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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

15
Mar22

bufarinheiros

Cecília

Vagueio de casa em casa como os frades da Idade Média que enganavam as raparigas e as mulheres casadas com contas e baladas. Sou um viajante, um bufarinheiro, pagando com uma caução a hospitalidade que me oferecem; sou um convidado fácil de agradar; alguém que ora dorme no melhor quarto da casa, na cama de dossel, ora passa a noite no estábulo, deitado num molho de feno. Não me importo com as pulgas, o mesmo se passando com o toque da seda. Tenho uma percepção demasiado clara da perenidade da vida e das tentações que a caracterizam para impor proibições. Apesar de tudo, não sou tão tolerante como vos pareço

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

05
Fev22

modalidade avestruz

Cecília

[...] isto indica que a situação criada colocou em evidência duas modalidades de relação social, que vieram a ser experimentalmente desenvolvidas em estudos posteriores: uma que favorece os «nossos», e outra de acordo com a qual devemos tratar todos de igual forma. 

 

Jorge Vala – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

09
Mar20

impaciente, cega

Cecília

 

Alguém a viu sair, essa mulher descalça

que marcha ao longo do muro impaciente e cega? 

 

 

António Ramos Rosa in CICLO DO CAVALO - Obra Poética I

Assírio & Alvim (2018)

 

 

08
Mar20

homens entregues a si mesmos

Cecília

os homens entregues a si mesmos cheiram todos a caldo frio, a solidão e a calendários de há cinco anos na parede 

 

António Lobo Antunes – A Última Porta Antes da Noite (2018)

Publicações Dom Quixote (2018)

 

 

01
Set19

faltas

Cecília

É mais nos dedos que me faltas

 

 

Paulo da Costa Domingos in ABSIDE

 

 

Paulo da Costa Domingos – Carmina (1971-1994)
Antígona (1995)

 

 

Toutes les machines ont un cœur, t'entends? 
Toutes les machines ont un cœur, dedans 
Qui bat, qui bat, qui bat 
Comme on se bat maman 
Comme on se bat pourtant
On n'avait pas prévu ça 
D'avoir des doigts Messenger
Des pouces ordinateur 
Sur les machines on passe des heures 
Sur les machines on dessine un cœur 
Qui bat, qui bat, qui bat 
On tape nos vies dedans 
Autant de likes et de leurres, de flammes 
De selfies, de peurs, de smileys en couleur
Toutes les machines ont un cœur, t'entends? 
Toutes les machines ont un cœur, dedans 
Qui bat, qui bat, qui bat 
Comme on se bat maman 
Comme on ne sait pas vraiment
Comment se sortir de là 
Le monde la gueule qu'il a
Qui c'est qui lui a fait ça? 
C'est pas nous, c'est pas moi, t'entends? 
Le bruit des machines permanent
Qui bat, qui bat, qui bat
Battu pour le moment 
Je suis tout juste capable 
De voir le monde en grand 
Tant que le monde est portable
Toutes les machines ont un cœur, t'entends? 
Toutes les machines ont un cœur, dedans 
Qui bat, qui bat, qui bat 
Comme on se bat maman 
Comme on se bat pourtant
Tu dis «à quoi ça sert, t'as rien de mieux à faire? 
Sais-tu le temps que tu perds?» 
Toutes les machines ont un cœur, pourtant 
Un monde meilleur caché dedans 
Qui bat, qui bat, qui bat 
Moi des idées j'en ai mille
Tout au bout de mes doigts 
Des étincelles et des îles 
Des ailes que je déploie 
Maman, maman c'est moi 
C'est moi, c'est moi le moteur, t'entends? 
Dans toutes les machines y a mon cœur dedans
Qui bat, qui bat, qui bat 
Comme je me bats maman 
Si le monde est mon mobile 
Mon cœur pour le moment 
Est comme le monde maman
Et le monde est fragile 
Et le monde est fragile 
Et mon cœur est fragile
Et le monde est fragile
Et le monde est fragile
Toutes les machines ont un cœur, t'entends? 
Toutes les machines ont un cœur, dedans 
Et mon cœur est fragile
17
Mai18

da importância da educação / ensino

Cecília

a educação privada é intolerável nas famílias degeneradas, entregues a maus hábitos e imbuídas de maus princípios. Mais vale o abominável regime do colégio. 

