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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

sistemas

15.03.22

Por exemplo, os comportamentos violentos e deliquentes são geralmente associados a minorias. Como explicar esta associação recorrente entre minorias e comportamentos deliquentes? Será mesmo assim ou trata-se de uma percepção enviesada? Uma investigação replicada frequentemente ajuda-nos a responder a esta pergunta.

Aos participantes neste estudo apresentam-se frases em que indivíduos de dois grupos diferentes (A e B) são descritos como tendo realizado comportamentos positivos e negativos. Além disso, é dito que o grupo A tem o dobro dos membros do grupo B, sendo deste modo criada a ideia de que o grupo A é maioritário relativamente a B. São ainda apresentados mais comportamentos positivos do que negativos para ambos os grupos e a proporção de comportamentos positivos e negativos é a mesma para ambos os grupos. É pedido aos participantes que recordem o número de comportamentos positivos e negativos de cada grupo. Resultado: eles tendem a lembrar-se aproximadamente do mesmo número de comportamentos positivos em ambos os grupos, contudo subestimam o número de comportamentos negativos do grupo maioritário e sobrestimam esses comportamentos no grupo minoritário. Ou seja, os participantes estabelecem uma «correlação ilusória», associando os comportamentos negativos (menos frequentes) ao grupo minoritário (menos frequente), isto é, associaram duas realidades pouco frequentes. A sobrestimação de comportamentos negativos nos grupos minoritários será com grande probabilidade o resultado de um mecanismo cognitivo enviesador, uma ilusão produzida pelo sistema cognitivo de quem perceciona.

 

Jorge Vala  – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)

Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)

 

 

rugas (I)

19.05.17

 Arrugas

Rugas

 

 

  • ¿ Quieren tomar algo? – preguntó acto seguido Madeleine.
  • Con mucho gusto.
  • ¿ Qué quieren?
  • Lo que haya – contestó Delphine, que ya se había dado cuenta de que más valía no llevarle la contraria. La mujer se fue a la cocina y dejó a los invitados en el salón. La pareja se miró en un silencio apurado. No tardó en volver Madeleine con dos tazas de té al caramelo.

Frédéric se tomó el té por cortesía, aunque lo que más asco le daba en el mundo era el aroma a caramelo.

(…)

  • Muchas gracias por haber sacado tiempo para atendernos.
  • Nada de gracias. ¿ Les ha gustado el té al caramelo?
  • Sí, gracias – contestaron Delphine y Frédéric a dúo.
  • Me alegro, porque me lo regalaron y no me gusta nada. Así que intento darle salida cuando tengo invitados.

Al ver la casa de asombro de los parisinos, Madeleine añadió que lo decía en broma. Según iba envejeciendo, se percataba de que nadie pensaba ya que fuera capaz de tener sentido del humor. Claro, los viejos no pueden por menos de convertirse en unas personas lúgubres que no entienden nada ni son capaces del menor ingenio.  

 

 

David Foenkinos - La biblioteca de los libros rechazados (2016)
Titulo original: Le Mystère Henri Pick
Traducción de María Teresa Gallego Urrutia y Amaya García Gallego
Penguin Random House Grupo Editorial S.A.U. (febrero, 2017)