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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

cordas tectónicas

17.10.23

Guerra do Yom Kippur [...], também conhecida como Guerra Árabe-Israelense de 1973, Guerra de Outubro, Guerra do Ramadão ou ainda Quarta guerra Árabe-Israelense, foi um conflito militar ocorrido de 6 de outubro a 26 de outubro de 1973, entre uma coalizão de estados árabes, liderada por Egito e Síria, contra Israel. O episódio começou com um ataque do Egito e da Síria.

Planejado para o dia do feriado judaico Yom Kippur, forças do Egito e Síria cruzaram, respectivamente, as linhas de cessar-fogo no Sinai e nas colinas do Golã, territórios que haviam sido capturadas por Israel, em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.

[...]

A guerra teve implicações profundas para muitas nações. O Mundo Árabe, que havia sido humilhado pela derrota desproporcional da aliança egípcio-sírio-jordaniana durante a Guerra dos Seis Dias, se sentiu psicologicamente vingado por seu momento de vitórias no início do conflito, apesar do resultado final. Esse sentimento de vingança pavimentou o caminho para o processo de paz que se seguiu, assim como liberalizações como a política de infitah do Egito. Os Acordos de Camp David, em 1978, levaram a relações normalizadas entre Egito e Israel - a primeira vez que um país árabe reconheceu o Estado israelense. O Egito, que já vinha se afastando da União Soviética, então deixou a esfera de influência soviética completamente.

Uma das consequências desta guerra foi a crise do petróleo, já que os estados árabes, membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) boicotaram os Estados Unidos e os países europeus que apoiavam a sobrevivência de Israel. Se a curto prazo a medida agravou a crise econômica mundial, a longo prazo a comunidade internacional aprendeu a usar fontes alternativas de energia, e inclusive outras áreas do planeta começaram a aumentar a exploração de petróleo, como foi o caso da região do mar do Norte, na Europa, do Alasca, nos Estados Unidos, da Venezuela, do México, da África do Sul, da União Soviética e, também no Brasil.

in https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Yom_Kippur

 

créditos: https://twitter.com/Hedgeye/status/1202690116399108097?lang=ar-x-fm

 

e via o rosto dos enforcados, um por um, com os imensos olhos abertos, a lhe devolverem intacta e acusadora toda a angústia do seu fim. 

 

José Eduardo Agualusa – A Conjura (1989)

Quetzal Editores (2017)

 

essência

24.05.23

And it came to him then that it should never be taken lightly, the essential loneliness of people, that the choices they made to keep themselves from that gaping darkness were choices that required respect 

 

Elizabeth Strout – Olive, Again (2019)
Penguin Random House UK (2019)

 

 

going with the flow

08.06.22

... comprei um bilhete para Roma com a compostura característica das figuras mecânicas.

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

quebra verniz(es)

18.03.22

... por entre as algas, vejo a inveja, o ciúme, o ódio e o desprezo rastejarem como caranguejos por sobre a areia. 

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

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plasticinas

23.02.22

Vamos voltar a fingir que a vida é uma substância sólida, com a forma de um globo, e que a podemos fazer girar por entre os dedos. Vamos fingir ser capazes de elaborar uma história simples e lógica, de forma a que, uma vez encerrado um assunto - por exemplo, o amor - possamos avançar de forma ordenada para o ponto seguinte.

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

uma questão de ego

09.06.21

Que mais podemos esperar encontrar neste romance? Um trabalhador em conflito constante com os seus patrões. Um pobre homem que procura incessantemente o consolo na bebida, que precisa de um emprego mas que foge dele. Um homem mais inteligente e sensível do que aqueles que olham para ele de cima [...]

Alguém disposto a travar uma batalha perdida contra as autoridades, na defesa dos seus direitos, da sua honra e do que resta da sua dignidade. Um homem que anseia por uma vida mais simples, mais confortável, mais bela, mas que rapidamente parece destruir todas estas possibilidades. Um aspirante a escritor que carrega a sua cruz com outros bons homens no local de trabalho, homens com os seus próprios sonhos impossíveis e quixotescos [...]

