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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

dos dois, um

07.05.21

Tudo antigo, tal como uma antiga barbearia. Na casa de banho havia um pequeno urinol enfeitado com um arranjo de flores de plástico [...]

Matilde Abreu lembra-se do seu próprio encantamento:

- Para mim, era tudo novidade absoluta. Tinha quinze anos, portanto imagine-se. António teria à volta dos trinta e cinco, trinta e oito anos, e nesses tempos, não pintava a barba. Era loiro dele. Pontualmente, fazia uma descoloração e cortava o cabelo muito curto [...] Como patrão era exigentíssimo, e tinha um feitio muito especial. Um feitio difícil. Ele achava que a pessoa, olhando, tinha obrigação de, logo a seguir, saber fazer [...]

E o António era assim com as pessoas com quem tinha uma relação mais forte e mais próxima. Mas com uma pessoa tão exigente ao lado, ou se aprende bem a lição e as coisas tomam um rumo, ou então é impossível. Por isso digo, com ele ou se ama ou se odeia. Comigo foi assim.

Lições de vida. Quando a carreira musical de Variações se começou a impor, Matilde foi ficando cada vez mais responsável pelo salão. Um dia, António tentou contratar uma aprendiza para as funções que ela própria desempenhara quando começara a trabalhar com ele. Então, Matilde recordou as frases sacramentais de António: você tem de se impor, porque o mundo só tem dois tipos de pessoas, os que mandam e os que se deixam mandar. Você não quer ser do segundo, pois não? Dizia-lhe estas e outras coisas num tom seco, por vezes quase sem expressão, e continuava a trabalhar, mas Matilde guardava tudo [...]

- Ainda hoje me lembro, como se o tivesse à minha frente. O tom de voz, a expressão dos olhos, os gestos: o mundo só tem dois tipos de pessoas, os que mandam e os que se deixam mandar. Você não quer ser do segundo, pois não? 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)

 

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soluções automotivas

27.10.16

 

" Os operários portugueses foram recebidos à porta da fábrica da Dura Automotive, que produz componentes eletrónicos para automóveis, na cidade de Plettenberg, por colegas alemães munidos de cartazes, panfletos em português e um tradutor oficial.

Os folhetos explicavam que entre 850 a 900 trabalhadores alemães da fábrica de Plettenberg serão despedidos, segundo disse à agência Lusa Fabian Ferber, representante local do maior sindicato da indústria metalúrgica na Alemanha, o Industriegewerkschaft Metall.

“Há cerca de 11 meses a sede [da multinacional], nos Estados Unidos, anunciou o despedimento de cerca de 850 a 900 pessoas, de um total de 1300″, da fábrica de Plettenberg, explicou Fabian Ferber, acrescentando que até hoje os trabalhadores alemães estão à espera de informação sobre compensações sociais e reformas antecipadas.

Não estamos contra os trabalhadores portugueses, eles não são nossos inimigos. A Dura é que é a nossa inimiga. Nós estamos a lutar pelos nossos empregos”, garantiu. (...) 

“A Dura queria que fizéssemos horas extra para terminar uma encomenda. A empresa tem de gerir as encomendas durante as horas de serviço normais, por isso, a comissão de trabalhadores tem direito a recusar o pedido de horas extra. Foi o que fizemos e, então, trouxeram os trabalhadores portugueses”, afirmou.

O sindicato recorreu aos tribunais que, inicialmente, deram razão aos trabalhadores alemães, mas a empresa apresentou um novo plano de trabalho aos juízes e conseguiu garantir a permanência dos operários portugueses na Alemanha.

O plano da empresa diz que durante a semana a fábrica pertence à Dura Alemanha, ao passo que aos fins de semana a fábrica passa a ser Dura Portugal. A fábrica troca de mãos por dois dias, algo completamente novo”, segundo Ferber." 

 

 

in http://24.sapo.pt/economia/artigos/operarios-portugueses-recebidos-com-protesto-de-colegas-locais-em-fabrica-na-alemanha