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Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

Nariz de cera

anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.

[não descer - só parar]

08.03.22

O mar ainda está escuro, e muito próximo. Lambe a areia, engole, é doce, fluvial.

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

Africa [minha]

18.02.22

As coisas importantes levam tempo a voltar aos sonhos.

 

 

Marguerite Duras – Olhos Azuis, Cabelo Preto (1986)

Colecção Mil Folhas / Bibliotex SL / M.E.D.I.A.S.A.T. e Promoway Portugal Ltda (2002)

 

 

passar cartão

17.05.21

Nesta altura, também a comunicação social estava muito atenta ao trabalho dos voluntários e houve vários directos a acompanhar o percurso dos camiões TIR carregados de ajuda em direcção à Beira Alta. O que fez o tipo de apoio recebido também ser diferente do de Junho. «Da primeira vez tive pessoas muito abastadas a quem bati à porta e me diziam: "Passas recibo? Então, não." Na Beira Alta foi diferente porque, quando aparece a comunicação social, as coisas mudam. Tivemos algumas empresas que nos diziam: "Mas tem a certeza de que vai aparecer na televisão?", e lá ajudavam. É claro que ficamos todos contentes com a ajuda. As razões das pessoas se calhar não foram as melhores, mas o certo é que entregámos os donativos.» 

 

Patrícia Carvalho – Ainda aqui estou (2018)

Fundação Francisco Manuel dos Santos e Patrícia Carvalho (2018)

 

 

 

figuras cheias de cor

14.05.21

E ele era uma figura apaixonante no deserto desta cidade tão provinciana na época, com uma meia de cada cor, os roupões, o fato-macaco, os sapatos diferentes, o visual tão criativo e tão fantástico. 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)

 

 

dar valor

15.03.21

O que resta       recomeçar

com uma pedra 

 

O que eu movo 

 

      até

 

   onde não sei 

 

suspendo

e algo avança

                                         à minha frente 

 

 

A mão baixa 

 

                                       aranha de ar 

 

rápida   intranquila 

 

as armas que respiram 

 

o desejo      e a surpresa 

 

[...]

 

O brilho da palavra    igual ao brilho do silêncio 

 

[...]

 

 

O sol sobre os teus braços 

 

 

António Ramos Rosa in  DECLIVES  - Obra Poética I

Assírio & Alvim (2018)

 

 

que viagem

18.11.20

Recém-chegado da tropa no ultramar, no início dos anos 70, António ainda não pertencia ao meio musical. Mas, pela forma de estar, de vestir, e de ser, começava a ser um Extraterrestre, num país onde era pecado ser diferente, numa sociedade que tranquilizava os seus terrores arcaicos com a estandardização. «Sempre Ausente», um poema do álbum Anjo da Guarda, ilustra estes tempos e esta busca:

 

Diz-me que solidão é esta 

Que te põe a falar sozinho

Diz-me que conversa

Estás a ter contigo

Diz-me que desprezo é esse

Que não olhas p'ra quem quer que seja

Ou pensas que não existe

Ninguém que te veja

Que viagem é essa

Que te diriges em todos os sentidos

Andas em busca dos sonhos perdidos 

 

 

Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)

Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)

 

 

 

 

a certeza trágica (da arte da vida)

03.10.19

a certeza trágica 

... do index irremissível

... do fórcipe irremediável

... do curativo inútil

... da solicitude cínica

... da surpresa mórbida 

 

Paulo da Costa Domingos in  POÇO DA MORTE

 

 

Paulo da Costa Domingos – Carmina (1971-1994)
Antígona (1995)

 

 

A Arte de Viver (1967)

René Magritte