galáxia espiral barrada
« O álcool é uma molécula rara na natureza. Além da sua produção pelas leveduras, a síntese alcoólica está limitada à germinação de sementes e alguns tipos de bactérias. Essas bactérias tendem a gerar maus sabores - que podem estragar a cerveja e a sidra -, mas, para gáudio dos cervejeiros, dificilmente competem com as leveduras. O álcool também é produzido sem intervenção biológica, em nuvens interestelares. A maior destas nuvens moleculares próxima do centro da Via Láctea chama-se Sagitário B2, e contém álcool suficiente para encher 1028 garrafas de vodca, que, curiosamente, pesariam cinco vezes mais do que todos os planetas do Sistema Solar» (Nicholas P. Money, The Rise of Yeast - How the Sugar Fungus Shaped Civilization).
Quando falamos em 100 000 000 000 000 000 000 000 000 000 garrafas de vodca, só em uma das nuvens moleculares da Via Láctea, já não nos parece tão pouco (tenho amigos que discordariam, mas não serão a maioria). São restos, mas, de certo ângulo, causam a sua impressão. Talvez o «lácteo» da nossa galáxia não seja o baptismo mais apropriado.
Afonso Cruz_ O macaco bêbedo foi à ópera - Da embriaguez à civilização (2019)
Fundação Francisco Manuel dos Santos e Afonso Cruz (2019)