A conclusão a que cheguei é de que a leitura é uma operação sem objecto; ou que o seu verdadeiro objecto é ela própria. O livro é um suporte acessório ou inclusivamente um pretexto.
Italo Calvino – Se Numa Noite de Inverno Um Viajante (1979)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)
Um livro nunca deve ser deitado fora – há sempre que o possa ler pela primeira vez – mas, mesmo que esteja em mau estado e ilegível, há quem o consiga transformar noutro objecto. É o caso de Cecilia Levy, uma artesã sueca que pega nos livros e cadernos de banda desenhada em mau estado e
transforma-os em chávenas, copos, pires, pratos e tigelas.
Cecilia, que curiosamente já foi encadernadora, tem agora uma abordagem inversa à literatura. Ela arranca as páginas e une-as noutra forma. Para os amantes de livros este projecto pode ser um sacrilégio, mas mesmo esses não deixarão de admitir que o resultado final deste processo é interessante – mesmo que não seja especialmente prático.
in http://greensavers.sapo.pt/2017/05/07/como-transformar-livros-antigos-em-chavenas-copos-pires-pratos-e-tigelas/