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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Ai Ciro, Ciro [ ou quando o povo gosta de brincar ao ping-pong]

30.05.23

Não invejo um homem que não se define, nem na consciência, nem na experiência. 

 

Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

and so on

13.09.22

Os principais líderes mundiais não vão ser ‘forçados’ a apanhar o autocarro para o funeral da rainha Isabel II na próxima segunda-feira, revelou esta terça-feira o tabloide britânico ‘Daily Mail’ – Joe Biden, Emmanuel Macron e o imperador japonês Nahurito estão entre as personalidades que devem receber isenções por “razões de segurança”. O presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, o presidente italiano Sergio Matarella, Justin Trudeau, do Canadá, e o israelita Isaac Herzog também podem ser isentos.

São esperados representantes de todo o mundo na capital britânica, tratando-se de uma operação de logística complexa para as autoridades que, segundo o jornal norte-americano ‘POLITICO’, e foi pedido aos líderes estrangeiros para utilizarem, “se possível”, voos comerciais, evitando deslocações em aparelhos privados. O uso de helicópteros “deve ser afastado”, assim como a utilização de viaturas pessoais: os dirigentes de todo o mundo devem ser transportados para Westminster em autocarros, de acordo com documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico.

Mas uma fonte do Governo britânico esclareceu a situação ao ‘The Times’, frisando que não seria apropriado pedir aos líderes do G7 que “apanhassem o autocarro”.

in https://multinews.sapo.pt/noticias/alguns-lideres-mundiais-nao-vao-ser-forcados-a-usar-o-autocarro-para-o-funeral-da-rainha-isabel-ii-biden-macron-ou-trudeau-estao-entre-as-excecoes/

 

 

lusotropicalismo

22.06.22

No presente, esta mesma memória de cariz lusotropicalista justifica a negação do racismo e da discriminação na sociedade portuguesa. Crê-se que uma sociedade com uma história de tolerância como a descrita pelo lusotropicalismo não poderá, hoje, ser capaz de discriminação racial. Questionar esta representação da história equivale a questionar uma identidade nacional positiva e por essa via a autoestima coletiva.

 

Jorge Vala  – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

as neutralidades de bom aluno (II)

24.06.21

O seu gesto humanitário servirá para sempre de exemplo de total devoção às causas da liberdade e compreensão entre todas as nações e raças.»

Estas duas cartas foram escritas em 1968, 28 anos depois dos acontecimentos de Bordéus, e portanto, não serviram para a defesa de Aristides no seu processo de outubro de 1940. Mas mesmo que tivessem chegado a tempo de servirem de apoio, o mais provável é que tivessem desaparecido, tal como aconteceu nessa altura a outros documentos favoráveis ao cônsul. Em 1940, Salazar e os seus próximos estavam convencidos de que a "nova ordem mundial" viria do lado do III Reich, e o cônsul de Bordéus teria de ser afastado e severamente castigado, para que aos olhos dos nazis tal punição fosse bem visível. 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

as neutralidades de bom aluno (I)

24.06.21

a sua carta sem resposta dirigida ao Presidente da República. Essa carta, datada de 1 de setembro de 1945, numa altura em que o meu avô já teria tido o primeiro AVC e precisava que alguém lhe escrevesse os textos, foi ditada por ele a Gigi. É uma carta que reflete a situação de desespero em que vivia a família [...] O presidente Carmona, homem de armas e chefe das Forças Armadas portuguesas também teve receio de responder ao cônsul de Bordéus, e , prudentemente, preferiu reenviá-la a Salazar, em cujo "Arquivo Pessoal" foi encontrada pelo biógrafo do meu avô. 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

reboques

14.06.21

A 1 de agosto de 1986, em Washington D.C., a câmara dos representantes do Congresso Federal dos Estados Unidos , dirige uma carta ao Presidente da República Portuguesa, Mário Soares:

«[...] Provavelmente, conhece o caso do Dr. Aristides de Sousa Mendes [...] que salvou 30 mil judeus e outros em 1940 [...] da invasão nazi. Estudiosos do Holocausto consideram-no como um dos maiores humanitaristas desse período negro da história [...] Nós exortamo-lo a reconhecer o gesto do Dr. Sousa Mendes e a honrá-lo de forma apropriada.» [...] A 9 de setembro de 1986, Mário Soares responde aos congressistas norte-americanos [...]: « A vida dramática do Dr. Aristides de Sousa Mendes e a necessidade de lhe fazer justiça pública já há muito tempo que se encontram no centro das minhas preocupações. [...] Assim, tenho o prazer de os informar que em reconhecimento do seu comportamento heroico [...] tenciono conceder-lhe uma alta condecoração portuguesa

