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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

30
Jun22

responsabiliza-te

Cecília

Está numa ira que ele não conhece, surda, má. Diz:

- Pretende dispor da ideia de Deus como se essa ideia fosse uma mercadoria, espalhá-la por toda a parte, gritante e velha, como se Deus precisasse de si para alguma coisa [...]

Ela continua: Quando chora, chora por não impor Deus. Por não poder roubar Deus e dispensá-lo.

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

21
Abr22

capacidades

Cecília

Há pessoas assim, fechadas, que não podem aprender nada com ninguém [...] Como as mulas.

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

13
Abr22

paz a medo

Cecília

Estaria relacionada com a emoção que por vezes se sente quando se reconhece aquilo que ainda não se conhece [...]

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

28
Mar22

bate com palavras (dizem os amantes da paz)

Cecília

Ela diz que não, que lhes é impossível saber o que se passou, que eles eram como nos crimes as testemunhas que se esqueceram de olhar. 

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

26
Mar22

every single day

Cecília

A arbitrariedade da ideia de raça e do seu uso pode ser bem compreendida através de uma intervenção pedagógica de uma professora americana do ensino básico preocupada em fazer entender aos seus alunos o racismo e a discriminação. Um dia, Jane Elliot informou as crianças suas alunas de que havia grandes diferenças entre as crianças com olhos castanhos e aquelas que tinham olhos azuis. As de olhos azuis seriam mais trabalhadoras, mais inteligentes e melhores pessoas do que as crianças que tinham olhos castanhos. Jane Elliot deu aos alunos vários exemplos disto mesmo e conseguiu criar um sentimento de orgulho e satisfação nas crianças de olhos azuis e de abatimento e raiva nas de olhos castanhos. Ao mesmo tempo, nos membros de cada grupo emergiu um sentimento de destino comum: somos um grupo superior ou, no outro caso, um grupo inferior. A situação foi vivida como verdadeiramente dramática por uns e gloriosa por outros. No dia seguinte, porém, a professora disse às mesmas crianças que se havia enganado. Afinal, os melhores eram os de olhos castanhos. As reações emocionais não se fizeram esperar, os satisfeitos de ontem eram os infelizes de hoje. Após um tempo para que a nova hierarquia produzisse os seus efeitos, a professora interrompeu a atividade das crianças, chamou-as para junto de si e ajudou-as a refletir sobre o que se passou: sobre a ideia de raça, a arbitrariedade, a opressão e o que significava ser uma criança negra. Vinte anos depois, os adultos que eram estas crianças ainda recordavam a situação, as experiências vividas e o impacto que tiveram nas suas vidas. 

 

Jorge Vala  – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

25
Mar22

as tuas cores, as minhas cores (e as nossas?)

Cecília

Pergunta-lhe qual devia ser a cor do mar. Ela diz que o mar fica com a cor do céu - que se trata menos de uma cor do que do estado da luz. 

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

OMBRES ET LUMIÈRES

Christian Biard

 

21
Mar22

tais-toi, je te dirai que je t'aime

Cecília

Ele volta ao quarto. Ela estava ali, por trás da espessura das paredes. Ele quase se esquece da sua existência sempre que volta do mar [...] 

Talvez ela não durma. Ele não quer acordá-la, força-se a não o fazer, olha-a. O rosto está abrigado, debaixo da seda preta. Só o corpo nu está na luz amarela, mártir.

[...] perto daquela hora, com a vinda do dia vem a infelicidade [...]

Ele aproxima-se dela, olha para o lugar da frase que faria com que ele a matasse, ali, na base do pescoço, nas redes do coração [...]

Ela manifestamente não viu o barco. Não ouviu o seu barulho. Ignora tudo sobre o barco porque simplesmente dormia quando o barco passou. Tanta inocência faz com que ele lhe pegue na mão e a beije.

Ela ignora que passou a ser aquela que não sabe [...]

 

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

18
Mar22

les mains liées de soie

Cecília

Ela diz que é o contrário, que ela não pode esquecê-lo. Que a partir do momento em que não se passa nada entre eles, fica a memória infernal daquilo que não acontece.

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

18
Mar22

Qu'à t-on fait de la vérité?

Cecília

Não faz nada. É uma pessoa que não faz nada e a quem esse estado de não fazer nada ocupa a totalidade do tempo.

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

Plus j'avance et plus je sais
Que t'es là, toi mon ego
Faut que je m'en aille
Je sais que je déraille
Aujourd'hui je t'écris
Je brûle tout ce que tu me dis, maudit
Vomis tout ce qui brille
La guerre s'en suit
On est loin, on est loin
Du jardin d'Eden
Éternelle réalité
Libérez, libérons, nous de nous-même
Qu'à t-on fait de la vérité?
Brisez les, brisez les, brisez toutes les haines
Dévoilez, n'affrontez que moi
Le seul combat
Auquel je crois
C'est contre moi, moi, moi, moi, moi
Libère ton esprit
Ecoute chanter le monde
Pourquoi passer sa vie
À courir après une ombre?
Juste une pâle copie
Une voix qui t'entraîne
Et petit à petit
Elle prend ton oxygène
We are the war
The war en nous même
J'veux voir
J'veux voir
J'veux voir la lumière
Libère toi
C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é
L'ego, l'ego, l'ego, l'ego
C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é
L'ego, l'ego, l'ego, l'ego
C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é
L'ego, l'ego, l'ego, l'ego
C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é
L'ego, l'ego, l'ego
On est loin, on est loin
Du jardin d'Eden
Entre joie et fatalité
Libérez, libérons, nous de nous-même
Pourquoi souffrir lorsqu'on peut s'aimer?
Brisez les, brisez les, brisez toutes les chaînes
Dévoilez, être que soi
Le seul combat
Auquel je crois
C'est contre moi, moi, moi, moi, moi
Libère ton esprit
Ecoute chanter le monde
Pourquoi passer sa vie
À courir après une ombre?
Juste une pâle copie
Une voix qui t'entraîne
Et petit à petit
Elle prend ton oxygène
We are
The war
The war en nous même
J'veux voir
J'veux voir
J'veux voir la lumière
Libère toi
C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é
L'ego, l'ego, l'ego, l'ego
C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é
L'ego, l'ego, l'ego, l'ego
C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é
L'ego, l'ego, l'ego, l'ego
C'est l'é, c'est l'é, c'est l'é, c'est l'é
L'ego, l'ego, l'ego, l'ego
Libère toi

 

17
Mar22

ma confiance et mon cœur

Cecília

Juntos, calam-se como às vezes fazem, durante muito tempo.

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

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