Porto - Aveiro
Na manhã do dia 7 de Maio de 1829, na então chamada Praça Nova, actual Praça da Liberdade, dez cidadãos portugueses subiram ao patíbulo, para cumprirem uma cruel sentença que os condenara a morrer na forca. Alguns meses depois, em Outubro daquele mesmo ano, mais dois patriotas morreriam, pelo mesmo processo e no mesmo local. São os mártires da liberdade cuja memória o Porto venera, num sarcófago, onde se guardam os seus restos mortais, e recorda, perpetuamente, nas placas de duas artérias que se situam em locais diferentes da cidade, mas não muito distantes uma da outra: o Campo dos Mártires da Pátria, mais vulgarmente conhecido pela Cordoaria, e a Rua dos Mártires da Liberdade (...) Depois de ter jurado, em 1826, a Carta Constitucional que D. Pedro, então imperador do Brasil, outorgara naquele mesmo ano à Nação, D. Miguel, um mês depois desse juramento, dissolveu as Cortes e fez-se aclamar rei absoluto. Logo a seguir mandou publicar um decreto convocatório das cortes tradicionais de que saiu aclamação oficial. No Porto, a aclamação de D. Miguel como rei absoluto ocorreu no dia 29 de Abril de 1828, na Casa da Câmara. Claro que os liberais não gostaram, e a 16 de Maio seguinte revoltaram-se para defender a Carta Constitucional e os legítimos direitos de D. Maria II, em quem o pai, D. Pedro, abdicara do direito ao trono de Portugal. Costuma chamar-se a este movimento a « Revolução do Porto ». Mas o seu a seu dono: a Revolução Liberal de 16 de Maio de 1828 eclodiu, de facto, no Porto, mas começou em Aveiro, tendo por principal mentor e impulsionador o desembargador Joaquim José de Queirós, que era avô do escritor Eça de Queirós.
Germano Silva e Lucília Monteiro – Porto, a Revolta dos Taberneiros e Outras Histórias (2004)
Editorial Notícias (maio 2004)
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