No seio das famílias honestas e tranquilas, porém, deveria ser um dever ficar com a guarda das crianças e não as obrigar a aprender os factos da vida num colégio onde a igualdade só existe à lei da pancada, onde a disciplina é embrutecedora, onde a autoridade é brutal, pueril e tacanha - já para não mencionar os vícios que proliferam em todas as instituições do género. Hoje em dia, contudo, parece que a educação moral já não é necessária ao homem; parece que todos preferem refugiar a vida na inteligência e virar as costas ao coração. No que respeita às crianças inteligentes, tudo o que o que o colégio consegue desenvolver é o orgulho e o amor-próprio. Já as crianças não-inteligentes, essas ficam-se pelos instintos vis e grosseiros. Em todas, mesmo nas naturezas mais naturalmente generosas que essa detestável educação não consegue corromper por completo, é a vaidade que se sobrepõe a tudo o resto (...) 

A melhor educação possível passaria por uma soma perfeitamente combinada de conhecimentos (...) pelo verdadeiro progresso do coração: a intensa estimulação dos sentimentos (...) do sentido de justiça, de elevação moral, de gratidão, de boa-fé, de dedicação. Um tipo de ensino dotado de poder persuasivo (...) pois, se não bastar a palavra, resta-nos o exemplo. O homem mais modesto, a mulher menos culta, qualquer pai ou mãe poderá oferecê-lo ao seu filho (...) 

Necessário seria, sobretudo, conhecer o carácter de uma criança, fazer com que também se conhecesse a si mesma, e tão profundamente que se sentisse forçada a reconhecer a verdade pelo menos para si própria; chamar a atenção dela para os seus defeitos, fazer-lhe notar os insucessos e as vitórias, encorajar a sua progressão no caminho do bem. Se a criança for ávida de ciência, devemos tentar refreá-la, mostrar-lhe que a inteligência de nada serve sem a bondade, sem a virtude, sem o amor. No caso de se revelar indolente mas doce e afectuosa, é necessário que compreenda que se deve instruir e cultivar por amor àqueles que a educam, e transformar o desenvolvimento da sua inteligência num sacrifício, num acto de completa dedicação (...) há que habituar as crianças a explicarem com arrojo aquilo que conhecem bem e desvalorizar-lhes o pretensiosismo quando falam do que não conhecem de todo, ou do que conhecem mal. Fazer por ridicularizar, sem compaixão, a sua apetência pelo poder. Ridicularizar igualmente os seus apáticos desalentos, pretexto para a indolência (...) O afecto do apreço, da confiança, do discernimento, que fará com que os apuremos segundo o seu mérito, e que os tratemos como o fardo ou o sustentáculo da família, conforme a fraqueza ou a força demonstradas, a dedicação ou o egoísmo (...) O dos colegas, que tendem a arrancar dos outros uma vã honra pública alardeando uma aclamação visível, é o sentimento mais daninho e perverso que podemos fazer eclodir no homem. A criança que triunfa graças à derrota dos seus colegas, e que se alegra em ser coroada em público com mais um louro no alto da cabeça, não passará de um poeta despeitado, um artista invejoso e fingido, um deputado entufado de tola popularidade, um empregado cheio de nula importância, um falso legitimista, um falso doutrinário, um cidadão sem espírito de fraternidade, devoto à pátria apenas devido às recompensas que dela obterá, um orador mais interessado em bem falar do que em demonstrar o bom princípio, um agricultor mais preocupado em alinhar as árvores e em fazer gala de uma manada ostentosa do que em melhorar as suas terras e naturalizar as espécies verdadeiramente adequadas aos seus terrenos, ou seja, um homem desprovido de consciência, de bondade, de genuíno pundonor, cuja utilidade reverte, quando muito, apenas para si mesmo, inútil aonde quer que vá, prejudicial ao bem alheio, e infeliz, caso a sua vaidade não seja satisfeita por um êxito proporcional à sua ambição, ou, caso o seja, perverso, despótico, injusto. 

 

 

George Sand – Diário Íntimo

Antígona (2004)

 

 

16
Mai18

a evitar

Cecília

Evitar o choro, porque as lágrimas são delibitadoras, e ao abatimento seguem-se reacções violentas e decisões nefastas (...) a fúria é sempre alimento de mais fúria, como as lágrimas o são de mais lágrimas. 

 

 

George Sand – Diário Íntimo

Antígona (2004)

 

 

 

 

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