o teu rosto
Se as palavras corressem como as nuvens
respirando
dir-te-ia as palavras que desejo.
Oiço o silêncio inteiro sobre o teu rosto.
António Ramos Rosa in NA MORTE DE CELESTINO ALVES - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
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anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.
anotações e apontamentos que dizem tudo - de, por e para mim - por si mesmos.
Se as palavras corressem como as nuvens
respirando
dir-te-ia as palavras que desejo.
Oiço o silêncio inteiro sobre o teu rosto.
António Ramos Rosa in NA MORTE DE CELESTINO ALVES - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
Mais para ler
Deolinda seguia os dois, desconfiada e temerosa do mar, mas, ao mesmo tempo, fascinada pela sua vastidão azul, pelo movimento quase hipnótico das ondas, e pelo seu incessante marulhar:
- Sente-se uma pessoa tão pequena - murmurava ela [...]
Levava as socas na mão e a trouxa com o farnel debaixo do braço. Acordavam, mal o dia despontava, iam por volta das nove da manhã para a praia, sentavam-se sempre no mesmo lugar e regressavam sem falta ao meio-dia: «Muito cuidado, sobretudo com as crianças. A pele delas é mais sensível, e para o tratamento fazer efeito a menina tem de estar nua. Depois do meio-dia o sol é um veneno. Ao fim de uns dias, com o corpo habituado, podem voltar à tarde, mas só depois das cinco horas. E não se esqueça de a pôr a dormir a sesta.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018)
Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)
Mais para ler
Meus olhos não fabricam
a realidade [...]
Meus olhos não fabricam mas encontram.
A terra que se enche já vem cheia
[...]
Os homens dançam por vezes.
Este momento é teu.
António Ramos Rosa in ANIMAL OLHAR - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
Mais para ler
Assim te insurges, leal, frente ao silêncio.
O mesmo espaço visível, ocupa-o.
(...)
Amanhã será sempre hoje este momento.
Outro, pleno e vão.
(...)
Em ti mesmo dá lugar ao espaço.
António Ramos Rosa in OCUPAÇÃO DO ESPAÇO - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
Mais para ler

Edouard Manet (1832-1883)
La plage à marée basse
Estamos nus e gramamos.
(...)
As paisagens continuam a existir.
As paisagens são suaves.
Continuam também a existir
outras coisas que dão matéria para poemas.
A vida continua.
Felizmente que há ódios, comichões, vaidades.
A estupidez, esta crassa crença intratável, esta confiança indestrutível
em si mesmo,
é o que felizmente dá uma densidade, uma plenitude a isto.
Num mundo descoroçoante de puras imagens
é bom este banho de resistências, pressões, vontades, atritos,
é bom navegar.
Porque este presente é logo saudoso.
(...)
A vida continua tão improvavelmente.
(...)
Estamos nus e gramamos.
António Ramos Rosa in TELEGRAMA SEM CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL
António Ramos Rosa - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
Mais para ler
1 Para tudo há uma ocasião certa;
há um tempo certo para cada propósito
debaixo do céu:
2 Tempo de nascer e tempo de morrer,
tempo de plantar
e tempo de arrancar o que se plantou,
3 tempo de matar e tempo de curar,
tempo de derrubar e tempo de construir,
4 tempo de chorar e tempo de rir,
tempo de prantear e tempo de dançar,
5 tempo de espalhar pedras
e tempo de ajuntá-las,
tempo de abraçar e tempo de se conter,
6 tempo de procurar e tempo de desistir,
tempo de guardar
e tempo de jogar fora,
7 tempo de rasgar e tempo de costurar,
tempo de calar e tempo de falar,
8 tempo de amar e tempo de odiar,
tempo de lutar e tempo de viver em paz.
Ec 3, 1-8

Signed Marc Chagall lithograph, Lithograph, La Baie des Anges (The Bay of Angels), 1960
créditos imagem: https://www.masterworksfineart.com/artist/marc-chagall/lithograph-la-baie-des-anges-the-bay-of-angels-1960/
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