praying for a miracle
... aprendera que todas as perdas têm remédio, menos a perda do dinheiro.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
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anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.
anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.
... aprendera que todas as perdas têm remédio, menos a perda do dinheiro.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
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O tempo passava, e Aristides não perdia a esperança de que melhores dias viessem, apesar do seu estado de saúde deteriorado, pelo derrame cerebral e pela situação absurda em que se encontrava. Houve quem lhe sugerisse que se dirigisse a um influente amigo de Salazar - António Cerejeira, o cardeal-patriarca. Sempre otimista, o meu avô assim fez. Finalmente, obteve uma resposta: «Que se dirigisse a Fátima e aí rezasse pela intercessão de Nossa Senhora.»
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
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Perguntei-lhe se se lembrava da chegada deles (pais e irmãs) a Bordéus. Como resposta, este rabino Kruger (filho) abriu uma pequena pasta que continha uma série de documentos e mostrou-me um bilhete de comboio, de cartão como era costume naquela altura, e disse-me que aquele era o bilhete de comboio (meio-bilhete de 2ª classe) Paris/Bordéus que o pai lhe deu naquele dia quando todos viajaram para Bordéus... à espera de um milagre.
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
Homeward Bound
David Tutwiler
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Foi, realmente, um momento esplendoroso, «um desses milagres que alteram a mentalidade das pessoas», que possibilitou no curto espaço de um ano que se passasse do amargo ceticismo português - que é dizer mal de tudo e não acreditar em nada -, para a euforia de tudo se cometer. De repente, há um turbilhão chamado «rock português». Um movimento com uma energia imparável. Surgem os UHF, os Xutos & Pontapés, os Táxi, os Jafumega e muitos, muitos outros
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)
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(...)
em nome do sofrimento e da felicidade
em nome dos animais e dos utensílios criadores
em nome de todas as vidas sacrificadas
em nome dos sonhos
em nome das colheitas em nome das raízes
em nome dos países em nome das crianças
em nome da paz
que a vida vale a pena que ela é a nossa medida
que a vida é uma vitória que se constrói todos os dias
(...)
António Ramos Rosa in O BOI DA PACIÊNCIA
António Ramos Rosa - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
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irei eu rir quando se descobrir
que a morte é pertença deste lado exausta do milagre e do
[ sonho.
Paulo da Costa Domingos in ARA
Paulo da Costa Domingos – Carmina (1971-1994)
Antígona (1995)
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Dou-te um nome de água
para que cresças no silêncio.
Invento a alegria
da terra que habito
porque nela moro.
Invento do meu nada
esta pergunta.
(Nesta hora, aqui.)
(...)
Amor, eu sei que vives
num breve país.
Os olhos imagino
e o beijo na cintura,
ó tão delgada.
Se é milagre existires,
teus pés nas minhas palmas.
Ó maravilha, existo
no mundo dos teus olhos.
Ó vida perfumada
cantando devagar.
Enleio-me na clara
dança do teu andar.
Por uma água tão pura
vale a pena viver.
Um teu joelho diz-me
a indizível paz.
