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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

29
Nov23

Massacre do Zong

Cecília

When Roger had first come to Bernie for legal advice, it had been about investments made in South Africa; he needed a loophole, which he had already figured out, and Bernie had advised him. Bernie had said to him that day, "But I don't like this, Roger," and Roger had just smiled at him and said, "You're my legal adviser, Bernie, not my priest."

 

Elizabeth Strout – Olive, Again (2019)
Penguin Random House UK (2019)

 

Slave-ship.jpgThe Slave Ship (1840)

J. M. W. Turner

 

Turner thus exhibited his painting during the anti-slavery conference, and placed next to the picture his untitled poem, written in 1812:

“Aloft all hands, strike the top-masts and belay;
Yon angry setting sun and fierce-edged clouds
Declare the Typhon’s coming.
Before it sweeps your decks, throw overboard
The dead and dying – ne’er heed their chains
Hope, Hope, fallacious Hope!
Where is thy market now?”
– J. M. W. Turner

in https://joyofmuseums.com/museums/united-states-of-america/boston-museums/museum-of-fine-arts-boston/the-slave-ship-by-j-m-w-turner/ 

 

 

21
Jun23

aside

Cecília

"When I was a kid, and alone [...] I would take these walks and I would get this feeling, this very deep sensation, and I understood - only the way a kid could understand these things - that it had something to do with God. But I don't mean God like some father figure, I don't even know what I mean - "

 

Elizabeth Strout – Olive, Again (2019)
Penguin Random House UK (2019)

 

 

30
Mai23

Ai Ciro, Ciro [ ou quando o povo gosta de brincar ao ping-pong]

Cecília

Não invejo um homem que não se define, nem na consciência, nem na experiência. 

 

Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

13
Fev23

com maneiras

Cecília

tinha conservado um certo jeito de saltar de uma cadeira e se pôr em movimento como fazem as meninas ainda pouco submetidas às maneiras de salão. 

 

Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

27
Set22

característica central apaparicada (não esquecida)

Cecília

Ah, mas isto não é bem fascismo, dirão os mais fascinados. Ok, ignoremos então em Meloni o ídolo Mussolini, os familiares de Mussolini, as ideias copiadas a Mussolini, os cachecóis com o lema "Deus Pátria e Família". Usemos o guia prático com 14 características comuns da ideologia criado pelo escritor Umberto Eco, e vejamos se elas se aplicam.

O culto da tradição e a rejeição da modernidade. A acção em vez da ponderação. O esmagar do espírito crítico, porque pensar pela própria cabeça é trair. O medo da diferença. O aproveitamento dos ressentimentos sociais. A obsessão pelas teorias da conspiração. Descrever o inimigo, simultaneamente, como muito forte e muito fraco. Desprezo pelos que estão na mó de baixo. Desprezo pelo pacifismo, que também é traição. A obsessão pelo heroísmo e o culto da morte. O machismo e culto das armas. Populismo elitista, em que a resposta emocional de uns poucos é difundida como a Voz do Povo. E finalmente o uso de uma comunicação simplificada, de vocabulário estridente e empobrecido, para limitar o uso da razão [...]

Aqueles que sim conhecem a História sabem como termina este filme que começa com pompa e arrogância: em desastre. Veremos então quem será o bode expiatório, porque se há uma característica central do fascismo que Umberto Eco esqueceu, é a divisão permanente da sociedade em Nós e Eles – em que Eles são os causadores de todos os males que nos afligem. Desta vez, os maiores candidatos a "eles" são os migrantes e a Europa. 

Hugo Guedesin https://www.wort.lu/pt/mundo/reviver-o-passado-em-roma-6332d1c2de135b92365616fa

 

 

02
Jun22

Amor è palpito / Dell´universo intero, / Misterioso, altero / Croce e delizia al cor.

