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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

ver para descrer, como em São Tomé

30.11.22

[...] ficaram assim pouco informados, o que quer dizer: ficaram aptos a desenvolver uma intriga. 

 

Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

and so on

13.09.22

Os principais líderes mundiais não vão ser ‘forçados’ a apanhar o autocarro para o funeral da rainha Isabel II na próxima segunda-feira, revelou esta terça-feira o tabloide britânico ‘Daily Mail’ – Joe Biden, Emmanuel Macron e o imperador japonês Nahurito estão entre as personalidades que devem receber isenções por “razões de segurança”. O presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, o presidente italiano Sergio Matarella, Justin Trudeau, do Canadá, e o israelita Isaac Herzog também podem ser isentos.

São esperados representantes de todo o mundo na capital britânica, tratando-se de uma operação de logística complexa para as autoridades que, segundo o jornal norte-americano ‘POLITICO’, e foi pedido aos líderes estrangeiros para utilizarem, “se possível”, voos comerciais, evitando deslocações em aparelhos privados. O uso de helicópteros “deve ser afastado”, assim como a utilização de viaturas pessoais: os dirigentes de todo o mundo devem ser transportados para Westminster em autocarros, de acordo com documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico.

Mas uma fonte do Governo britânico esclareceu a situação ao ‘The Times’, frisando que não seria apropriado pedir aos líderes do G7 que “apanhassem o autocarro”.

in https://multinews.sapo.pt/noticias/alguns-lideres-mundiais-nao-vao-ser-forcados-a-usar-o-autocarro-para-o-funeral-da-rainha-isabel-ii-biden-macron-ou-trudeau-estao-entre-as-excecoes/

 

 

cercos (de alma) e secretaria

12.05.21

Na conversa que Aristides teve com Angelina e com os filhos José António, Pedro Nuno e Isabel (e Jules d'Août, seu genro) invocou vários argumentos espirituais e históricos, que já foram citados por vários autores. Tentarei recriar um deles, que me foi dito e repetido muitas vezes pelos meus familiares e por outras pessoas que o conheceram bem: «Estes refugiados são filhos de Deus, vítimas inocentes de uma guerra monstruosa que os foi tirar a suas casas, e se não fizermos nada por eles, poderão morrer debaixo de bombas, ou de fome, ou serem assassinados pelo invasor. A nossa obrigação e dever, como pessoas crentes em Deus, é ajudá-los, tal como faria o Bom Samaritano. A Circular 14 é injusta e não tem em conta os terríveis sofrimentos causados a todas estas pessoas. Foi redigida numa secretaria em Lisboa, longe desta realidade, sob influência de um polícia que apenas pensa na sua carreira e bem-estar. 

Vou desobedecer frontalmente a esta Circular a partir de hoje, e fazer tudo quanto puder para ajudar o maior número de refugiados. Conto com a vossa total colaboração para dar vistos gratuitos a todos quantos pudermos. A vossa mãe, com quem já falei, dá-me todo o seu apoio, e está disposta a também prestar ajuda e a cuidar das pessoas que tenham mais necessidade de atenção. Estou consciente de que perderei o meu trabalho, e a vossa vida vai alterar-se. Tudo vai ser mais difícil para nós, mas também tenho a confiança de que Deus não nos abandonará. Ao fazermos o bem a estes refugiados é ao próprio Cristo que o faremos e não seremos esquecidos - um dia poderemos ganhar o céu. 

Por outro lado, este gesto redentor é-lhes devido pelo sofrimentos causados nos séculos XV e XVI pela lei da expulsão dos judeus de 1496 e pelo estabelecimento da Inquisição em Portugal. Esta é uma oportunidade para o nosso país reparar um erro histórico e corrigir os erros do seu passado. 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

in https://ocastendo.blogs.sapo.pt/31-de-marco-de-1821-fim-da-inquisicao-2063948

in https://ncultura.pt/inquisicao-medo-tortura-fogueiras/2/

in https://www.leme.pt/magazine/efemerides/1205/dom-manuel-i-assina-o-decreto-de-expulsao-dos-judeus-de-portugal.html

 

memória coletiva

11.05.21

«No dia 10 de maio de 1940, fomos acordados em sobressalto por um barulho estranho; lá fora estava um belo dia cheio de luz e vimos aviões sobrevoando Bruxelas, largando bombas que pareciam grandes objetos cor de prata, brilhando ao sol. Ao ligarmos a rádio, ouvimos dizer que a Bélgica, a Holanda e o Luxemburgo tinham sido invadidos na vèspera pela Alemanha e a população era convidada a manter-se à escuta para ouvir outras informações» [...] Foi assim, de surpresa, como era próprio da Blitzkrieg. Não se avisava ninguém e era só avançar, aterrorizando e esmagando o povo invadido. Os belgas, os franceses e outros povos voltavam 20 anos para trás. As estradas tornaram a encher-se de famílias que levavam alguns bens que na desgraça lhes pudessem valer, e alguns alimentos. Os belgas dizem que dois milhões de compatriotas seus se puseram em fuga. Outros falam em dois milhões e meio.

