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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

29
Mai23

mobiliário urbano

Cecília

A melhor maneira de um aristocrata iluminar alguma coisa é pendurado num candeeiro. Lê Byron, canto XI, estrofe XXVII do Dom João.

 

 

Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

i love my sofa (2015)

Fiorentina Giannotta

 

30
Nov22

primeira semana do advento

Cecília

Os prazeres do orgulho são às vezes mais apreciados que os prazeres do amor. 

 

Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

19
Out22

o sonho e a vida

Cecília

Os meninos ouviam o mar, o rio de todos os rios, o primeiro de todos os ventres. Nessa escuta, eles atravessavam a fronteira que separa a água e a luz, que é a mesma que separa o sonho e a vida. 

 

Mia Couto – O rio infinito (2022)

Leya / Editorial Caminho, SA (2022)

 

 

07
Abr22

paciência e cuidado (até à exaustão)

Cecília

É preciso pôr de lado invejas e antipatias e não interromper. É preciso ter paciência e um cuidado infinito, deixando que a luz descubra as coisas só por si

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

25
Mar22

as tuas cores, as minhas cores (e as nossas?)

Cecília

Pergunta-lhe qual devia ser a cor do mar. Ela diz que o mar fica com a cor do céu - que se trata menos de uma cor do que do estado da luz. 

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

OMBRES ET LUMIÈRES

Christian Biard

 

24
Mar22

colored lights can hypnotize

Cecília

E por vezes, quando prestamos um bom serviço, acabamos por ser apanhados de surpresa com algumas propostas, enfim...» Marcelo cede um sorriso malandro. «Uma vez,  no By The Wine, tivemos um grupo de oito americanas que se fartaram de beber, estavam eufóricas, adoraram a comida. E começaram a flirtar um bocado com o pessoal. No final, deram-me uma gorjeta de 50 euros e disseram-me "Se quiseres vir connosco para o nosso hotel, damos-te mais 100", e eu fiquei à rasca. O que é que um gajo... Disse-lhes que era comprometido, que tinha mulher, e elas não se ficaram: "Traz a tua mulher e recebes outros 100."» Marcelo garante que não foi. 

 

Pedro Vieira – Em que posso ser útil? (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos e Pedro Vieira (2021)

 

 

22
Fev22

momentos [gravados]

Cecília

...quando parámos por alguns instantes no terraço que dava para o rio, vimos que as luzes se iam afundando. Os barcos a vapor despejavam os passageiros na margem. 

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

10
Fev22

os mortos paridos pela diplomacia

Cecília

Vamos passear junto ao rio na mais completa solidão. Está quase na hora de deitar. As pessoas já foram para casa. É bastante reconfortante observar as luzes apagarem-se nos quartos dos pequenos comerciantes que vivem do outro lado do rio. Ali está uma, ali outra. Quais terão sido os lucros por eles hoje obtidos? Apenas o suficiente para pagar a renda, a electricidade, a comida e a roupa dos filhos. Mas apenas o suficiente. Como é grande a sensação de que a vida é tolerável que nos é dada pelas luzes dos quartos dos pequenos lojistas! Quando chega o sábado, o mais provável é terem apenas dinheiro para pagar quatro entradas de cinema. Talvez que antes de apagarem as luzes se dirijam até ao pequeno jardim que possuem para olhar o coelho gigante que se encontra dentro da capoeira de madeira. Trata-se do coelho que comerão ao jantar de sábado. Depois apagam as luzes. Depois adormecem. E, para milhares de pessoas, dormir não passa de algo quente e silencioso, de um prazer momentâneo composto por um qualquer sonho fantástico. «Enviei a carta para o jornal de domingo», pensa o merceeiro. «Suponhamos que ganho quinhentas libras no jogo de futebol. E, claro, mataremos o coelho. A vida é agradável. A vida é boa. Enviei a carta. Vamos matar o coelho.» Só então adormece.

[...] Ouço um som semelhante ao deslizar de vagões nos carris. Trata-se da ligação feliz que existe entre os acontecimentos que se sucedem na vida de cada um. Toque, toque, toque. Dever, dever, dever. Deve-se partir, deve-se dormir, deve-se levantar - trata-se daquela palavra sóbria e piedosa que pretendemos insultar, que apertamos com força contra o coração, e sem a qual não existiríamos. Como adoramos o som dos vagões que vão  batendo uns contra os outros ao deslizar nos carris!»

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

24
Jan22

céus pálidos

Cecília

«Volto a ver a rua do costume. O brilho da civilização como que se gastou. O céu apresenta-se escuro e polido como um osso de baleia. Contudo, há nele uma espécie de luz que tanto pode provir de um candeeiro como do alvorecer. Sinto uma espécie de agitação - algures, numa árvore baixa, os pardais chilreiam. Paira no ar a sensação de que o dia vai nascer. Não lhe chamaria alvorada. Qual o significado de uma alvorada na cidade para um homem velho, parado no meio da rua e a olhar meio tonto para o céu? A alvorada é uma espécie de empalidecer do céu; uma espécie de renovação. Um outro dia, uma outra sexta-feira, um outro vinte de Março, Janeiro ou Setembro. Um outro despertar geral. As estrelas recolhem-se e extinguem-se [...]»

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

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