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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

18
Abr23

sem norte

Cecília

Quero falar-vos de uma criança

Que sofreu e ainda sofre

Com a devastação da guerra

E ninguém quer saber.

Uma criança cujos direitos são usurpados,

Cujos dias são contados,

Que passa a vida como uma pena.

Dizem que assinámos um acordo de paz,

Mas por amor de Deus,

De que paz falam vocês?

(...)

Sonhos destruídos,

Ambições quebradas.

Uma criança que sonha dormir sobre uma almofada

E estudar.

Tudo se desmoronou

Mas a nossa vontade continua forte

Porque acreditamos

Que haverá um amanhã melhor

E que a paz vai chegar.

(...)

Excertos do "Poema para a Paz" escrito por Muzdalifa, 17 anos, Sudão

(UNICEF)

 

https://gilmaraunesp.wordpress.com/2011/06/09/o-sudao-e-um-retrato-da-africa/

 

25
Jul22

"Qualquer um pode se afogar, ninguém deveria”: 25/7 – Dia Mundial de Prevenção do Afogamento

Cecília

The bodies of Salvadoran migrant Óscar Alberto Martínez Ramírez and his nearly 2-year-old daughter Valeria. Photo: Julia Le Duc/AP/Shutterstock/Julia Le Duc/AP/Shutterstock

 

[...] migrants, including children are believed to have drowned [...]

 

German rescuer from the humanitarian organization Sea-Watch holds a drowned migrant baby, off the Libyan coast on May 27, 2016.

 

Alan Kurdi's corpse, photographed by a Turkish journalist in the morning's early light on September 2, 2015, looked at first like a sleeping toddler, the 3-year-old's cheek pressed against the sand in breaking water. It was an image that ripped through a crowded news cycle, articulating without words the horror of what was unfolding on the beaches reserved for carefree Mediterranean holidays. Alan was one of millions of Syrians fleeing that country's brutal civil war, but it was the photograph of his death that raised global consciousness to the refugee crisis. The image was shared, retweeted, published and discussed across the world, and then forgotten.

in https://www.ndtv.com/world-news/after-photo-of-her-drowned-nephew-went-viral-syrian-woman-tells-story-1904507

 

19
Abr22

straight ahead

Cecília

Dizem que devemos enfrentar a tempestade acreditando que o Sol brilha do outro lado;

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

Modern Abstract hand-pain Portrait Oil Painting on Canvas:Break Heart.

 

 

08
Abr22

M.S.

Cecília

Constitui um enorme alívio ter alguém a quem fazer sinais e não pronunciar qualquer palavra. 

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

https://www.deviantart.com/enchanting-ce-memory/art/Falling-in-love-129461817

 

21
Mar22

primavera d'alma

Cecília

O rio Douro não teve cantores. Teve-os o Mondego e o Tejo também [...] O rio Douro ficou banido da lírica portuguesa com a sua catadura feroz pouco própria para animar os gorjeios dos bernardins, que são sempre lamurientos e que à beira de água lavam os pés e os pecados. E, no entanto, trata-se de um rio majestoso como não há outro.

 

Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

15
Mar22

barbas de molho

Cecília

Constatei o facto até mesmo em plena angústia, quando, torcendo o lenço entre as mãos, a Susan gritou: "Amo, odeio". Pensei: " Há uma criatura inútil a rir no sótão", e este pequeno exemplo serve para mostrar o modo incompleto como mergulhamos nas nossas próprias experiências.

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

March 15 marks 11 years since the eruption of peaceful protests against the Assad regime in Syria.

The pro-democracy demonstrations demanding change were violently suppressed, leading to a civil war that has cost the lives of hundreds of thousands and torn the country to shreds.

More than a decade later, a brighter future is still far on the horizon for the Syrian people.

in https://www.youtube.com/c/trtworld/community

 

 

21
Fev22

vergonhas [não tão] alheias I

Cecília

Uma pesquisa ilustra bem a resistência dos estereótipos à evidência e, das diferentes situações que envolvia, salientamos duas: uns participantes eram confrontados com fotografias de um grupo de pessoas negras, bem vestidas, descritas num pequeno texto como tendo obtido sucesso na vida; outros participantes eram confrontados com fotografias das mesmas pessoas negras, mas agora vestidas de forma simples e descritas como tendo fracassado na vida. Era pedido aos participantes que avaliassem a cor dos membros de cada um dos grupos, num contínuo de mais negro a mais branco. Os resultados foram claros: as pessoas que apareciam bem vestidas nas fotografias e no cenário de sucesso foram percebidas como mais brancas do que as vestidas de forma simples. Das diferenças de sucesso os participantes inferiram diferenças de cor. Ao que parece, quando a realidade não confirma o estereótipo, mudamos a (perceção da) realidade para manter o estereótipo. 

 

Jorge Vala  – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

05
Fev22

subliminarmente mergulhados

Cecília

Em Portugal, como noutros países, as pessoas negras são consistentemente associadas a violência e isso tem consequências vitais para elas. Muitos leitores lembrarão o caso de Amadou Diallo, um imigrante guineense negro que foi abordado pela polícia de Nova Iorque em fevereiro de 1999 e recebeu instruções para não se mexer. Porém, Diallo levou a mão ao bolso para tirar a carteira com a identificação. Esse gesto foi confundido com o sacar de uma arma. Foi morto com cerca de 40 tiros. Vejamos a este propósito uma linha de pesquisa experimental replicada em vários países, incluindo Portugal, com a participação de estudantes universitários brancos.

Nesta linha de pesquisa, é pedido aos participantes que identifiquem um objeto (uma arma ou uma ferramenta) que é apresentado no ecrã do computador por um brevíssimo espaço de tempo. As respostas são registadas como certas ou erradas. Acontece que antes de o objeto (arma ou ferramenta) ser apresentado no ecrã é colocado no mesmo ecrã ora a foto de uma pessoa negra ora a de uma pessoa branca. Isto é feito de forma tão rápida que os participantes não se dão conta da foto - uma exposição subliminar. O que se verifica é que os participantes brancos confundem mais vezes uma ferramenta com uma arma quando subliminarmente são expostos à foto de um negro. De forma inversa, quando uma arma aparecia na sequência de uma foto de um branco era mais vezes confundida com uma ferramenta. Se com os resultados desta experiência refletirmos sobre o assassinato de Amadou Diallo, apreenderemos melhor o potencial de violência inscrito nos estereótipos.

 

Jorge Vala – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

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