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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

quaquaraquaquá

21.06.21

he kept thinking of his wife, Betsy, and he wanted to howl. He understood only this: that he deserved all of it. He deserved the fact that right now he wore a pad in his underwear because of prostate surgery, he deserved it; he deserved his daughter not wanting to speak to him because for years he had not wanted to speak to her - she was gay; she was a gay woman, and this still made a small wave of uneasiness move through him. Betsy, though, did not deserve to be dead. He deserved to be dead, but Betsy did not deserve that status [...] 

When his wife was dying, she was the one who was furious. She said, "I hate you." And he said, " I don't blame you." She said, "Oh, stop it." But he had meant it - how could he blame her? He could not blame her. And the last thing she said to him was: "I hate you because I'm going to die and you're going to live."

As he glanced up a seagull, he thought, But I'm not living, Betsy. What a terrible joke it has been. 

 

Elizabeth Strout – Olive, Again (2019)
Penguin Random House UK (2019)

 

 

são e normal (no meio da anormalidade aceite)

16.06.21

Uma bela noite, um grupo de jovens - Rui Pêgo, Luís António Vitta, António Duarte, e António Campelo, operador da Rádio Renascença -, apareceram em casa de António Variações, onde, por iniciativa própria, mas obviamente com o apoio da Rádio, foram montar um estúdio de gravação. De camisola verde de gola alta, microfone verde, de lenço na cabeça, «e uma data de coisas penduradas, pulseiras, anéis», este abriu-lhes a porta. Era uma figura completamente fora de qualquer contexto habitual, num cenário espantoso, e nenhum deles estava preparado para...aquilo:

- Entrámos e... era tudo verde! Era de cortar a respiração. Tendo nós todos a ideia de que éramos muito informados e moderninhos, a verdade é que eu não estava de todo preparado para entrar numa casa toda verde, e ser recebido por um homem todo vestido de verde [...]

O espanto foi tal, que, segundo conta Rui Pêgo, ele e o António Duarte nem conseguiram falar muito, limitando-se a balbuciar umas amabilidades por ele os ter recebido, e a murmurar qualquer coisa como «vamos lá gravar e tal». Pelo seu lado, António Variações estava nervosíssimo. [...]

- Nervosíssimo mesmo! A única pessoa confortável nesta situação surreal era o Luís Vitta - que também não é uma figura muito normal. 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)

 

 

 

 

amor pede música e a mesma canção

15.12.16

Se eu pudesse te dar um só conselho que resumisse tudo o que uma pessoa pode procurar num amor, seria esse: busque alguém que sinta a música. Não precisa ser um exímio violinista, nem conhecer bandas da República Tcheca. Mas sentir a música, se entregar para a música, viver a música.

(...)

Não importa se ele não sabe o compositor ou confunde Baden Powell com Vinícius de Morais. O que importa é que quando ele escuta Samba da Bênção e ouve “a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser tão triste, não”, ele sinta aquilo de verdade e sorria.

Procure um amor que sinta a música. Porque quem vive como se fosse uma canção, pode até não te fazer feliz pra sempre, mas vai te fazer feliz de verdade.

 

in http://eoh.com.br/procure-um-amor-que-sinta-a-musica/