Pelas seis horas da manhã de 3 de dezembro de 1944 (...) Jaime e Deolinda de Jesus Ribeiro foram pais do quinto filho (...) o menino veio a receber o nome de António Joaquim Rodrigues Ribeiro (...)
Jaime Ribeiro era parco de palavras. Minhoto pequeno e encorpado, homem de uma força extraordinária, saía-se melhor com música no que tocava a expressar sentimentos. O que não conseguia dizer, fazia o cavaquinho dizer por si. Ou a concertina. Os seus gestos, porém, eram de uma enorme eloquência. Ao longo de todo o mês seguinte, Deolinda de Jesus descansou, rodeada de «mimos». Não estava autorizada a trabalhar, fosse no que fosse, e era alvo das maiores atenções por parte do marido. Os filhos guardam a memória desses cuidados que deixavam os próprios vizinhos estarrecidos pela novidade de um lavrador, homem do campo e sem estudos, rodear a mulher, sempre que dava à luz, de tamanhos desvelos. Assim, e nos primeiros dias após o nascimento de uma criança, era o marido quem lhe levava o tabuleiro das refeições à cama.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018) Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)
Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar, Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo; E apesar disso, crê! nunca pensei num lar Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito. E nunca te escrevi nenhuns versos românticos. Nem depois de acordar te procurei no leito Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo A tua cor sadia, o teu sorriso terno... Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso Que me penetra bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio Da luz crepuscular, que enerva, que provoca. Eu não demoro o olhar na curva do teu seio Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo... Eu não sei que mudança a minha alma pressente... Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço, Que adoecia talvez de te saber doente.
Foi o primeiro a perceber que esta vida é uma guerra; não concedeu a si próprio qualquer indulgência, não perdeu tempo a recriminar e a compadecer-se de si mesmo e dos outros, mas desde o primeiro dia foi à luta. Animam-no a inteligência e o instinto, raciocina correctamente, em muitos casos não raciocina, o que também está correcto (...) Luta pela vida, mas mesmo assim é amigo de todos. «Sabe» quem deve corromper, quem deve evitar, quem se pode apiedar, a quem deve resistir.
Porém (é por esta virtude que ainda hoje a sua memória é para mim querida e viva), não se tornou cínico. Sempre reconheci, e ainda reconheço nele, a rara figura do homem forte e bondoso, contra o qual se quebram as armas da noite.
Primo Levi – Se Isto É Um Homem (1947) Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)
disse a assistente, com um sorriso triste e cansado de quem trabalhava para pagar as propinas da faculdade, visto que os pais já não tinham posses para isso, de quem fazia turnos extra para conseguir mais algum para pôr numa conta poupança-habitação com o namorado, para se meterem numa casa assim que tivessem acabado os respectivos cursos e tivessem arranjado empregos que lhe dessem aquela segurança de que um casal em início de vida necessitava para se chegar ao balcão e pedir cem mil euros, a trinta e cinco anos, com taxa variável e indexada a uma coisa que eles não sabiam muito bem o que era, mas que era suficiente para lhes tirar muitas noites de sono.
Ricardo Adolfo, Mizé - Antes galdéria do que normal e remediada
Parece que esta vaina calentó Tu cuerpo y mi cuerpo lo saben Mi pecho siente tu respiración Y los latidos son iguales
Se te nota Que todas tus neuronas se alborotan Si pateo no hay quien pare esta pelota Sudan las ventanas gota a gota Se te nota
Paso a paso bajo el escalón Donde no te pega el sol Poco a poco paso el ecuador Yo quiero besarte
Ahí Donde nace la quebrada Ahí En esa tierra sagrada Ahí Y cuando se acaben los besos Pa'l centro y pa' dentro Ahí En esa playa mojada Ahí Tanto que me la soñaba Y cuando quieras que lleguemos Pa'l centro y pa' dentro (Pa'l centro y pa' dentro) (Pa'l centro y pa' dentro) (Pa'l centro y pa' dentro)
Lo que sea Por recorrer esos caminos nuevos Yo hago lo que sea Lo que sea
Si tú quieres que yo mueva la cabeza Yo la muevo La mue- la muevo Si tú quieres que yo mueva la cabeza Yo la muevo La mue- la muevo Si tú quieres que yo mueva la cabeza Yo la muevo La mue- la muevo Si tú quieres que yo mueva la cabeza Yo la muevo La mue- la muevo
Ahí Donde nace la quebrada Ahí En esa tierra sagrada Ahí Y cuando se acaben los besos Pa'l centro y pa' dentro Ahí En esa playa mojada Ahí Tanto que me la soñaba Y cuando quieras que lleguemos Pa'l centro y pa' dentro
Paso a paso bajo el escalón Donde no te pega el sol Poco a poco paso el ecuador Yo quiero besarte
Ahí Donde nace la quebrada Ahí En esa tierra sagrada Ahí Y cuando se acaben los besos Pal centro y pa dentro Ahí En esa playa mojada Ahí Tanto que me la soñaba Y cuando quieras que lleguemos Pa'l centro y pa' dentro