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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

26
Mar22

every single day

Cecília

A arbitrariedade da ideia de raça e do seu uso pode ser bem compreendida através de uma intervenção pedagógica de uma professora americana do ensino básico preocupada em fazer entender aos seus alunos o racismo e a discriminação. Um dia, Jane Elliot informou as crianças suas alunas de que havia grandes diferenças entre as crianças com olhos castanhos e aquelas que tinham olhos azuis. As de olhos azuis seriam mais trabalhadoras, mais inteligentes e melhores pessoas do que as crianças que tinham olhos castanhos. Jane Elliot deu aos alunos vários exemplos disto mesmo e conseguiu criar um sentimento de orgulho e satisfação nas crianças de olhos azuis e de abatimento e raiva nas de olhos castanhos. Ao mesmo tempo, nos membros de cada grupo emergiu um sentimento de destino comum: somos um grupo superior ou, no outro caso, um grupo inferior. A situação foi vivida como verdadeiramente dramática por uns e gloriosa por outros. No dia seguinte, porém, a professora disse às mesmas crianças que se havia enganado. Afinal, os melhores eram os de olhos castanhos. As reações emocionais não se fizeram esperar, os satisfeitos de ontem eram os infelizes de hoje. Após um tempo para que a nova hierarquia produzisse os seus efeitos, a professora interrompeu a atividade das crianças, chamou-as para junto de si e ajudou-as a refletir sobre o que se passou: sobre a ideia de raça, a arbitrariedade, a opressão e o que significava ser uma criança negra. Vinte anos depois, os adultos que eram estas crianças ainda recordavam a situação, as experiências vividas e o impacto que tiveram nas suas vidas. 

 

Jorge Vala  – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

14
Mai21

a valorizar o que é de valorizar

Cecília

Antes de partir, a professora sintetiza o que aprendeu com os incêndios de 2017 e com o trabalho de voluntariado que desenvolveu em seguida. «A valorizar o que é de valorizar. Já tenho esta noção há muito tempo, de que estamos cá todos por uma razão, mas nem todos conseguem chegar lá... As pessoas vivem muito fechadas, muito centradas em si, não conseguem chegar aos outros, ser altruístas. E às vezes um pacote de massa, um pacote de arroz, não custa nada.» 

 

Patrícia Carvalho – Ainda aqui estou (2018)

Fundação Francisco Manuel dos Santos e Patrícia Carvalho (2018)

 

 

26
Jun20

ponto de vista

Cecília

O Samuel devia ter razão, talvez a felicidade seja só ponto de vista. 

 

Afonso Reis Cabral – Pão de Açúcar
Publicações Dom Quixote (2018)

 

 

15
Jun20

transmitir

Cecília

O silêncio era, portanto, uma das maneiras que o avô tinha de nos fazer compreender o que pensava acerca de determinado assunto.

A outra eram os gritos.

Os suspiros também eram uma forma de nos transmitir o que sentia. E uma determinada forma de pigarrear, que se escutava uma vez por outra (...) 

 

Hugo Mezena – Gente Séria (2017)

Planeta Manuscrito (2018)

 

 

24
Mar20

ambos tinham razão

Cecília

 

significava que ambos tinham razão ou achavam que tinham razão, em geral diferentíssima mas igualmente convicta, meu Deus a quantidade de verdades opostas que existem 

 

António Lobo Antunes – A Última Porta Antes da Noite (2018)

Publicações Dom Quixote (2018)

 

 

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05
Out19

patriotismo de bancada

Cecília

Os patriotas são legião quando a pátria não pede que arrisquem o pêlo. 

 

 

Álvaro Guerra – Razões de Coração (1991)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)

 

 

 

 

05
Set19

antes ser-do-contra-a-contranatura

Cecília

«La sort natural d'un homme n'est ni d'être enchaîné, ni d'être égorgé; mais tous les hommes sont faits, comme les animaux et les plantes, pour vivre certain temps, pour produire leur semblables, et pour mourir. - Voltaire»*

* A sorte natural dum homem não é a de ser agrilhoado, nem a de ser degolado; mas todos os homens são feitos, como os animais e as plantas, para viverem um certo tempo, para produzirem os seus semelhantes e para morrerem» (Voltaire, Lettres Philosophiques)

 

 

Álvaro Guerra – Razões de Coração (1991)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)

 

 

 

04
Set19

toque subtil na falha

Cecília

Uma certa atenção treinada pela História poderia discernir neste jovem par (...) o toque subtil da decadência precoce, o drama de uma geração que já não pertence ao passado mas dele traz a herança suficiente para sentir que falhou o futuro. 

 

Álvaro Guerra – Razões de Coração (1991)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)

 

 

 

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