O tempo passava, e Aristides não perdia a esperança de que melhores dias viessem, apesar do seu estado de saúde deteriorado, pelo derrame cerebral e pela situação absurda em que se encontrava. Houve quem lhe sugerisse que se dirigisse a um influente amigo de Salazar - António Cerejeira, o cardeal-patriarca. Sempre otimista, o meu avô assim fez. Finalmente, obteve uma resposta: «Que se dirigisse a Fátima e aí rezasse pela intercessão de Nossa Senhora.»
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
[...] e ali nos sentávamos, às cinco da manhã, à espera de serviço, à espera que algum carteiro efectivo telefonasse a dizer que estava doente. Normalmente, os carteiros efectivos adoeciam quando chovia ou quando havia uma vaga de calor, ou então depois de um feriado, quando o correio duplicava.