O António detestava pessoas presumidas. Então, brincávamos com as situações e analisávamos coisas que, para um psicólogo, seriam muito interessantes. Por exemplo, certas atitudes, logo de manhã, que evidenciavam por parte de algumas das nossas clientes uma óbvia falta de relações sexuais ou uma grande frustração nesse campo. De que outra forma se podia explicar o comportamento daquela mulher mal-disposta, pronta a explodir, como se tivesse vontade de bater no cabeleireiro?
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Recém-chegado da tropa no ultramar, no início dos anos 70, António ainda não pertencia ao meio musical. Mas, pela forma de estar, de vestir, e de ser, começava a ser um Extraterrestre, num país onde era pecado ser diferente, numa sociedade que tranquilizava os seus terrores arcaicos com a estandardização. «Sempre Ausente», um poema do álbum Anjo da Guarda, ilustra estes tempos e esta busca:
Diz-me que solidão é esta
Que te põe a falar sozinho
Diz-me que conversa
Estás a ter contigo
Diz-me que desprezo é esse
Que não olhas p'ra quem quer que seja
Ou pensas que não existe
Ninguém que te veja
Que viagem é essa
Que te diriges em todos os sentidos
Andas em busca dos sonhos perdidos
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
- Falávamos mais das clientes, do que dos cabelos. Do feitio, da maneira de ser delas. Nós somos cabeleireiros, somos médicos e somos padres. É uma terapia. Antes era, pelo menos. Mas... é muito esquisito. As mulheres sabem perfeitamente quem nós somos, às vezes até nos contam a vida toda, mas na rua são capazes de não nos falarem. Fingem que não nos veem. Chegámos a encontrar clientes nossas no Pap'Açorda que, ali, faziam de conta que não nos conheciam. Gente supostamente educada, com apelidos sonantes. E nós, é claro, gozávamos imenso com isso. É óbvio que quando ele se tornou um artista conhecido, já faziam gala em conhecê-lo. Se só fosse cabeleireiro, não.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
António Lobo Antunes – A Última Porta Antes da Noite (2018)
Publicações Dom Quixote (2018)
A região continua com falhas nas telecomunicações
Tal como há tês anos, Dina Duarte diz que as comunicações continuam a falhar. Admite “alguma mágoa” porque apesar de todo o esforço que a associação tem feito para alertar para a falta de telecomunicações, “nada melhorou em termos de qualidade de sinal”.
Dificuldades que a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande quer denunciar junto do Governo, depois de esgotadas todas as outras vias. Dina Duarte garante que já foram feitas inúmeras queixas junto da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), e junto de todos os operadores de telecomunicações, mas sem sucesso. Agora vira-se para o Governo, com quem quer reunir para denunciar o que está mal na região de Pedrogão Grande, numa altura em que continuam por aplicar 815 mil euros de donativos de cidadãos e de empresas.
Paulo da Costa Domingos – Carmina (1971-1994) Antígona (1995)
Toutes les machines ont un cœur, t'entends? Toutes les machines ont un cœur, dedans Qui bat, qui bat, qui bat Comme on se bat maman Comme on se bat pourtant
On n'avait pas prévu ça D'avoir des doigts Messenger Des pouces ordinateur Sur les machines on passe des heures Sur les machines on dessine un cœur Qui bat, qui bat, qui bat On tape nos vies dedans Autant de likes et de leurres, de flammes De selfies, de peurs, de smileys en couleur
Toutes les machines ont un cœur, t'entends? Toutes les machines ont un cœur, dedans Qui bat, qui bat, qui bat Comme on se bat maman Comme on ne sait pas vraiment
Comment se sortir de là Le monde la gueule qu'il a Qui c'est qui lui a fait ça? C'est pas nous, c'est pas moi, t'entends? Le bruit des machines permanent Qui bat, qui bat, qui bat Battu pour le moment Je suis tout juste capable De voir le monde en grand Tant que le monde est portable
Toutes les machines ont un cœur, t'entends? Toutes les machines ont un cœur, dedans Qui bat, qui bat, qui bat Comme on se bat maman Comme on se bat pourtant
Tu dis «à quoi ça sert, t'as rien de mieux à faire? Sais-tu le temps que tu perds?» Toutes les machines ont un cœur, pourtant Un monde meilleur caché dedans Qui bat, qui bat, qui bat Moi des idées j'en ai mille Tout au bout de mes doigts Des étincelles et des îles Des ailes que je déploie Maman, maman c'est moi C'est moi, c'est moi le moteur, t'entends? Dans toutes les machines y a mon cœur dedans Qui bat, qui bat, qui bat Comme je me bats maman Si le monde est mon mobile Mon cœur pour le moment Est comme le monde maman
Et le monde est fragile Et le monde est fragile Et mon cœur est fragile Et le monde est fragile Et le monde est fragile
Toutes les machines ont un cœur, t'entends? Toutes les machines ont un cœur, dedans Et mon cœur est fragile
Eu sentei-me num cadeirão à frente dela. Ela bebeu uma cerveja e contou-me o que se passava: « Eu amo-o, sabes, mas não consigo qualquer contacto, ele não fala. Eu digo-lhe fala comigo! Mas, por Deus, ele não fala. Ele diz: " Não és tu, é outra coisa." E é o fim da conversa.»
Charles Bukowski in Não Foi Bem Bernadette - Música para Água Ardente (1983)