strength to carry on
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A arbitrariedade da ideia de raça e do seu uso pode ser bem compreendida através de uma intervenção pedagógica de uma professora americana do ensino básico preocupada em fazer entender aos seus alunos o racismo e a discriminação. Um dia, Jane Elliot informou as crianças suas alunas de que havia grandes diferenças entre as crianças com olhos castanhos e aquelas que tinham olhos azuis. As de olhos azuis seriam mais trabalhadoras, mais inteligentes e melhores pessoas do que as crianças que tinham olhos castanhos. Jane Elliot deu aos alunos vários exemplos disto mesmo e conseguiu criar um sentimento de orgulho e satisfação nas crianças de olhos azuis e de abatimento e raiva nas de olhos castanhos. Ao mesmo tempo, nos membros de cada grupo emergiu um sentimento de destino comum: somos um grupo superior ou, no outro caso, um grupo inferior. A situação foi vivida como verdadeiramente dramática por uns e gloriosa por outros. No dia seguinte, porém, a professora disse às mesmas crianças que se havia enganado. Afinal, os melhores eram os de olhos castanhos. As reações emocionais não se fizeram esperar, os satisfeitos de ontem eram os infelizes de hoje. Após um tempo para que a nova hierarquia produzisse os seus efeitos, a professora interrompeu a atividade das crianças, chamou-as para junto de si e ajudou-as a refletir sobre o que se passou: sobre a ideia de raça, a arbitrariedade, a opressão e o que significava ser uma criança negra. Vinte anos depois, os adultos que eram estas crianças ainda recordavam a situação, as experiências vividas e o impacto que tiveram nas suas vidas.
Jorge Vala – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)
Mesmo assim, iguais a crianças, vamos contando histórias uns aos outros, e, para as conseguirmos decorar, inventamos estas frases ridículas, rebuscadas, belas. Estou tão cansado de histórias, tão cansado de frases que assentam tão bem! Para mais, detesto projectos de vida concebidos em folhas de blocos de apontamentos! Começo a sentir saudades de um tipo de linguagem semelhante à que é usada pelos amantes, composta por palavras soltas e inarticuladas
Virginia Woolf – As Ondas (1931)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
She thought: This is the stupidest thing I have ever done. And then she thought: It's no stupider than that stupid baby shower I went to [...] " Jack?" she called to him.
"Yes, Olive?" he called back.
"This is the stupidest thing I've ever done." She didn't know why she had said that.
"The stupidest thing you ever did was go to that baby shower," he called back, and Olive felt stunned for a moment.
Elizabeth Strout – Olive, Again (2019)
Penguin Random House UK (2019)
O mundo não assenta. O amor não principia.
[...]
O amor descobre em tudo a substância aberta.
António Ramos Rosa in HÁ UM AMOR - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
Adiro a uma nova terra adiro a um novo corpo
António Ramos Rosa in AS PALAVRAS - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
Desce a dançarina exacta
até ao extremo da brancura
[...]
Absoluta a suavidade sem espera
[...]
o silêncio entre os corpos
António Ramos Rosa in A PARTIR DO DESERTO - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
https://www.huffpost.com/entry/benjamin-millepied-racism-in-ballet_n_58666c5ce4b0d9a5945afb7a
In the documentary, Millepied talks at length about the racism he encountered at the historic Paris institution upon joining in 2014. “I heard someone say a black girl in a ballet is a distraction,” he recalls. “If there are 25 white girls, everyone will look at the black girl. Everyone must be alike in a company, meaning everyone must be white.”
“I have to shatter this racist idea,” he adds.
«Que arranhão é este nas tuas costas?»
«Qual arranhão?»
«Há aqui um enorme... é duma unha de mulher.»
«Se ele está aí, foste tu quem o fez...»
«Está bem. Conheço um modo de descobrir.»
«Como?»
«Vamos para a cama.»
«OK!»
Passei no teste com sucesso, mas de seguida pensei: como pode um homem testar a fidelidade da mulher? Isto parecia-me injusto.
Charles Bukowski – Mulheres (1978)
Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2003)
Escrever sobre Lorde B provocou em mim grande melancolia. Lamento imenso nunca lhe ter dito que o amava, porque a minha ingenuidade me fazia pensar que o coração só pode amar uma vez. Percebo agora que amei três pessoas, que esses três amantes eram muito diferentes uns dos outros e que cada um ocupa um lugar diferente no meu coração. Mercy, Lorde B. E o maior e menos mobilado espaço do meu coração é o do amor que sinto por si. Tem nele pouco mais que uma cama. Como é estranho que lhe tenha oferecido a parte de leão do meu coração quando fez tão pouco para o merecer, e sabendo eu tão pouco de si.
Wray Delaney - Memórias de Uma Cortesã (2016)
Quinta Essência, Oficina do Livro (2017)
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