 

Charles Bukowski – Correios (1971)

Antígona (2015)

 

 

bodes, segredos e planos

17.05.21

Hoje, estes documentos são conhecidos e incontornáveis em qualquer trabalho sobre Aristides de Sousa Mendes, tal como o testemunho do rabino Kruger e vários outros, que confirmam a bondade do gesto do meu avô em Bordéus. Para mim, é díficil entender como é que um doutoramento da Universidade de Coimbra, em 2013, ignora totalmente tais testemunhos, e até sugere que o processo contra Aristides, em 1940, foi uma «mentira arranjada pelo regime de Salazar para desviar de si as atenções e proteger um certo secret d'état». Aristides de Sousa Mendes - o mau funcionário, dizem "eles" - serve apenas de bode expiatório para esconder algo de muito superior que estaria a ser projetado por Salazar e pelos seus próximos (a tese de que Salazar, no fundo, era um "humanitário escondido"). Ao que parece, o meu avô ter-lhes-á estragado os planos... 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

aqui, esperando o lá

16.05.21

O simples

estar aqui

deixa livre a ausência.

A presença confunde-se com o vazio exacto. 

 

António Ramos Rosa in MEDIADORA DA PRESENÇA - Obra Poética I

Assírio & Alvim (2018)

 

 

 

lutas (citadinas)

26.04.21

À época, o problema habitacional na Holanda assumira proporções de crise, com a incapacidade de resposta por parte da construção civil para resolver o alojamento dos retornados holandeses do Suriname - independente a partir de 1975 - e dos trabalhadores estrangeiros que, ao fim de alguns anos no país obtiveram autorização para mandar vir os seus familiares. Assim, a luta dos krakers teve, desde o início, a simpatia geral dos holandeses, muito embora nem sempre os seus métodos tivessem sido unanimemente apoiados...

Quando foram anunciados planos para demolir a maior parte das casas do bairro de Nieuwmarkt, a fim de se expandir a linha de metropolitano, explodiu uma contestação violenta por parte dos krakers secundados por residentes locais. Associados a outros movimentos, como os provos, os seus porta-vozes ameaçaram lançar LSD nas condutas de abastecimento público de água. E dado que estavam a desenrolar-se os preparativos para a boda da princesa herdeira Beatriz com o príncipe Claus von Amsberg, antigo diplomata alemão, ameaçaram também vir a boicotar os festejos do casamento, soltando ratinhos nas ruas à passagem do cortejo nupcial. Os jovens contestatários do mundo inteiro riram a bandeiras despregadas a imaginar cavalos à desfilada a atirar os ilustres ocupantes das carruagens, príncipes, princesas, presidentes da república, para os canais, perante uma população involuntariamente alucinada por via da água pública. Por fim, a cidade acabou por contemporizar com os movimentos radicais. Não houve ratinhos no casamento de Beatriz e Claus, nem alucinogénios na água canalizada. Os velhos edifícios salvaram-se, e o traçado do metropolitano foi alterado, muito embora a linha Stopera (da Câmara à Opera) tivesse sido construída 1

 

1 Os krakers vieram a conseguir apoio no próprio Parlamento, e por volta de 1980 foi implantada uma nova política de arrendamento. Amesterdão não tem casas desocupadas nem degradadas. 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018) 

 

 

fim flash

15.03.21

Ele já com a marca da queimadura, a gritar [...] O Gonçalo vem na minha direcção e eu pergunto-lhe: " Ó Gonçalo, o que é que vos aconteceu?" Ele olha para mim e aquele olhar disse-me tudo. Não me deu uma palavra, mas o olhar disse-me tudo. Não me deu uma palavra, mas o olhar disse-me tudo. Corro para a ambulância e é onde o vejo a ele, todo encharcadinho de água. A cara dele era uma bolha só. Uma coisa horrível. Estava deitado sobre o lado esquerdo, com as mãos traçadas e a pele toda pendurada. Foi daqueles momentos que nos passa a vida em flash [...]

Ajoelhada junto ao marido, ele pede-lhe que olhe por um irmão, deficiente, que vive com a família. «Ele disse-me, muito baixinho: "Olha pelo Chico, que eu não volto mais a casa."

 

Patrícia Carvalho – Ainda aqui estou (2018)

Fundação Francisco Manuel dos Santos e Patrícia Carvalho (2018)