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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

22
Mar22

cassetes [que funcionavam]

Cecília

Em meados dos anos de 1990, quando era estudante e frequentava en passant as já referidas cadeiras de Marketing, costumava arriscar uma imitação tosca das intervenções sibilantes de Carlos Carvalhas, então secretário-geral do Partido Comunista Português, martelando as mesmas teclas que o Comité Central gostava de tocar à época: «O Governo destruiu o aparelho produtivo nacional, sacrificou a nossa agricultura, as nossas pescas e os mais importantes sectores industriais, tudo isto num cenário de dificuldades para os portugueses; eis-nos então perante um ministro das Finanças feito mestre-escola comunitário, a quem cabe distribuir o cacete, reservando a cenoura para o primeiro-ministro». Em suma, os critérios de Maastricht e as decisões políticas condenaram-nos a ser um país servil, de empregados de mesa, com um paninho de loiça pendurado no braço [...] (já a referência explícita ao cacete está documentada nas actas da Assembleia da República de 13 de Fevereiro de 1992), mas, enfim, percebe-se a ideia. Nessa altura, o país dava mesmo os primeiros passos em direcção a uma terciarização acelerada. 

 

Pedro Vieira – Em que posso ser útil? (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos e Pedro Vieira (2021)

 

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in https://m.facebook.com/umempregadodemesatambemchora/

 

25
Nov20

pão e água eternos

Cecília

Não tenho a pretensão de entender os fingimentos dos cavalheiros [...]

- Nós não fingimos, Roz. Somos honrados e cívicos em todas as ocasiões. Somos cavalheiros.

Eram um bando de hipócritas, que afirmavam honrar as mulheres mas passavam metade da noite com prostitutas, que censuravam a morte de algum limpa-chaminés nos seus clubes - os limpa-chaminés encontravam constantemente mortes horríveis, tantas eram as chaminés de Londres - mas não faziam nada para alterar as leis que afetavam os pobres desgraçados. 

 

Grace Burrowes – Coração Ardente (2017)

Quinta Essência (2019)

 

 

30
Jun17

portugal fica para depois e os portugueses também

Cecília

 

Foste de verdade, não de feito, a voz de Portugal. 

(...)

A Portugal, a voz vem-lhe sempre depois da idade 

e tu quiseste acertar-lhe a voz com a idade

e aqui erraste tu,

não a tua voz de Portugal

não a idade que já era hoje. 

(...)

Tu levaste empunhada no teu sonho a bandeira de Portugal

vertical

sem pender pra nenhum lado 

o que não é dado pra portugueses.

Ninguém viu em ti, Fernando,

senão a pessoa que leva uma bandeira

e sem a justificação de ter havido festa. 

Nesta nossa querida terra onde ninguém a ninguém admira

e todos a determinados idolatram.

Foi substituído Portugal pelo nacionalismo 

que é maneira de acabar com partidos 

e de ficar talvez o partido de Portugal

mas não ainda apenas Portugal!

Portugal fica para depois

e os portugueses também 

como tu. 

 

José de Almada Negreiros, ODE A FERNANDO PESSOA
Poemas Escolhidos José de Almada Negreiros - Assírio & Alvim | Porto Editora 2016

 

 

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