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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

fuga

02.08.23

" [...] Have a cry like you've never had in your life. And when you're done, get yourself something to eat. I bet you haven't eaten a thing all day."

"You're right, I haven't. And I will eat something, I promise. But I don't feel like crying anymore, Bernie. I feel... I feel like I could practically sing."

"Then do that," he said.

 

Elizabeth Strout – Olive, Again (2019)
Penguin Random House UK (2019)

 

 

inner peace

15.02.23

Estou prestes a sufocar de felicidade natural, e por vezes desejava que este sentimento de realização esmorecesse, que o peso da casa adormecida deixasse de existir (e que tanto se faz sentir quando nos sentamos a ler)

 

Virginia Woolf – As Ondas (1931)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

Origin: Hindhuism
Language: Sanskrit

Om Om Om
Sarvesham Svastir Bhavatu
Sarvesham Shantir Bhavatu
Sarvesham Poornam Bhavatu
Sarvesham Mangalam Bhavatu
Om, Shanti, Shanti, Shanti

Mantra's Meaning:

May there be happiness in all
May there be peace in all
May there be completeness in all
May there be success in all

 

primavera d'alma

21.03.22

O rio Douro não teve cantores. Teve-os o Mondego e o Tejo também [...] O rio Douro ficou banido da lírica portuguesa com a sua catadura feroz pouco própria para animar os gorjeios dos bernardins, que são sempre lamurientos e que à beira de água lavam os pés e os pecados. E, no entanto, trata-se de um rio majestoso como não há outro.

 

Agustina Bessa-Luís – Fanny Owen (1979)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

o jogo do fogo das coisas que são

19.07.21

Era 1h15m. Os jovens militares não compreendiam nada do que se passava. Pouco depois de terem formado, aparece-lhes à frente o tal capitão, que lhes faz um discurso bastante simples: «Há várias formas de Estado: Estados liberais, estados democráticos e... o estado a que "isto" chegou. Vamos fazer um golpe de estado. Só vem quem quer. Quem não quiser, não vem.»

Entre esses «bravos» há um cadete de segundo ciclo que dá pelo nome de Francisco Fernando de Moncada de Sousa Mendes. Tem 21 anos, e é neto de Aristides e de Angelina de Sousa Mendes. É meu primo em primeiro grau, e também ele conhece bem o drama vivido pela mãe, Clotilde, pelos avós e demais familiares. Claro que o jovem diz que sim, que quer viver este momento histórico [...]

Gosto de pensar que é mais do que mera coincidência o facto de, entre os 240 que saíram nessa noite da Escola Prática de Cavalaria de Santarém em viaturas blindadas para irem fazer o tal golpe de Estado a Lisboa, haver um descendente directo de Aristides de Sousa Mendes [...] Alguém terá mais tarde dito a Francisco Fernando que o acaso não existe, e que havia uma razão para ele se encontrar naquele preciso momento na Escola Prática de Cavalaria na especialidade de atirador de cavalaria... 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

adorei as almas!

13.05.21

 

O último símbolo que quero destacar é o rosário ou as contas. [...] O rosário cristão se confunde com as contas do “Òpelè-Ifá” ou “Rosário de Ifá”, que é um instrumento divinatório dos tradicionais sacerdotes de Ifá (Ifá é o porta-voz de Orumilá e de outros Orixás). Vale lembrar que o culto dos negros a Nossa Senhora do Rosário, se deve também ao paralelismo estabelecido entre o rosário desta Nossa Senhora e o Rosário de Ifá, obviamente já conhecido por muitos negros. Por isso, sempre insisto que o culto dos negros a
Nossa Senhora do Rosário é ao mesmo tempo adaptação e resistência [...]

E termino com a saudação aos pretos velhos proferida na maioria dos terreiros de
Umbanda [...] e que demostra a multiplicidade do culto e suas referências: “Salve Jesus
Cristo e Nossa Senhora... Salve os Orixás... Saravá o Preto Velho... Adorei as almas”.

 

in http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364730161_ARQUIVO_Adoreiasalmas-XXVIISNH-textocompleto.pdf

 

 

unfiltered and loud, proud of this skin full of scars

08.05.21

Estrias de ignorância para enunciar 

o canto material 

 

António Ramos Rosa in PRONUNCIAR A TERRA - Obra Poética I

Assírio & Alvim (2018)

 

 

busca(r)

31.03.21

 

essa paixão árida que não canta 

mas vibra seca no papel incerta 

 

Quem detém os olhos? Quem vê o curso

do vento nas palavras?

E as flechas que por vezes se desfazem?

 [...]

 

Tudo o que o poema faz desfaz

 

Mas sustenta a ferida 

nas margens mais distantes 

da distância 

na insensata esperança

no abismo 

 

Tu beijas aqui a dança e o desastre 

 

 

António Ramos Rosa in  O INCERTO EXACTO  - Obra Poética I

Assírio & Alvim (2018)

 

 

(recuperando)

02.03.21

um punho de fogo e um verdadeiro sorriso de aurora 

[...]

É toda mar e vento e praia com um adejar de gaivotas nos cabelos.

[...]

o seu adeus uma ondulada mão desfazendo-se entre mar e céu. 

 

António Ramos Rosa in  MUSAS  - Obra Poética I

Assírio & Alvim (2018)

 

 

quero-me

13.01.21

Dar a vida ao cavalo rumo à mulher mais forte,

dona do seu sossego e do

seu estar no estar da sua própria casa. 

 

António Ramos Rosa in  CICLO DO CAVALO  - Obra Poética I

Assírio & Alvim (2018)

 

 

rock poema

06.01.21

«Vais deitar abaixo os grupos de rock. Nunca vi nada assim. Gostaria de ter-te lá todas as sextas e sábados à noite.»

«Isso não resultaria, Marty. Pode-se cantar a mesma canção dezenas de vezes, mas com os poemas querem sempre algo de novo.»

 

Charles Bukowski – Mulheres (1978)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2003)