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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

as associadas do bem

14.09.23

«Há um olho em cada pedra

Uma pedra em cada olhar

Um pedreiro à tua espreita

Que te há de apedrejar»

 

José Eduardo Agualusa – A Conjura (1989)

Quetzal Editores (2017)

 

 

as neutralidades de bom aluno (I)

24.06.21

a sua carta sem resposta dirigida ao Presidente da República. Essa carta, datada de 1 de setembro de 1945, numa altura em que o meu avô já teria tido o primeiro AVC e precisava que alguém lhe escrevesse os textos, foi ditada por ele a Gigi. É uma carta que reflete a situação de desespero em que vivia a família [...] O presidente Carmona, homem de armas e chefe das Forças Armadas portuguesas também teve receio de responder ao cônsul de Bordéus, e , prudentemente, preferiu reenviá-la a Salazar, em cujo "Arquivo Pessoal" foi encontrada pelo biógrafo do meu avô. 

 

António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes  (2017)

 

 

que viagem

18.11.20

Recém-chegado da tropa no ultramar, no início dos anos 70, António ainda não pertencia ao meio musical. Mas, pela forma de estar, de vestir, e de ser, começava a ser um Extraterrestre, num país onde era pecado ser diferente, numa sociedade que tranquilizava os seus terrores arcaicos com a estandardização. «Sempre Ausente», um poema do álbum Anjo da Guarda, ilustra estes tempos e esta busca:

 

Diz-me que solidão é esta 

Que te põe a falar sozinho

Diz-me que conversa

Estás a ter contigo

Diz-me que desprezo é esse

Que não olhas p'ra quem quer que seja

Ou pensas que não existe

Ninguém que te veja

Que viagem é essa

Que te diriges em todos os sentidos

Andas em busca dos sonhos perdidos 

 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)

Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)

 

 

 

 

Café Calcinha

16.11.16

Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.



À guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra




Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério.

 

 

Enquanto o homem pensar
que vale mais que outro homem,
são como os cães a ladrar,
não deixam comer, nem comem.

 

Gosto do preto no branco,
como costumam dizer:
antes perder por ser franco
que ganhar por não ser.

 

 

 

 

 

 

 

António  Aleixo  

(18 de fevereiro, 1899 — 16 de novembro, 1949) 

antónios

28.07.16

                             Antonio Lucio Vivaldi

              (4 de março, 1678 — 28 de julho, 1741)

 

 

 

                                           

Tem a música o poder   

de tornar o homem feliz;

nem há quem saiba dizer

tanto quanto ela nos diz.

 

António Aleixo

(1899 - 1949)