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)

 

 

chefes de nação e cíclicas beatitudes

11.05.21

O presidente israelita Ben-Gurion pede ao Yad Vashem (Alta Autoridade para a Shoah) para averiguar o caso e fazer uma recomendação importante, pois já havia iniciativas, vindas de certos sectores, para nomear Salazar e Franco como Justos Entre as Nações. Os processos de averiguação do Yad Vashem, como comentou o embaixador Bessa Lopes no seu estudo, são extremamente rigorosos, e concluíram que, de facto, o "Justo", neste caso, era Aristides de Sousa Mendes. 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

Aristides III

09.06.20

O ano de 1991 é de eleições legislativas em Portugal, e como é habitual os partidos vão para a estrada, percorrer o país em campanha eleitoral. O PSD, liderado pelo então primeiro-ministro, Cavaco Silva, passa por Carregal do Sal, perto de Cabanas de Viriato. Uma senhora amiga da minha tia Joana ("a teimosa") convida-a a passar lá uns dias, de modo a que possa encontrar-se, de passagem, com Cavaco Silva, para o interpelar sobre o 3.º artigo da Lei de Reabilitação de 1988 (a indemnização à família), que continuava por cumprir. Cavaco Silva, amavelmente, respondeu a Joana:« O seu pai era certamente um homem bondoso, mas... desobedeceu, lamento, minha senhora.» O processo não avançou (...)

Em 2005 recebo um convite para ir assistir a uma conferência na Universidade Católica, no Edifício João Paulo II. Era de Otto von Habsburg, que tinha vindo a Lisboa proferir uma conferência sobre o seu falecido pai, o último imperador da Áustria, recentemente beatificado. O auditório estava cheio de gente, e entre eles, em lugar de destaque, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e a mulher. As primeiras palavras de Otto von Habsburg foram para dizer que iria dedicar 15 minutos à memória de Aristides de Sousa Mendes, o homem a quem ele devia a vida e a possibilidade de ali estar naquele dia, graças à sua ação de salvamento em Bordéus, durante a Segunda Guerra, desobedecendo a ordens superiores. 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

Aristides I

09.06.20

Em 1987, o Presidente da República, Mário Soares, é convidado a ir aos Estados Unidos receber um doutoramento honoris causa pela Universidade de Carlton, em Washington D.C. No seguimento desta troca de cartas, o Congressso Federal americano pede-lhe que conceda uma condecoração ao cônsul, e que a entregue à família na embaixada de Portugal nessa cidade. Pedem-lhe a mais alta condecoração portuguesa, e os jornais americanos dão notícia disso. Mário Soares, apesar de ser o chanceler de todas as ordens honoríficas, como Presidente da República, quis consultar o primeiro-ministro de Portugal, que se manifestou contrário à atribuição da mais alta honra ao meu avô. Mário Soares cedeu. O primeiro-ministro português, nessa altura, chamava-se Aníbal Cavaco Silva (...)

A grande homenagem civil teve o seu ponto alto no Tivoli, em Lisboa. O presidente Mário Soares, desta vez, decidiu não consultar o primeiro-ministro Cavaco Silva, como contou, e surpreeendeu todos quando chamou o filho mais novo de Aristides, John Paul Abranches, e tirou do bolso do casaco uma caixa vermelha contendo a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, o grau mais alto, atribuindo-a postumamente ao cônsul de Bordéus. 

O escultor João Cutileiro concebeu uma medalha de bronze a evocar o desespero e o isolamento deste cônsul desobediente que se sentiu abandonado e expulso da sociedade por ter reagido contra a violência, e atuado em prol dos direitos humanos. Na medalha, além do nome, apenas se consegue ver um «homenzinho» no meio de um deserto de desumanidade. Esta medalha pode ser admirada na estação Parque do Metro de Lisboa, numa coluna junto à bilheteira. 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

knickknack

03.09.19

No passado dia 19 de Agosto, o Presidente da República, depois de ter dado luz verde às alterações a diversos códigos fiscais uns dias antes, promulgou o chamado pacote laboral que introduz diversas alterações no Código do Trabalho. Em causa, estão 3 mudanças fundamentais: regras dos contratos a prazo, período experimental e bancos de horas.

 

Bancos individuais e grupais

 

A principal novidade consiste numa reviravolta relativamente aos bancos de horas individuais: conforme referimos em Abril de 2018, o Governo tinha previsto a sua extinção imediata. Contudo, na redacção final, aqueles que já foram acordados ainda se mantêm em vigor por mais um ano. Para além disso, o último artigo da lei permite a criação de novos bancos de horas individuais durante algum tempo.

 

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