- Não a amo, e pergunto a mim mesmo porque a não amo - disse. - Porque não há-de ter ela o brio de me desprezar e de me substituir pelo mais ridículo dos homens? Todos são mais dignos do que eu.
- As mulheres são assim. Não sei que aliciante tem o desprezo, que parecem lutar por ele como por uma vitória.
Agustina Bessa-Luís –Fanny Owen(1979)
Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)
Enfim, a Crise instalara-se como facto consumado e falava-se dela como de um ente familiar incómodo, incontornável, omnipresente. A ilustrá-la, há uma recorrente falta de géneros. Ou é o arroz, ou é a batata, ou é o leite, ou é o feijão que desaparecem das prateleiras das mercearias e supermercados. Contra todos os pedidos e tentativas de limitar o açambarcamento pessoal, as pessoas compram o que precisam e não precisam, sujeitando-se a filas intermináveis nas caixas de pagamento, usando todos dos membros disponíveis da família em incursões de rapina que esvaziam as prateleiras de artigos de primeira necessidade, que depois, nas casas e despensas de cada um, irão paulatinamente apodrecer, deteriorarem-se ou encherem-se de gorgulho.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
No inicio de 2015, torna-se do conhecimento público que, tal como 107 mil outros Portugueses, não pagou à Segurança Social a sua contribuição enquanto trabalhador independente, antes de ser nomeado primeiro-ministro, situação que aconteceu durante a Governação do Partido Socialista. À data, a dívida encontrava-se prescrita, mas optou por ainda assim pagar o valor em dívida.
As suas primeiras declarações foram no sentido de que não pagou a dívida por desconhecimento de que o deveria fazer, uma vez que nunca havia sido informado para o fazer. Posteriormente, surgem indicativos que este pediu esclarecimentos sobre a sua situação fiscal, já quando ocupava o cargo de primeiro-ministro, tendo então intenção de pagar a dívida, já prescrita, quando o seu mandato terminasse. A polémica gerada em torno do caso foi categorizada pelo então Presidente da República, Cavaco Silva, como campanha eleitoral. A Autoridade Tributária e Aduaneira instaurou processos disciplinares aos funcionários que consultaram os dados fiscais de Passos Coelho, e de outros contribuintes, por alegada quebra de sigilo fiscal.
Em novembro de 2017, a empresa Tecnoforma, da qual foi consultor e administrador, foi investigada pelo gabinete Anti-Fraude da União Europeia. No entender deste gabinete, há cerca de 7 milhões de euros que devem ser restituídos à UE.