sabedoria [de sonhar]
«O homem que sonha é um deus, o que pensa é um mendigo.» Holderlin [...]
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
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«O homem que sonha é um deus, o que pensa é um mendigo.» Holderlin [...]
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
[...] ficaram assim pouco informados, o que quer dizer: ficaram aptos a desenvolver uma intriga.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Não sei que estranho desvario de cabeça se apoderara daquele homem, porque de repente tive a sensação de ir enfrentar um assassino. Envelhecera muito, perdera certamente as forças do macho, mas transformara-se num homem histérico e insuportável.
João de Melo – Gente Feliz Com Lágrimas (1988)
Colecção Mil Folhas / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Pelas contas dos meus entrevistados, o número de pessoal colocado nos serviços de saúde caiu a pique ao longo dos últimos anos. «Há dias estive a remexer uns papéis que tinha guardado, uns folhetos que se distribuíam à população.» É daí que vêm alguns dados lançados para a mesa por João. «Sabe quantos médicos estavam colocados no Centro de Saúde do Algueirão em 2002? Trinta e um. Sabe quantos é que há agora? Onze.» Em relação ao número de administrativos, há cerca de década e meia, havia dois a três elementos por piso a dar apoio aos consultórios (o centro de saúde funciona num antigo prédio de habitação com seis andares). Atualmente, o atendimento é feito exclusivamente no rés-do-chão do edifício, com três ou quatro elementos ao todo. «Havia tanta gente em cada um dos pisos como agora há na totalidade. Não dá para prestar um bom serviço. Já para nem falar no desgaste de quem passa o dia a atender [...] A qualidade do serviço é tão parca e insatisfatória, o número de pessoas em espera nas salas é tão elevado, que qualquer movimento por parte dos funcionários dá azo a burburinho na sala. «Se alguém se levanta para arrumar um papel, há logo quem mande a boca: "Olha, aquela já vai passear", garante Lurdes, que acha que o estado actual das coisas não serve a ninguém, nem a quem precisa dos cuidados de saúde nem a quem trabalha nos respectivos centros. Mais: com a contenção das contratações, proliferam os outsourcings, os recibos verdes, as pessoas trazidas pelas empresas de trabalho temporário, que nem sequer têm acesso a formação e que são imediatamente colocadas a atender ao público. "Olha, aprendes com o do lado", é isso que lhes dizem. Eles não têm culpa, é preciso tempo para ganhar experiência no atendimento, e isto também é sinal de degradação, no fundo são jogados aos lobos e cada um que se desenrasque.»
Se não houver uma estrutura bem organizada, com meios disponíveis e vontade de fazer a diferença, não pode haver um bom atendimento [...] «Não estou a falar de mais dinheiro para nós, estou a falar de mais pessoal, de apoio por parte dos directores, de quem estava acima de nós. Tivemos um director que nos ajudou a fazer umas obras no centro de saúde ao fim-de-semana, mudar balcões, partir uma parede... Éramos nós que as fazíamos ao fim-de-semana, sim, a gente gostava de melhorar as coisas, avançávamos as coisas por nós, não ficávamos à espera. E nessa ocasião tivemos esse director que deu uma ajuda nas obras e até participou nas limpezas. Sentíamos que tínhamos apoio. Estou a falar de 91/92. Depois, tudo isso acabou. »
Pedro Vieira – Em que posso ser útil? (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Pedro Vieira (2021)
Não consigo flutuar com suavidade nem misturar-me com os outros. Prefiro o olhar dos pastores que encontro no caminho; o olhar das ciganas que alimentam os filhos ao lado das carroças
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Constatei o facto até mesmo em plena angústia, quando, torcendo o lenço entre as mãos, a Susan gritou: "Amo, odeio". Pensei: " Há uma criatura inútil a rir no sótão", e este pequeno exemplo serve para mostrar o modo incompleto como mergulhamos nas nossas próprias experiências.
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
March 15 marks 11 years since the eruption of peaceful protests against the Assad regime in Syria.
The pro-democracy demonstrations demanding change were violently suppressed, leading to a civil war that has cost the lives of hundreds of thousands and torn the country to shreds.
More than a decade later, a brighter future is still far on the horizon for the Syrian people.
in https://www.youtube.com/c/trtworld/community
No passado, todos sabemos, a superioridade do branco justificou a escravatura e o colonialismo e, ao mesmo tempo, a sua missão redentora de povos inferiores. Exemplares desses povos eram exibidos nos finais do século XIX e ainda no século XX em feiras e exposições, verdadeiros «Zoos Humanos», que tinham lugar nos países europeus. Essas exposições eram motivo de diversão e, ao mesmo tempo, motivo de demonstração da superioridade da civilização ocidental.
