as associadas do bem
«Há um olho em cada pedra
Uma pedra em cada olhar
Um pedreiro à tua espreita
Que te há de apedrejar»
José Eduardo Agualusa – A Conjura (1989)
Quetzal Editores (2017)
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«Há um olho em cada pedra
Uma pedra em cada olhar
Um pedreiro à tua espreita
Que te há de apedrejar»
José Eduardo Agualusa – A Conjura (1989)
Quetzal Editores (2017)
Ele diz:
- O Sol está a passar ao nível do mar.
Surgiu uma mancha de sol na parte de baixo da parede do quarto, vem da porta de entrada, é do tamanho da mão, treme sobre a pedra da parede. O seu desaparecimento é brutal, é arrancada da parede à sua própria velocidade, que é a da luz. Ele diz:
- O Sol passou, veio e seguiu como nas prisões.
Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Coucher du soleil impressionniste
O sol é uma noite suave
[...]
Reconheço um caminho entre dois reinos.
[...]
Ser sem qualidades,
consciência sem palavras.
Paciência na cor e na pedra
do ser. O esplendor dos sulcos brancos.
Abóbada de ausência, círculo do universo.
O que permanece ondula entre o verde e o vento.
António Ramos Rosa in MEDIADORA DA AUSÊNCIA - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
Se não houvesse o cansaço
das pedras
que não são pedras
que são apenas cansaço sem nenhuma pedra
[...]
Farei o que puder
com a palavra pedra
quer tenha a pedra ou não
[...]
Saio do buraco
vou ao teu encontro
com a minha pedra
É uma pedra mesmo?
Inventada ou não
inventada e não
é a minha pedra
e por isso dou-ta
com o calor da mão
[...]
A pedra que encontrei
quando ta quis dar
quando te encontrei
António Ramos Rosa in A MINHA PEDRA PARA JOSÉ GOMES FERREIRA - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
É pesada a pedra desta vida
que a morte enterra a cada passo
mas quem vive a luz da nova vida
senão a palavra que levanta a pedra
António Ramos Rosa in À MEMÓRIA DE VÍTOR MATOS E SÁ - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
o meu pai morrera há uns meses na explosão da pedreira, não sobrou muita coisa mas o que sobrou num caixão decente, com o fato do cunhado porque não se chega ao Paraíso de capacete e mangas arregaçadas
António Lobo Antunes – A Última Porta Antes da Noite (2018)
Publicações Dom Quixote (2018)
Derrocada nas pedreiras de Borba - 19 de novembro de 2018
Se os outros não existissem, eu seria completamente feliz - feliz como uma pedra com olhos
George Sand – Diário Íntimo
Antígona (2004)
PASSAGEM DOS OLHOS - PEDRA DA GÁVEA
Armando Bogus, ator. Da escola dos antigalãs, a mesma de seu colega Lima Duarte, Bogus fez uma carreira amparada em tipos comuns, brasileiros. O dramaturgo alemão Bertold Brecht acreditava que a arte de interpretar é a arte de observar, Bogus gostava de citar Brecht. Acima de tudo, gostava de segui-lo (...) Desde os tempos da ditadura, por causa da militância política, aprendi a observar os outros e a mim mesmo.
Expulso de dois colégios de São Paulo, na década de 50, por militar em grupos de esquerda, Bogus gostava de desafios. Entrou para o teatro já com a incumbência de inaugurar nos palcos a peça O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, no final da década de 50. Fundou, com Antunes Filho e Felipe Carone, o Pequeno Teatro de Comédias, PTC, enquanto encenava peças brasileiras na TV Excelsior. Depois que passou a atuar na Globo, onde fez mais de dez novelas e minisséries, encenou ainda várias peças no teatro, entre elas a comédia Bonifácio Bilhões, que ficou sete anos em cena. Como poucos, soube equilibrar palco e câmaras. Nunca precisou dizer que fazia novelas porque precisava sobreviver. Bogus gostava de TV. Eu sou fascinado pelos dois, declarava.(...) Na pele de (...) o cínico Cândido Alegria, de Pedra sobre Pedra (...) dos personagens mais populares da televisão. Me inspirei no Fradinho de Henfil e no padrão clássico do político mineiro para fazer o Cândido Alegria, explicou o ator.
Deu certo. O político matreiro que percorreu a novela Pedra sobre Pedra como o algoz dos protagonistas era, como Fradinho, apaixonado por suas maldades. Como um político mineiro, um mestre das articulações ardilosas. Para desenhar seus personagens, Bogus levava-os perigosamente perto dos tiques estereotipados sem jamais cair na armadilha que devora tantos atores. Há um limite muito perigoso na procura do tipo brasileiro, reconhecia o ator. Se me perguntar qual é o caráter do brasileiro, diria que é um cara que gosta dos Beatles, mas sem exagero. Para estereotipar menos, prefiro usar a intuição.
Em tempo: Armando Bogus, um brasileiro, gostava dos Beatles. Mas preferia Pery Ribeiro.
in http://www.oexplorador.com.br/armando-bogus-ator-da-escola-dos-antigalas-um-mestre-dos-tipos-comuns/
Armando Bogus
(19 de abril, 1930 — 2 de maio, 1993)
Regra do Jogo
Sá & Guarabira
Novela: Pedra sobre Pedra
Personagem: Cândido Alegria
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