Nesta sua crónica mais tarde transformada em livro, Lucie Matuzewitz continua a descrever a sua odisseia [...] «Apanhámos o último comboio que saía para Paris; os comboios seguintes foram bombardeados e nunca chegaram ao destino. As estradas estavam completamente bloqueadas com automóveis dirigindo-se para sul [...] havia aviões que metralhavam em voo picado os refugiados que caminhavam ao longo das estradas [...] passámos uma noite muito agitada, porque uma bomba caiu ao lado da Torre Eiffel, perto do nosso hotel [...]. Decidimos ir para Bordéus. Infelizmente, poucos dias depois todo o governo francês estava nesta cidade. Uma nuvem de refugiados vindos do norte de França, da Bélgica, da Holanda, deambulava agora pelas ruas, dormindo nos parques e nas estações, não encontrando alojamento [...].»

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

pau para toda a reciclagem

25.11.20

e começa a trabalhar como marçano, que significa, mais ou menos, ser-se pau para toda a obra. Um marçano atende ao balcão de uma mercearia, faz limpezas e arrumações, e anda com cabazes de vime às costas, para entregar em casa dos fregueses a batata, o arroz, o feijão catarino, o cartuxo de açúcar, a barra de sabão azul e branco, a medida de azeite, o quilo de farinha, o pacote de sal, a embalagem dos ovos. Sem horário de trabalho - os estabelecimentos estavam abertos desde madrugada até noite alta (...) Mas afinal em que consistia ser-se marçano? Em 1984, um pequeno artigo de jornal, recorda os marçanos como uma das profissões «em vias de extinção» 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)

 

Pierre Carrier-Belleuse
Les livreurs de farine
1885

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justos

18.11.20

Há cerca de 22 mil pessoas no mundo que são reconhecidas como Justos Entre as Nações, mas diplomatas são menos de cem. Atualmente, há quatro portugueses nessa lista: o padre Joaquim Carreira, o embaixador Sampaio Garrido, José Brito Mendes e Aristides de Sousa Mendes. São heróis que devem ser conhecidos e estudados em todas as escolas. Mas há outros Justos estrangeiros que merecem ser conhecidos: o cônsul japonês Sugihara, que também desobedeceu ao seu governo em 1940 e, como Aristides, passou vistos a milhares de refugiados na Lituânia; Giorgio Perlasca, italiano, fez-se passar por diplomata espanhol para "falsificar" documentos, salvando muitos refugiados; Giovanni Roncalli (que veio a ser o Papa João XXIII, em 1958) "falsificou" certificados católicos de batismo para salvar judeus; e Georg Duckwitz, adido na embaixada alemã em Copenhaga, que soube dos planos nazis de deportação para a população judaica dinamarquesa - conseguiu avisar as comunidades e ajudou milhares de pessoas a fugir para a Suécia, salvando-as assim da morte certa [...]

Para salvar inocentes da morte, todos os meios são justos, e nenhum destes homens cometeu crimes ao fazê-lo, contrariamente ao que certos indivíduos extremistas escreveram em Portugal. A medalha dos "Justos" do Yad Vashem tem inscrito: «Quem salva uma vida, salva a humanidade.» Por vezes, a tradução varia, o que origina diferentes versões, mas a ideia é que cada pessoa contém em si todos os elementos do universo, todo o bem e todo o mal e, como está escrito nos livros santos, o «homem é feito à imagem e semelhança de Deus». 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

as bruxas e o além

11.11.20

Mas em 2017, 77 anos depois dos acontecimentos de Bordéus, num Portugal democrático, é bom que os cidadãos portugueses possam ver estas "amostras" do regime que oprimiu Portugal. É bom que possam ver como foi a perseguição atroz movida ao meu avô, por ter ousado desobedecer ao chefe supremo dos espíritos e das mentes em Portugal. O chefe que do Além ainda consegue dominar certas cabeças... 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

o problema

04.03.20

o problema não é descobrir a resposta, é escutar a pergunta 

 

António Lobo Antunes – A Última Porta Antes da Noite (2018)

Publicações Dom Quixote (2018)

matéria de religião

09.08.18

É óbvio que nem as grilhetas, os palavrões, os maus tratos e as sevícias os incomodaram grandemente pois, como sabeis, o povo do Senhor está-se marimbando para essas coisas e só refila em matéria de religião, não podendo suportar as nefandas práticas e cultos dos povos infiéis... que são todos os outros evidentemente. 

 

 

Vilhena – História Universal da Pulhice Humana (1960/1961/1965)
Edição Completa, Integral e Nunca Censurada dos Três Volumes Originais Pré-História / O Egipto / Os Judeus

Herdeiros de José Vilhena / SPA 2015, E-Primatur (2016)