As visões românticas da Europa medieval omitem os requintados instrumentos de tortura e ignoram candidamente a taxa de homicídio de então, trinta vezes superior à actual. Os séculos pelos quais sentimos nostalgia eram tempos em que a mulher de um adúltero podia ver o nariz amputado, uma criança de sete anos podia ser enforcada por roubar um saiote, a família de um prisioneiro teria de pagar pelos seus grilhões, uma bruxa podia ser serrada ao meio e um marinheiro açoitado até ficar em carne viva.
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019) Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)
Pode ser que a leitura tenha os dias contados, não faço futurologia, mas por enquanto está muito melhor do que era. A avó dos meus filhos, que nasceu numa aldeia isolada do Alentejo e teve uma paixão proibida e incompreendida pelos livros, tinha de ler às escondidas porque a leitura era uma actividade inútil, não era produtiva, e uma mulher devia dedicar-se aos meritosos descasque de batatas e cosedura de meias. Hoje, podemos ler em público sem que a maioria dos considere uns vadios inúteis. Há duas décadas não poderia ter lido certos livros e certos autores: vivíamos em liberdade, mas as edições eram muito limitadas, tanto no volume de obras traduzidas como na edição, distribuição e importação (...) É verdade que Plotino, Saadi ou Diógenes Laércio continuam sem edições portuguesas, bem como alguns autores contemporâneos, como Cãrtãrescu ou Mrozek, mas hoje podemos entrar numa livraria e ter escolhas e liberdades que nunca tivemos.
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019) Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)
Voltando a citar Pinker: «A aversão à modernidade é uma das grandes constantes da crítica social contemporânea. Quer seja a nostalgia pela intimidade das cidades pequenas, pela sustentabilidade ecológica, pela solidariedade comunitária, pelos valores familiares, pela fé religiosa, pelo comunismo primitivo ou pela harmonia com os ritmos naturais, todos querem que o relógio retroceda. O que a tecnologia nos deu, questionam eles, excepto a alienação, a espoliação, a patologia social, a perda de sentido e o consumismo que está a destruir o planeta para nos dar McMansions, utilitários desportivos e reality shows na televisão?
Os defensores da modernidade, por outro lado, sublinham as dificuldades diárias anteriores às sociedades sedentárias, e como os nossos antepassados «viviam infestados de piolhos e parasitas em caves atulhadas com as suas próprias fezes (...) Mas não era apenas o mais elementar conforto que faltava aos nossos antepassados. Eram também as coisas mais elevadas e nobres da existência, como conhecimento, beleza e contacto humano. Até há pouco tempo, a maior parte das pessoas não viajava mais do que alguns quilómetros para lá do seu lugar de nascimento
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019) Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)
Let's dance always, let's always rejoice The joy I have expressed for others shall be my portion too I rejoiced with you, I rejoiced with you I rejoiced with you and now it is my time to rejoice I rejoiced with you, I rejoiced with you The joy I have expressed for others shall be my portion too
Everybody's born a winner, yeh yeeh If only you just believe, yea eh yeh eh Close your eyes and come and see, nah yea eh yeh eh Don't you worry about a thing, nah
Cause if you work hard You can get it if you work If you strive hard You can be just what you want If you work hard You can climb the mountain tall Cause nothing is too small And nothing is too big
I rejoiced with you, I rejoiced with you The way I celebrate and rejoice with other people, it is my turn to be celebrated I rejoiced with you, I rejoiced with you The joy I have expressed for others shall be my portion too Eh yeh
What my eyes have seen, eyeh What my eyes have seen, ye yeh Don't let them tell you "you can't" And they won't help you, just so you know Just keep on pushing oh oh uh oh
The heights my father was not able to attain I will attain that height and surpass it The heights my mother was not able to attain I will attain that height and surpass it May my Ori bring me wealth May my Ori bring me wealth Do not sleep, my Ori!
I rejoiced with you, I rejoiced with you The way I celebrate and rejoice with other people, it is my turn to be celebrated I rejoiced with you, I rejoiced with you The joy I have expressed for others shall be my portion too
Here are my hands, they are clean and pure I’ll progress confidently or I’ll go higher with confidence Teni, I'm a true born, I am Apata's daughter I'm resolute, I stand unshakable on my feet They thought I was finished But God had other plans They thought it was over, But God said it’s not over yet! Children's are one's clothing in this life Olaosebikan, you must not sleep (in heaven)! May you stand by me everyday Don’t let my enemies collide with my Ori (destiny), please! Wherever you are, I know you are proud of me Because I'm an achiever, I'm a success in my life! Because I'm a bold conqueror
I am fortunate in life, I'm an achiever I've done well in life.
A juventude num velho é o seu maior tesouro. E o mais notável é que todos tivemos uma infância, todos podemos regressar a essa infância e criar a partir desse retorno um mundo melhor.
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019) Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)
O exercício de prever é uma espécie de loucura, exige a invenção de hipóteses, de sair do cadinho dos factos para abraçar a possibilidade. Existe aqui o evidente paradoxo de a loucura ser o oposto da temperança, mas há que usar a regra de Paracelso: a diferença entre veneno e remédio é a dose.
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019) Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)
É bom relembrar que sempre existiram veganos (...) ou detractores da escravidão (...) é bom relembrar que os direitos e dignidades não são apanágio do momento actual, mas eram muito menos disseminados e pouca gente partilhava esses pontos de vista.
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019) Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)
gostaria de deixar claro que a nostalgia extremada ou o optimismo cego no progresso, e especialmente num crescimento histérico e infinito, são irracionais e que o uso da temperança e de algum conhecimento factual poderão trazer coisas boas no momento de pesar o que pode ou deve ser preservado do passado, quais as importantes conquistas do presente, e o que é desejável no futuro.
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019) Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)
frei Fernando Ventura, que apresentou o livro Jesus Cristo Bebia Cerveja, disse, por ocasião do lançamento, quando lhe perguntei se Jesus bebia cerveja: «É óbvio que sim. Jesus gostava de coisas boas.»
Deus Pai também. No final de cada um dos dias da Criação, Ele constatava que a obra era boa (...) O axiarquismo da Sua conduta leva-nos a concluir o seguinte: devemos a nossa existência a coisas boas, como o amor e a cerveja. Sabemos que a vida é boa, quando no final do dia ponderamos o que fizemos e concluímos que valeu a pena, que foram boas obras.
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019) Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)
«Beber quando não temos sede e fazer amor em qualquer altura do ano, minha senhora; é isso que nos distingue dos animais» (Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, Le Mariage de Figaro).
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019) Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)