passe reles
[...] a moda em literatura é a pior de todas.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
[...] a moda em literatura é a pior de todas.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
perdi amigos, alguns levados pela morte [...] outros por não me ter dado ao trabalho de atravessar a rua.
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Portrait
David JAGGER
Pertencente a uma faixa etária muito mais baixa, Marcelo sentiu directamente os efeitos da pandemia no campo profissional, ficando com esse lado virado do avesso. Estando a trabalhar sem contrato na área de restauração, hotelaria e turismo, era de esperar que à calamidade de saúde pública se juntasse a calamidade laboral, carregada de dificuldades. «Perdi o meu emprego no restaurante, nunca mais tive clientes na minha experiência da Airbnb... fiquei sem rendimentos e fui forçado a fazer uns extras na construção civil.» Um mundo novo e desconhecido, no qual entrou por necessidade [...] Passados estes meses, Marcelo dá voz a uma frustração que vai um pouco mais além das contrariedades ao nível do trabalho e do ganhar a vida de todos os dias. «O que me magoa mais neste processo é o agravar da desigualdade social que já existia antes desta covid-19.» Sem grandes perspectivas no futuro imediato, de uma coisa Marcelo está convicto: «A incerteza e o medo são os piores vírus da nossa sociedade.»
Pedro Vieira – Em que posso ser útil? (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Pedro Vieira (2021)
Ver um filho partir é conhecer a maior de todas as dores e que
tempo algum será capaz de curar.
Anónimo
Nessa altura soube que não me tinha enganado [...] não era um marginal nem um assassino, era uma pessoa que tinha saído da vida.
Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
La concierge me dit qu'ils ne sont bons à rien
Qu'ils n'ont pas les manières de chrétiens
Qu'ils respirent notre air et mangent notre pain
À deux pas de chez moi allez voir mes voisins
C'est vrai que nos grands-pères étaient des gens de bien
Qu'ils avaient des manières de chrétiens
Quand ils ont pris la terre d'Afrique aux Africains
À deux pas de chez moi allez voir mes voisins
Talvez que a vida não responda ao tratamento que lhe damos quando a seu respeito falamos.
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Ele assusta-se, de certo modo. Não gosta que lhe falem disso, de certas coisas. Diz que falaram daquilo que não conheciam. Ela não tem a certeza. Diz:
- Engana-se, talvez não seja verdade. Conhecemos tudo de certa maneira, tudo e todos, quero eu dizer. Repare na morte, como a conhecemos bem.
Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Sim, o tempo passa. E nós envelhecemos.
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Vamos passear junto ao rio na mais completa solidão. Está quase na hora de deitar. As pessoas já foram para casa. É bastante reconfortante observar as luzes apagarem-se nos quartos dos pequenos comerciantes que vivem do outro lado do rio. Ali está uma, ali outra. Quais terão sido os lucros por eles hoje obtidos? Apenas o suficiente para pagar a renda, a electricidade, a comida e a roupa dos filhos. Mas apenas o suficiente. Como é grande a sensação de que a vida é tolerável que nos é dada pelas luzes dos quartos dos pequenos lojistas! Quando chega o sábado, o mais provável é terem apenas dinheiro para pagar quatro entradas de cinema. Talvez que antes de apagarem as luzes se dirijam até ao pequeno jardim que possuem para olhar o coelho gigante que se encontra dentro da capoeira de madeira. Trata-se do coelho que comerão ao jantar de sábado. Depois apagam as luzes. Depois adormecem. E, para milhares de pessoas, dormir não passa de algo quente e silencioso, de um prazer momentâneo composto por um qualquer sonho fantástico. «Enviei a carta para o jornal de domingo», pensa o merceeiro. «Suponhamos que ganho quinhentas libras no jogo de futebol. E, claro, mataremos o coelho. A vida é agradável. A vida é boa. Enviei a carta. Vamos matar o coelho.» Só então adormece.
[...] Ouço um som semelhante ao deslizar de vagões nos carris. Trata-se da ligação feliz que existe entre os acontecimentos que se sucedem na vida de cada um. Toque, toque, toque. Dever, dever, dever. Deve-se partir, deve-se dormir, deve-se levantar - trata-se daquela palavra sóbria e piedosa que pretendemos insultar, que apertamos com força contra o coração, e sem a qual não existiríamos. Como adoramos o som dos vagões que vão batendo uns contra os outros ao deslizar nos carris!»
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
[...] tem de se aproveitar antes da morte, porque não sabemos se Deus nos dará outras noites assim para viver.
Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
110 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.