primeira semana do advento
Os prazeres do orgulho são às vezes mais apreciados que os prazeres do amor.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Os prazeres do orgulho são às vezes mais apreciados que os prazeres do amor.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
[...]
Havia na floresta antiga
Um rinoceronte de grande porte
Tinha um só chifre na cabeça,
Coisa que o fazia muito forte.
[...]
Num dia de certa melancolia
Foi ao rio tomar um banho.
E, olhando para cima,
Fez ao sol um pedido sem tamanho:
"Tu, que estás no alto
E tanto podes ver,
Ensina-me o segredo
Para a tristeza desaparecer."
[...]
"Tudo na vida
Depende do nosso olhar.
Não há só triste e contente,
O lado branco, o lado preto.
Há dois olhos para ver
E um coração no peito
Que te ajudará a escolher!"
[...]
Pelos poderes dos astros,
Quero dar-te este presente
[....]
Além do Grande Chifre,
Um outro, menor, apareceu,
E, para melhor entender,
Uma explicação recebeu.
"Tudo na vida
Depende do modo de olhar.
Tu, que às vezes és triste,
Tudo tens para ser feliz.
Assim o meu presente
Te dê uma nova abertura:
No chifre grande terás a força
E, no menor, uma certa ternura."
Ondjaki – A Estória do Sol e do Rinoceronte (2020)
Alfaguara / Penguin Random House Grupo Editorial Unipessoal Lda (2020)
Não penses em nada com o coração descontente e fechado.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
[...] ensinaram que a sabedoria de vida se conquista com experiência e solidariedade e não com graus académicos; que os seres humanos, mesmo nas condições mais adversas, não perdem a esperança, o desejo de transcendência e a aspiração de justiça; que há muitos conhecimentos, para além dos académicos e científicos, muitas vezes nascidos nas lutas contra a opressão e a injustiça; que a solidariedade não é dar o que sobra mas o que faz falta; que a sociedade injusta não é uma fatalidade; e que o amanhã não é um futuro abstrato – é o amanhã mesmo.
Gosto do aspecto copioso, uniforme, quente, não muito esperto mas extremamente fácil e bastante duro das coisas; do modo como conversam os homens que frequentam os clubes e os bares; dos mineiros seminus - de tudo o que é directo e não tem outro fim em vista senão jantar, amar, fazer dinheiro e dar-se mais ou menos bem com os outros; de tudo o que não acalenta grandes esperanças, ideias, ou qualquer coisa do género; de tudo o que só pretende tirar bom proveito de si mesmo.
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Ao fim ao cabo, que se pode fazer quando se está só?
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
... alguém comenta que as coisas têm sido ditas com tanta frequência, que basta uma palavra para que tudo fique dito.
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
23.09.1981
Um dia, em junho desse ano, estava eu no Parlamento Europeu, quando me pus a matutar que um dos deputados europeus tinha sido salvo em 1940 com um visto assinado pelo meu avô. Pensei que talvez fosse simpático da minha parte cumprimentá-lo, e dar-lhe notícias. Peguei na lista do Parlamento Europeu e procurei o nome dele. E, de facto, lá estava ele, com a fotografia: Otto von Habsburg, arquiduque e herdeiro do antigo império austro-húngaro.
Liguei-lhe imediatamente, não sabendo muito bem o que iria dizer, mas fi-lo. Do outro lado respondeu-me uma senhora a quem eu apenas disse que desejava falar com sua excelência. No minuto seguinte, Otto von Habsburg responde-me. Fiquei ligeiramente atrapalhado, não esperava tanta rapidez, e disse-lhe (em francês): «Desculpe incomodá-lo, sou neto de um cônsul português que V. Exa. conheceu há muitos anos...»
«Ah, o seu avô foi um homem ex-tra-or-di-nai-re!!!», respondeu ele. Fiquei sem palavras, parecia-me difícil que ele se lembrasse assim sem mais nem menos, e insisti: «Foi em 1940, em Bordéus. Há 46 anos, durante a guerra.»
«Sim, lembro-me muito bem, Aristides de Sousa Mendes», disse o eurodeputado, sem nenhuma hesitação.
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
110 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.