Ao peso da sua condenação se deverá, certamente, o silêncio quase total dos contemporâneos, quaisquer que fossem as suas razões - «alguns por medo, outros por remorso» - e as formas externas de que se revestiram: e que vão desde as versões piedosamente «atenuadas» do suplício (e não menos empenhadas em justificá-lo), à remoção do nome Frei Giordano «dos registos da Ordem de S. Domingos» e das Universidades e Academias em que tinha ensinado.
Silenciaram também o facto da sua morte, com unânime cumplicidade, não só «os escritores da história profana» - que não deixaram, porém, de relatar as condenações de outros heréticos «daquele fim de século» - como ainda «os da história eclesiástica» e até os que, em vida, o protegeram, lhe deram hospitalidade e partilharam da sua amizade.
Giordano Bruno - Acerca Do Infinito, Do Universo E Dos Mundos
Fundação Calouste Gulbenkian (junho 1998)
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Giordano Bruno
(Nola, Reino de Nápoles, 1548 — Roma, Campo de Fiori, 17 de fevereiro, 1600)
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Apresento-vos agora a minha especulação acerca do infinito, do universo e dos mundos inumeráveis.
(...)
começa-se a demonstrar a infinidade do universo, e apresenta-se o primeiro argumento, tirado o facto de não saberem onde termina o mundo aqueles que mediante a fantasia lhe querem fabricar muralhas.
Giordano Bruno - Acerca Do Infinito, Do Universo E Dos Mundos
Fundação Calouste Gulbenkian (junho 1998)