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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

os mortos paridos pela diplomacia

10.02.22

Vamos passear junto ao rio na mais completa solidão. Está quase na hora de deitar. As pessoas já foram para casa. É bastante reconfortante observar as luzes apagarem-se nos quartos dos pequenos comerciantes que vivem do outro lado do rio. Ali está uma, ali outra. Quais terão sido os lucros por eles hoje obtidos? Apenas o suficiente para pagar a renda, a electricidade, a comida e a roupa dos filhos. Mas apenas o suficiente. Como é grande a sensação de que a vida é tolerável que nos é dada pelas luzes dos quartos dos pequenos lojistas! Quando chega o sábado, o mais provável é terem apenas dinheiro para pagar quatro entradas de cinema. Talvez que antes de apagarem as luzes se dirijam até ao pequeno jardim que possuem para olhar o coelho gigante que se encontra dentro da capoeira de madeira. Trata-se do coelho que comerão ao jantar de sábado. Depois apagam as luzes. Depois adormecem. E, para milhares de pessoas, dormir não passa de algo quente e silencioso, de um prazer momentâneo composto por um qualquer sonho fantástico. «Enviei a carta para o jornal de domingo», pensa o merceeiro. «Suponhamos que ganho quinhentas libras no jogo de futebol. E, claro, mataremos o coelho. A vida é agradável. A vida é boa. Enviei a carta. Vamos matar o coelho.» Só então adormece.

[...] Ouço um som semelhante ao deslizar de vagões nos carris. Trata-se da ligação feliz que existe entre os acontecimentos que se sucedem na vida de cada um. Toque, toque, toque. Dever, dever, dever. Deve-se partir, deve-se dormir, deve-se levantar - trata-se daquela palavra sóbria e piedosa que pretendemos insultar, que apertamos com força contra o coração, e sem a qual não existiríamos. Como adoramos o som dos vagões que vão  batendo uns contra os outros ao deslizar nos carris!»

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

porfiar

25.01.21

Através das suas múltiplas variações os contos maravilhosos apresentam situações de crise e de renovação. Descrevem terríveis tribulações, prodígios de abnegação, sofrimentos insondáveis; mas simultaneamente dão a entender que o sofrimento gera a compreensão, o sacrifício propicia a renovação, a abnegação prepara proventos futuros. Isto é, os contos maravilhosos falam de dias maus numa perspectiva otimista. Incitam auditores e leitores a não baixar os braços, convidam a porfiar. 

 

Francisco Vaz da Silva – Gata Borralheira e Contos Similares (2011)
Círculo de Leitores e Temas e Debates (2011)

 

 

Operação Neptuno

06.06.19

share.jpghttps://www.army.mil/d-day/

At the core, the American citizen soldiers knew the difference between right and wrong, and they didn't want to live in a world in which wrong prevailed. So they fought, and won, and we all of us, living and yet to be born, must be forever profoundly grateful.


Stephen Ambrose

 

I'm very disappointed, and I hate leaving the world feeling this way.

 

Pvt. Jack Port, now 97, on the state of the world currently

 

 

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Ao desembarque e a todos os movimento associados foi dado o nome de código de Operação Neptuno. O objetivo de estabelecer uma testa de ponte que desse acesso ao noroeste francês. A operação tinha sido pensada para o dia anterior mas devido ao mau tempo foi adiado para 6 de junho.

Ao todo, 83 115 soldados ingleses e canadianos, mais 73 000 do exército americano desembarcaram na costa da Normandia num espaço de 80 quilómetros das praias ao qual deram nomes de código de Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword (...) 

Entre as cinco praias, Utah foi onde se registaram menos baixas: 197 homens foram foram mortos ou feridos. 

Omaha foi onde se sofreu mais baixas, 2 400 soldados norte-americanos foram mortos.

in https://www.rtp.pt/noticias/mundo/dia-d-as-imagens-os-mapas-e-os-numeros-do-desembarque-na-normandia_es1152387