Mas o tempo passa. Tomé já sabe andar de novo. Consegue dobrar os dedos das mãos. Filipa chora de dores na fisioterapia, mas não desiste e insiste tanto quanto lhe dizem para insistir, para recuperar o mais rápido possível. Em Abril de 2018, os dois ainda não tinham concluído o processo que lhes permitirá receber uma indemnização, mas Tomé encara os 15 mil euros que lhs deverão estar destinados com desânimo. «As indemnizações deviam começar pelos feridos, que estão cá a lutar, que vão ficar com marcas para toda a vida, mas começaram pelos mortos«, diz.
Há alguma amargura nas palavras dos dois. Mas também ironia, quando falam daqueles que dizem «ter-se aproveitado» do incêndio. Dão como exemplo um conhecido que recebeu uma indemnização por um veículo que, supostamente, ardeu no incêndio, quando de facto o carro já só era uma carcaça inútil parada na propriedade do dono há anos.
Patrícia Carvalho – Ainda aqui estou (2018)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Patrícia Carvalho (2018)
A vida são deveres, que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas... Quando se vê, já é sexta-feira Quando se vê, já é Natal .... Quando se vê, já terminou o ano . Quando se vê, não sabemos mais por onde andam os nossos amigos Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê, passaram-se 50 anos ! Agora, é tarde demais para ser reprovado ... Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas ... Eu seguraria todos os meus amigos, que Já não sei como e onde eles estão e diria: vocês são extremamente importantes para mim.
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo... Dessa forma eu digo, não deixe de fazer algo que gosta devido a falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.