acabou
- Ou não te serve a companhia? Eu sou boa pessoa.
- Há boas pessoas que nos metem medo.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
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- Ou não te serve a companhia? Eu sou boa pessoa.
- Há boas pessoas que nos metem medo.
Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Estaria relacionada com a emoção que por vezes se sente quando se reconhece aquilo que ainda não se conhece [...]
Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
A arbitrariedade da ideia de raça e do seu uso pode ser bem compreendida através de uma intervenção pedagógica de uma professora americana do ensino básico preocupada em fazer entender aos seus alunos o racismo e a discriminação. Um dia, Jane Elliot informou as crianças suas alunas de que havia grandes diferenças entre as crianças com olhos castanhos e aquelas que tinham olhos azuis. As de olhos azuis seriam mais trabalhadoras, mais inteligentes e melhores pessoas do que as crianças que tinham olhos castanhos. Jane Elliot deu aos alunos vários exemplos disto mesmo e conseguiu criar um sentimento de orgulho e satisfação nas crianças de olhos azuis e de abatimento e raiva nas de olhos castanhos. Ao mesmo tempo, nos membros de cada grupo emergiu um sentimento de destino comum: somos um grupo superior ou, no outro caso, um grupo inferior. A situação foi vivida como verdadeiramente dramática por uns e gloriosa por outros. No dia seguinte, porém, a professora disse às mesmas crianças que se havia enganado. Afinal, os melhores eram os de olhos castanhos. As reações emocionais não se fizeram esperar, os satisfeitos de ontem eram os infelizes de hoje. Após um tempo para que a nova hierarquia produzisse os seus efeitos, a professora interrompeu a atividade das crianças, chamou-as para junto de si e ajudou-as a refletir sobre o que se passou: sobre a ideia de raça, a arbitrariedade, a opressão e o que significava ser uma criança negra. Vinte anos depois, os adultos que eram estas crianças ainda recordavam a situação, as experiências vividas e o impacto que tiveram nas suas vidas.
Jorge Vala – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)
O homem que não tem a música dentro de si e que não se emociona com um concerto de doces acordes é capaz de traições, de conjuras e de rapinas.
William Shakespeare
António de Lima Fragoso
(17 de Junho de 1897 — 13 de Outubro de 1918)
O que eu estou a tentar dizer é que há um certo tipo de jogos que se fazem nos escritórios, por essa América fora. As pessoas estão aborrecidas, não sabem o que fazer e então brincam ao romance-de-escritório. Na maior parte dos casos é mesmo só para passar o tempo. Às vezes, ainda conseguem dar uma ou duas quecas por fora. Mas, mesmo assim, é só um passatempo para distrair, como o bowling, a televisão ou uma festa de passagem de ano. Se perceberes que não tem qualquer significado, não vais sair magoada. Percebes o que te estou a dizer?
Charles Bukowski – Correios (1971)
Antígona (2015)
E eu pensava que a vida brilha quando descobrimos uma pessoa nova. É de espantar que haja tanta gente por descobrir e a vida não brilhe sempre.
Afonso Reis Cabral – Pão de Açúcar
Publicações Dom Quixote (2018)
a tropeçar em si mesmo, não nos sapatos, a tropeçar no interior de si mesmo que é o género de tropeço que provoca as quedas mais graves
António Lobo Antunes – A Última Porta Antes da Noite (2018)
Publicações Dom Quixote (2018)
Eu era teimosa, ele era teimoso. Não me lembro do motivo, sei que nos pegámos os dois. Eu era muito mais pequena, devia-me ter calado. Mas começámos à tareia e o meu pai não gostou. Deu uma tareia nele. Eu fugi e meti-me debaixo da cama. O meu pai procurou-me até ao fim, não tas vou perdoar. E depois, a tareia que tinha dado ao António deu-me a mim também - relato de Maria Amélia.
Mas não há memórias que o descrevam a subir às árvores para ir aos ninhos, ou outras tropelias de miúdos. Já João, o mais velho, meteu um belo dia a irmã dentro de uma arca e esqueceu-se dela. Maria de Lurdes ia morrendo asfixiada, enquanto ele, aflito, a procurava sem se recordar onde a fechara dessa vez. Outra vez, guardou a irmã Amélia, uma criança minúscula, e ainda hoje uma mulher muito pequenina, dentro de uma mala de viagens. Depois pôs-se a correr pelo quintal, abanando a mala de um lado para o outro, até que ela se abriu e deixou cair a miúda completamente atordoada no meio do canteiro das alfaces. António, contudo, não deixou na memória dos irmãos episódios semelhantes:
- Desde muito miúdo já dizia que queria ser músico. Cantava as cantigas que ouvia na rádio e outras que inventava ele próprio (...) E a minha mãe assim: Toninho, vai cortar um bocadinho de erva para os coelhos, e ele: haviam de morrer todos! Sentava-se no quintal e começava a cantar. E a minha mãe: A erva para os coelhos, António? E ele, ó está bem, está bem! - Maria Amélia Ribeiro Costa recordá-lo-á, para sempre, ensimesmado e misterioso, muito solitário e sempre à procura de espaço para abrir a voz. - Ele já tinha dom. Nasceu com ele. Ele era diferente. Foi sempre diferente de nós todos. Vinha de férias e não gostava que ninguém o perturbasse. Há um penedo em cima, do outro lado da rua, ele sentava-se ali, muitas vezes, a escrever. Dizia: Vou para ali para cima. Não quero que ninguém chame por mim. Se alguém vier, eu não estou para ninguém.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)
Quem tem pressa,
come cru.
Saudade é quando o momento
Tenta fugir da lembrança
Para acontecer de novo e não consegue.
Adriana Falcão
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