Sara era uma mulher gentil. Eu tinha de endireitar-me. Quando um homem precisava de muitas mulheres era porque nenhuma delas prestava. Um homem podia perder a sua identidade por foder demasiado. Sara merecia mais do que eu lhe dava. Agora tinha de ser eu a dar.
Charles Bukowski – Mulheres (1978) Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2003)
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É uma fogueira disfarçada - observou ele, passando-lhe uma mão pelo cabelo. - Uma emboscada em forma de mulher
Grace Burrowes – Coração Ardente (2017)
Quinta Essência (2019)
Couple au chandelier
Marc Chagall (1887-1985)
Conheci a maturidade infantil
das crianças, mas também não é isso
(...)
fartei-me de tentativas.
Desejo antes a ferida sólida
que não sara, o enigma, essa coisa
que se transporta inteira pelo Universo
como o irreprimível grito
do sangue no vento avisando
o futuro de que não ficámos ilesos
à espessa rede do Amor
(...)
Aperta-me esse mitigado anel tão alto
(...)
porque a angústia, doce angor, e a esperança
informam o meu sangue
do regresso da tua ausência.
Barbeio a infâmia do nosso desencontro,
o homem pode punir-se numa higiene
precária, pode pintar-se e eu
cumpro imenso os rituais
do disfarce.
Fumo a tirania do meu medo, para mim
é sede de ser tarde
a vinda do teu húmido oásis
sotto voce e eu,
eu reduzido a nada.
A morte avança, ama-me sob a luz
da tua voz
cobrindo a terra elementar onde prometidos
potros de crinas soltas e alma leve
se opõem ao vazio.
Paulo da Costa Domingos in Cabeças
Paulo da Costa Domingos – Carmina (1971-1994) Antígona (1995)
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