a morte de alguém
Uma das histórias envolvia a duquesa de Vauquelin. Certa noite perdera bastante dinheiro a jogar às cartas. Com o rosto afogueado, passara a mão pela testa e, ao fazê-lo, deslocara uma sobrancelha artificial feita de pelo de rato. Sem que desse por isso, a sobrancelha começara a deslizar-lhe para a cara, sobre a maquilhagem branca do rosto.
- O que nos rimos - contou Sua Graça. - Incluindo a duquesa até a filha lhe explicar o sucedido. Não voltou a ser vista em público desde então.
Achei que era aquilo que acabava por ser a morte de alguém: tagarelice descuidada e uma estupidez que corrói a alma.
Wray Delaney - Memórias de Uma Cortesã (2016)
Quinta Essência, Oficina do Livro (2017)