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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

13
Jul21

handcuffed western world

Cecília

[...] um jogador negro do FCP, foi ruidosamente insultado por adeptos do Vitória. O insulto mais ouvido consistiu numa simulação de sons de macaco. [...] Esta associação a animais de pessoas percebidas como pertencendo a «raças» diferentes é comum naqueles que partilham crenças racistas ou um forte preconceito racial e o expressam de forma aberta. Os nazis associavam os judeus a ratos e baratas. No passado recente, também os tabloides ingleses retomaram estas expressões a propósito dos imigrantes subsarianos que tentam alcançar a Europa cruzando o Mediterrâneo. [...] o racismo continua hoje vivo [...] Importa, por isso, compreender os mecanismos que mantêm o racismo, seja de forma mais escondida ou mais manifesta, no quotidiano e no funcionamento das instituições. Esse objetivo implica analisar crenças, atitudes, sentimentos, normas sociais e funcionamentos institucionais que alimentam e legitimam o racismo, apesar da sua condenação pela democracia, pelos valores igualitários e pela liberdade, e apesar dos custos das desigualdades sociais que produz. 

 

Jorge Vala  – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

16
Jun21

sentido de desobediência

Cecília

É difícil imaginar o estado de espírito de Aristides quando se apercebeu de que não conseguiria salvar todos os refugiados que por ele esperavam. A imagem do cônsul português a passar freneticamente vistos na rua em Bayonne, ou a acelerar rumo à fronteira para abrir ele próprio a cancela antes que lá chegasse a ordem que dava os seus vistos como nulos, foi aproveitada pelos instigadores do seu processo disciplinar para sugerir "ato de loucura" de um "homem perturbado por trágicas circunstâncias". Mas nós, a sua família, sabemos que era compaixão e o sentido de justiça que o moviam, e a vontade de "desobedecer até ao fim" para conseguir salvar o máximo de vidas possível. Mesmo que isso lhe custasse o resto da carreira.

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

15
Abr21

cada gota, conta

Cecília

Plano nacional de combate ao racismo e à discriminação 2021-2025

 


Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação já está disponível para consulta pública e a Federação foi uma das entidades consultadas para a elaboração do documento.

A Federação Portuguesa de Futebol contribuiu para a construção do Plano de Combate ao Racismo e à Discriminação, que foi apresentado esta sexta-feira e já está disponível para consulta pública.

O organismo que tutela o futebol nacional foi uma das entidades desportivas consultadas para elaborar o anexo 9 deste documento.

Para além da FPF, também a Liga Portugal e o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol foram ouvidos antes da conclusão deste trabalho e as três entidades enviaram uma proposta conjunta de medidas a incluir neste Plano.

O documento está organizado a partir de 4 princípios (“Destruição de estereótipos”, “Coordenação, governança integrada e territorialização”, “Intervenção integrada no combate às desigualdades” e “Intersecionalidade”) e 10 áreas de atuação: “Governação, informação e conhecimento para uma sociedade não discriminatória”, “Educação e Cultura”, “Ensino Superior”, “Trabalho e Emprego”, “Habitação”, “Saúde e Ação Social”, “Justiça, Segurança e Direitos”, “Participação e Representação”, “Desporto” e “Meios de Comunicação e o Digital”.

O Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação, que prevê também vagas específicas na Universidade para alunos carenciados, estará disponível para consulta pública até ao próximo dia 10 de maio.

in https://www.fpf.pt/pt/News/Todas-as-not%C3%ADcias/Not%C3%ADcia/news/29192?smkid=1%3AU4UmqcSXqNc&utm_source=smarkio_email&utm_campaign=NLFPF_20210415_Racismo&utm_medium=email

 

 

02
Abr20

apostar na equipa certa

Cecília

Mas em 1983 e em 1984, as autoridades responsáveis pela saúde dos portugueses não estavam informadas, logo, não sabiam como encarar o problema. Portanto, desmentem-no. A sida não existe. A exstir, é noutros países. Não há pragas nem epidemias. O director do Instituto Nacional do Sangue multiplica-se em entrevistas e vai à televisão desmentir a gravidade da situação e pedir às pessoas para não se preocuparem porque Portugal era um país de bons costumes. Só uma mulher, investigadora, estava atenta, e, pior do que isso, preocupadíssima. Odete Santos tinha ouvido falar da doença em 1983, num congresso em Lausanne, na Suíça, para onde foi a convite da maior especialista mundial em infeções hospitalares, que lhe diz: «Se for o que a gente pensa, vai ser uma desgraça!» Odete Santos, que trabalhava com o Instituto Pasteur, em Paris, pediu para ser apresentada ao professor Montagnier, o virologista francês que isolara o vírus... e contra tudo e contra todos iniciou uma batalha pelo conhecimento da doença, em Portugal... Numa enorme solidão, como ela própria admite, a cientista foi discriminada. As pessoas chegavam a mudar de passeio para não lhe falarem... Mas em 1985, com uma equipa diminuta na Faculdade de Farmácia, Odete Santos entra para a História da Medicina ao isolar o VIH-2... (...) A partir daí, a sida, em Portugal, não apenas existe como tem direito a bilhete de identidade. 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)

 

 

 

14
Jan20

serenidade de quadro

Cecília

A expressão de Queenie parecia serena, mas era a serenidade dos santos nos quadros, e não era de fiar. 

 

Wray Delaney - Memórias de Uma Cortesã  (2016)

Quinta Essência, Oficina do Livro (2017)

 

 

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30
Out19

gretas da vida moderna

Cecília

«Passamos o tempo a criar coisas para não nos mexermos, carros para não termos de andar, controlos remotos para não nos levantarmos do sofá, e depois pagamos um ginásio. Pagamos porque criamos utensílios que nos permitem evitar actividades físicas (...) E é exactamente por isso, devido a essa extrema sedentarização, que nos vemos obrigados a mexer-nos. Para isso, basta pagar por uma coisa que evitamos a todo o custo e pela qual trabalhamos tantas horas diárias durante tantos anos: esforço físico. Passar essas oito horas diárias num escritório acinzentado, sentados, e ainda pagar para fazer exercício físico é uma excelente parábola da vida moderna». 

 

Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)

 

 

 

05
Out19

patriotismo de bancada

Cecília

Os patriotas são legião quando a pátria não pede que arrisquem o pêlo. 

 

 

Álvaro Guerra – Razões de Coração (1991)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)

 

 

 

 

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