António Ramos Rosa in Teu Corpo Principia
António Ramos Rosa - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
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Na mesa junto à janela virada para Poente, ensaia-se uma Última Ceia: a companhia de teatro arranjou doze apóstolos e um Cristo (...) De repente, a meio de uma dança, Borja caminha para a mesa onde se desenrola a Última Ceia e manda retirar o vinho, pois é um erro histórico. O Cristo está impávido, mas São João acha que não faz sentido e afasta o seu copo do alcance do professor, que começa a discursar:
- Ninguém sabe, caros Jesus Cristo e seus apóstolos, por que razão o homem se sedentarizou, já que está provado que ser nómada dá muito menos trabalho. Então porque sucedeu essa mudança radical? Muito simples, vou explicar-vos, queridos apóstolos e Nosso Senhor: foi a cerveja. Para ter cerveja era preciso cultivar. E assim nasceu a sociedade como a conhecemos. Graças à cerveja, temos hospitais e bibliotecas. Não existiriam livros se não fosse a cerveja. Não existiriam escritores nem ciência. Os nómadas não têm prisões nem conhecem o castigo, mas por outros lado não têm bibliotecas. Os nómadas não têm nada disto, porque andam de um lado para o outro e as prisões não podem ser transportadas, tal como as tipografias e os hospitais e as livrarias. E tudo isso se deve ao facto de alguns povos terem querido beber cerveja e, para isso, precisarem de se sedentarizar. No tempo de Cristo, no vosso tempo, andavam todos a beber cerveja. Na verdade, as bebidas alcoólicas confundiam-se entre si, pois era normal juntar frutos a bebidas de cereais e cereais a bebidas de frutos. Mas o que é certo é que o Egipto tinha inúmeras cervejeiras e exportava grandes quantidades para a Palestina. O que se bebia no espaço geográfico em que Cristo habitava era cerveja. O vinho era uma bebida de romanos, dos invasores. Cristo não iria beber a bebida dos ricos, dos opressores (...) mas a dos pobres, das putas e dos pecadores. Isso é que era a cerveja, um símbolo do povo. Jesus Cristo bebia cerveja, que sempre foi chamada de pão líquido, pois é verdadeiramente pão com água.
Afonso Cruz - Jesus Cristo Bebia Cerveja (2012)
Penguin Random House (2016)
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(...)
Então, quando essas palavras são publicadas, o segredo é libertado no mundo: mistura-se com o olhar dos outros. Por consequência, muda a forma como os outros veem e, também, a forma como os outros nos veem.
Foi justamente nos olhares dos outros que encontrei as primeiras questões. Ainda sem terem lido uma página, quando se mencionava o tema "Fátima", todas as perguntas eram formas explícitas ou subliminares de me colocarem uma única pergunta: acredita?
(...)
Em nenhuma ocasião respondi sim ou não. Por um lado, não creio que a resposta a essa pergunta seja apenas sim ou apenas não, a não ser que se simplifiquem as questões até ao seu elemento mais básico, tão básico que já não é sequer representativo do que se está a falar. Por outro lado, porque a minha intenção primeira, uma das que me levou à escrita do livro, foi justamente encontrar uma maneira de falar de Fátima que não passasse por esse separar de águas, esse muro divisor: acredita/não acredita.
Nem todas as pessoas que afirmam acreditar em algo comum o fazem da mesma forma. Acreditar não é preto e branco. Também me parece que nem todas as pessoas são cépticas da mesma forma. Há inúmeras gradações e particularidades no que toca à crença e/ou à fé. Não existe um interruptor para a fé ou o cepticismo.
(...)
Fátima é um tema multidimensional. Ao longo destes cem anos, assumiu uma enorme importância política e social. Em grande medida, pode dizer-se que houve uma certa sensibilidade acerca deste tema que foi paralela às próprias alterações políticas e sociais do país. Por tudo o que dizem sobre nós, essas são questões de grande interesse, que merecem ser levantadas, observadas e reflectidas.
Já no que toca à sua dimensão religiosa, Fátima é um assunto que está na esfera da sensibilidade íntima de cada um. A liberdade religiosa é uma conquista civilizacional. Não devemos estar dispostos a abdicar dela em nenhuma circunstância.
Nesse sentido, é fundamental que crentes e cépticos se saibam respeitar entre si, só assim poderá existir um diálogo edificante. Não vejo razões para duvidar que uns possam aprender algo com os outros. Se não estivermos de ouvidos fechados, de olhos fechados, podemos sempre aprender algo com os outros, podemos sempre descobrir algo novo. E os outros, claro, não são uma abstração. Os outros são aqueles que têm opiniões realmente diferentes das nossas.
in http://www.joseluispeixoto.net/respeito-124560
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