Há, em sítios com milhares de pessoas, um anonimato que pode ser ou não conveniente. Nas cidades pequenas, pelo contrário, todos têm nome e vão ganhando uma etiqueta.
Rita Pereira Carvalho –As Invisíveis, Histórias sobre o trabalho de limpeza(2022)
Fundação Francisco Manuel dos Santos, Rita Pereira Carvalho (2022)
A outra má experiência, que ainda hoje recorda, foi com outra instituição de Pedrógão Grande. Sílvia ligou, a directora respondeu-lhe que tinha os armazéns cheios. Sílvia diz que insistiu. «O que temos para levar não são bens usados, é artigo novo, embalado; jogos de lençóis, atoalhados, edredões, toalhas de mesa, panos de cozinha, tudo de que uma casa precisa. E oitenta pares de calçado novo, em caixa.» Do outro lado fez-se um curto silêncio, antes da resposta que a promotora do grupo Esposende com Pedrógão no Coração reproduz: «Ela diz-me: " Vamos fazer assim, faça uma triagem. O que estiver usado ponha numas carrinhas à parte e, se não se importar, entrega nos bombeiros de Castanheira de Pêra, que estão a recolher esse tipo de artigo. O que for novo põe noutra carrinha, e quando vier a caminho dá-me um toque para o meu telemóvel particular, que lhe vou dar, e um assistente meu estará à vossa espera para recolher esses bens."
Patrícia Carvalho – Ainda aqui estou (2018)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Patrícia Carvalho (2018)
Hoje Eu Sei Vanessa da Mata / Jonas Myrin (Sereia de Água Doce / Duva Songs/Songs of Universal, Inc. [BMI])
Na minha vida hoje eu sei Quem é dor, quem é luz, quem é fuga Quem estraga ou quem estrutura Quem é adubo, terra ou rosa Hoje eu sei quem é conto, romance ou prosa O silêncio amigo ou a cobra Só não sei quem é o mistério
Ninguém me ensinou a amar Me cuidar ou escolher Das sutilezas entre tédio e paz Sempre acompanhada e só, Merecia muito mais, de mim mesma
O tempo entregou você Depois que aprendi dizer não E retirei o que me atrasava
Limpei minha estrada antiga Mudei minhas velhas formas Fiz a faxina pra você entrar
Ninguém me ensinou a amar Me cuidar ou escolher Das sutilezas entre tédio e paz Sempre acompanhada e só, Merecia muito mais, de mim mesma
O tempo entregou você Depois que aprendi dizer: não E retirei o que me atrasava
Limpei minha estrada antiga Mudei minhas velhas formas Fiz a faxina pra você entrar
Lá, lá, lá...
Aonde a fome vivia Joguei minhas cores fartas E como a natureza é sábia Tem mazelas, mas tem cura A solidão fazia casa mas Plantei minhas jaboticabas lá