forças centrífugas
No centro do racismo está a ideia de inferioridade relativa, dificilmente ultrapassável, de alguns grupos humanos e as relações de dominação envolvidas nesse processo de inferiorização [...]
No quadro desta conceção sobre o racismo, não faz sentido dizer que pessoas negras são «racistas contra os brancos» pois no quadro das relações sociais instituídas nas sociedades de hoje as pessoas negras ocupam um lugar que não lhes confere o poder necessário à inferiorização racial de um outro. De igual modo, não faz sentido dizer que «os negros são racistas contra os ciganos», pois estes grupos são ambos, enquanto categoria racial, grupos denominados, inseridos numa hierarquia cujo funcionamento não controlam no actual statu quo social. Os conflitos que por vezes ocorrem entre estes grupos derivam de interesses conflituais ou de preconceito, mas não de racismo.
Desligar o racismo das relações sociais de poder significa não compreender o que o torna uma força de exploração, segregação ou extermínio.
Jorge Vala – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)