Cecília

No primeiro caso, falamos de um espectador regular do cinema, que abordou Soraia a propósito de um pretenso convite. «Veio à bilheteira e disse-me que estava na lista de convidados daquela noite. Fiz a pesquisa e não encontrei o nome, ao que ele me respondeu: "Sabe quem é que eu sou? Sou professor universitário. Procure lá isso bem, ou não sabe ler?"» Remoque ignorado, nova vista de olhos à lista de convidados. «Peço imensa desculpa, mas o seu nome não está aqui.» «Olhe, é por causa de pessoas como a menina que o país está como está. Você não tem instrução nenhuma e está-me a dizer a mim, que sou professor universitário, que eu não tenho o meu nome na lista. Provavelmente a menina nem sabe ler.» «Eu insisti que já tinha verificado várias vezes, mas ele não desarmou. "Você é uma incompetente, está aqui porque não arranja trabalho em mais lado nenhum. Deve estar aqui por caridade. Você não serve para nada." E foi-se embora.» Trémula, com os olhos marejados, Soraia acabou por ser consolada por duas clientes que assistiram à cena [...] «A verdade é que as duas senhoras me acalmaram, compraram os bilhetes delas, foram-se embora, mas depois voltaram. Trouxeram-me um pacotinho de M&M's "para alegrar o seu dia".» Mas o verdadeiro golpe de teatro (curiosamente, num cinema) estava guardado para mais tarde. Duas ou três horas depois do desaguisado, eis que surge o cliente destemperado, desta vez com um pedido de desculpas. «Eu nem queria acreditar. Ela volta à bilheteira e diz: "Queria pedir-lhe desculpa, porque falei consigo de uma forma como não devia ter falado." Fiquei estupefacta, não sei se ele me viu a chorar, a ser consolada pelas outras senhoras, ou se foi porque não lhe respondi... Se calhar estava à espera que eu alimentasse a coisa. Mas pronto, teve ali um rebate de consciência.» A acompanhar o arrependimento, o professor universitário trouxe uma caixa de bombons, que ofereceu a Soraia. «Apanhei uns nervos terríveis... mas acabei o dia cheia de chocolates.»

 

Pedro Vieira – Em que posso ser útil? (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos e Pedro Vieira (2021)

 

 

21
Fev22

vergonhas [não tão] alheias I

Cecília

Uma pesquisa ilustra bem a resistência dos estereótipos à evidência e, das diferentes situações que envolvia, salientamos duas: uns participantes eram confrontados com fotografias de um grupo de pessoas negras, bem vestidas, descritas num pequeno texto como tendo obtido sucesso na vida; outros participantes eram confrontados com fotografias das mesmas pessoas negras, mas agora vestidas de forma simples e descritas como tendo fracassado na vida. Era pedido aos participantes que avaliassem a cor dos membros de cada um dos grupos, num contínuo de mais negro a mais branco. Os resultados foram claros: as pessoas que apareciam bem vestidas nas fotografias e no cenário de sucesso foram percebidas como mais brancas do que as vestidas de forma simples. Das diferenças de sucesso os participantes inferiram diferenças de cor. Ao que parece, quando a realidade não confirma o estereótipo, mudamos a (perceção da) realidade para manter o estereótipo. 

 

Jorge Vala  – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

18
Fev22

espelhos cegos

Cecília

[...] o preconceito está mais interiorizado e escapa mais ao controlo consciente do que aquilo que geralmente pensamos.

 

Jorge Vala  – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

05
Fev22

modalidade avestruz

Cecília

[...] isto indica que a situação criada colocou em evidência duas modalidades de relação social, que vieram a ser experimentalmente desenvolvidas em estudos posteriores: uma que favorece os «nossos», e outra de acordo com a qual devemos tratar todos de igual forma. 

 

Jorge Vala – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

24
Jan22

o talento da leveza

Cecília

Mas nós perdemos as leves

sandálias do vento

já não conhecemos o gozo

vegetal

 

António Ramos Rosa in VINTE POEMAS PARA ALBANO MARTINS - Obra Poética I

Assírio & Alvim (2018)

 

 

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