- Não te tornaste puritana com o luto, pois não? - perguntou-me. Wray Delaney - Memórias de Uma Cortesã (2016) Quinta Essência, Oficina do Livro (2017) Erotic painting on the wall of the "Cook Chamber" of the Vetii's House, on of the richest of the city. Access of this room was forbidden for women until the seventies. in http://www.stephanecompoint.com/41,,,11027,en_US.html
O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.
E para repousar do amor, vamos à cama
O CHÃO É CAMA PARA O AMOR URGENTE”, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Volto a ser uma dama instada ao amor
às solicitações e aos rigores vibráteis do corpo
e mais, muito mais, à respiração ondulatória
porque eu sou da terra o sismo e o fulgor
só pelo negrume de meu amado respondo.
Entristecem-me as promessas mínimas do ventre aberto
por força do pouco e do muito ele querer
a paz do coágulo, a dor, o espasmo e o rubi
ai tudo posso dar-lhe, ao meu adepto, ruína das lutas,
o soma, o sarcófago e até o ser eterno dentro de mim.
Pau (...)
Um dos mais infames costumes observados na Prisão de Fleet, nos séculos dezassete e dezoito, era a celebração de cerimónias de casamento por clérigos desonestos e dissolutos. Estes funcionários, na sua maioria presos por motivo de dívidas, insultavam a dignidade da sua sagrada profissão ao casarem nas instalações da Prisão de Fleet, a qualquer instante, quaisquer pessoas que se apresentassem perante si para esse propósito. Não eram feitas perguntas, como não se impunham (...)
E de novo a armadilha dos abraços. E de novo o enredo das delícias. O rouco da garganta, os pés descalços a pele alucinada de carícias. As preces, os segredos, as risadas no altar esplendoroso das ofertas. De novo beijo a beijo as madrugadas de novo seio a seio as descobertas. Alcandorada no teu corpo imenso teço um colar de gritos e silêncios a ecoar no som dos precipícios. E tudo o que me dás eu te devolvo. E fazemos de novo, sempre novo o amor total dos deuses e (...)
Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, em fim, de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a compromete. Duvide do controle que a miséria, ansiedade, egoísmo, intolerância e irritabilidade exercem sobre você. Use a dúvida como ferramenta para fazer uma higiene no delicado palco da sua mente com o mesmo empenho com que você faz higiene bucal.
Augusto Cury
A satisfação de uma paixão absolutamente pessoal é embriaguez ou prazer: não é felicidade.
A felicidade é algo duradouro e indestrutível; caso contrário, não seria felicidade. A queles que gostariam de perpetuar a embriaguez e de incluir nela a felicidade, andam atrás do impossível.
George Sand – Diário Íntimo
Antígona (2004)
Já notei que a maior parte dos homens se sente açulada e indignada quando, em pleno combate moral, recorremos à ternura e ao afecto. É vê-los feras amansadas e apanhadas de surpresa assim que recorremos à violência ou à dureza (...) Realidade estranha e deplorável, pois, em muitos casos, é igualmente aplicável à amizade (...) Quando não é refreado nem reprimido, o homem aproveita imediatamente para cometer abusos. Despreza quem o receia e maltrata quem o ama; receia quem o (...)
Na sua tocante alocução aos noivos, o sacerdote recomendou-lhe que usassem com moderação os gozos do matrimónio, ameaçando-os com os tormentos do inferno e salientando que viemos a este mundo para sofrer e não para fazer dele uma pocilga de prazeres e de vícios. Com isto, ao que supomos, tentava sufocar a inveja que lhe fazia aquele pedaço de noiva e vingar-se um pouco da sua condição de celibatário. Vilhena – Branca de Neve e os 700 anões (1962) Edição (...)
Para esta mulher (...) ler significa despir-se de todas as intenções e de todos os preconceitos, para ficar pronta a acolher uma voz que se faz ouvir quando menos se espera, uma voz que não se sabe donde vem, de um lugar qualquer para além do livro, para além do autor, para além das convenções da escrita: do não dito, do que o mundo ainda não disse de si e ainda não tem palavras para dizer. Italo Calvino – Se Numa Noite de Inverno Um Viajante (1979) Coleção Mil (...)