Jorge Vala – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)
A reclamação, curiosamente (e premonitoriamente), é datada de 10 de dezembro de 1945 (exatamente um ano antes da Declaração Universal dos Direitos do Homem), e é dirigida ao presidente da Assembleia Nacional, nessa altura o Dr. Albino dos Reis.
Na reclamação, Aristides começa por relembrar a situação vivida em Bordéus em maio/junho de 1940, e a proibição recebida por parte do governo português de conceder vistos aos israelitas (de acordo com a Circular 14). Diz ele que não devia obedecer àquela proibição por a considerar inconstitucional em virtude do artigo 3.º da Constituição, que garante liberdade e inviolabilidade de crenças, não permitindo que ninguém seja perseguido por causa delas, nem obrigado a responder acerca da religião que professa. Acrescenta ainda que se não obedeceu, não fez mais do que resistir, nos termos do n.º 18 do artigo 8.º da Constituição, a uma ordem que infrigia manifestamente as garantias individuais, não legalmente suspensas nessa ocasião (artigo 8.º n.º 19).
Mais adiante, pede à Assembleia para declarar nula a pena que lhe foi imposta por Salazar, exigindo a respetiva responsabilidade àquele ou àqueles funcionários que, dando-lhe a referida ordem, «atentaram contra a Constituição e o regime estabelecido (artigo 115.º, n.º 2). Para terminar, Aristides escreve que «a Assembleia Nacional deve pôr termo ao absurdo de ele ter sido severamente punido por factos pelos quais a administração [Salazar] tem sido elogiada em Portugal e no estrangeiro, manifestamente por engano [...] Em resumo, a atitude do governo Português foi inconstitucional, antineutral e contrária aos sentimentos de humanidade e, portanto, insofismavelmente "contra a Nação".»
Mais uma vez, Aristides fica à espera... Mas quem é que na Assembleia Nacional, formada unicamente por elementos da União Nacional, tinha coragem de reagir? Ninguém, certamente, sobretudo, porque o senhor presidente da Assembleia Nacional não terá dado autorização para que esse reclamação fosse entregue aos senhores deputados.
E o que faz Aristides? Decide escrever uma carta a cada um dos 120 deputados, para ter a certeza de que a vão receber, e vai entregá-la em mão à porta da Assembleia
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
Perceber os «outros» como menos humanos, permite à maioria recusar-lhes atenção e invisibilizar o seu sofrimento, tornando a sua discriminação mais provável. Em nome dos «nossos», a rejeição de outros povos e a sua inferiorização têm-se registado na história das sociedades, baseadas em motivos económicos ou políticos, em diferenças salientadas nas características físicas, nas crenças, nos comportamentos, nos modos de vida, nos costumes e na religião. Neste sentido, pode dizer-se que existiu um «protorracismo» antes da teorização da ideia de raça e da sua fundamentação biológica, como viria a acontecer no século XIX. O racismo cultural com que nos confrontamos hoje é um prolongamento do racismo biológico sistematizado no século XIX e envolve os mesmos princípios, como a ideia de essência e a ideia da hierarquia e dominação [...] Recentemente, a Comissão Europeia criou uma Missão para «a defesa do modo de vida europeu», um suposto credo europeu. Esta Missão tanto pode, segundo uns, responder aos apelos daqueles que olham para as migrações e os refugiados com as lentes do racismo biológico ou cultural, vendo neles uma ameaça «ao modo de vida europeu», como pode, segundo outros, promover os «direitos humanos, a liberdade, a democracia, a igualdade e o Estado de direito». Um terreno ambíguo, portanto. Um terreno tão ambíguo, que a Missão passou a designar-se «promoção do estilo de vida europeu», sinal de uma perspectiva assimilacionista que não anula o problema de fundo.
Até agora, contudo, a maioria dos Europeus tem resistido ao racismo e à sua mutação para uma base cultural [...] A sobrevivência desta norma e a sua evolução para uma norma pró-igualitária dependerá da reflexibilidade coletiva sobre os fundamentos da democracia.
Jorge Vala – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)
Em 1940, Portugal contava com pouco mais de oito milhões de habitantes. Era uma sociedade muito rural, muito fechada, com muita pobreza. As pessoas conheciam, ou "reconheciam", quais eram as «boas famílias» e quais eram as famílias " a evitar". A nossa passou a ser reconhecida como fazendo parte dessa última categoria por razões políticas
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
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