz a atravessar
o meu peito.
Paulo da Costa Domingos in CAMPO DE TÍLIAS
Paulo da Costa Domingos – Carmina (1971-1994) Antígona (1995)
Eu tenho um anjo
Anjo da Guarda
Que me protege de noite e de dia
Eu não o vejo
Eu não o ouço
Mas sinto sempre a sua companhia 1
1 António Variações, «Anjo da Guarda», Anjo da Guarda, EMI - Valentim de Carvalho, 1983
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018) Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)
Em Lisboa António teve, pela primeira vez, a consciência pungente do abismo que separava as gentes da capital dos camponeses que aqui se apeavam atordoados. Tudo os denunciava, a começar pela própria ingenuidade, pelo espanto indisfarçável, sem falar na forma como se vestiam, andavam e falavam. Eram os alvos fáceis e recorrentes da troça citadina. «Ó patego, olha o balão.»
- O António quando cá chegou, foi trabalhar com uns primos (...) mas julgo que nunca abusaram dele, (...)
Bastou uma pequena água
para que o Universo inteiro vestisse
a tua cinza perturbada delirante pelos rituais
da saliva e da pele. E o nosso sangue queimava
terno abrasivo.
Paulo da Costa Domingos in CAMPO DE TÍLIAS
Paulo da Costa Domingos – Carmina (1971-1994) Antígona (1995)