o talento da leveza
Mas nós perdemos as leves
sandálias do vento
já não conhecemos o gozo
vegetal
António Ramos Rosa in VINTE POEMAS PARA ALBANO MARTINS - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
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Mas nós perdemos as leves
sandálias do vento
já não conhecemos o gozo
vegetal
António Ramos Rosa in VINTE POEMAS PARA ALBANO MARTINS - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
Sei a fundura do não-saber
António Ramos Rosa in CLAREIRAS - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
Durante a ditadura, era na escola que, ao mesmo tempo que se aprendia a ler e a escrever, se aprendia a missão «ultramarina, cristã e redentora» de Portugal, a sua vocação para «civilizar» outros povos, legitimada pela crença na superioridade moral dos Portugueses. A escola, como primeiro lugar de socialização institucional, era também um espaço de aprendizagem indireta de valores pessoais e dos ideais de vida coletiva que sustentavam a ditadura [...]
Foi assim possível mostrar como esses manuais, de forma muito subtil, comunicavam uma hipervalorização da autoridade e da submissão, manifestada, por exemplo, nas interações verticais adulto-criança na escola e na família, em detrimento das interações horizontais entre crianças. Nos ideais de vida coletiva, destacavam-se os valores da ruralidade e das tradições, uma ordem natural onde cada um deveria ocupar o lugar que lhe estava destinado e um mundo que apenas funcionaria bem se fossem respeitadas as hierarquias sociais. Na visão sobre a sociedade portuguesa, outros trabalhos sobre os manuais escolares da mesma época destacaram a exaltação da pátria e da portugalidade, «uma grande família», e dos seus símbolos de universalidade e de vocação civilizadora. Ao mundo dos portugueses em África opunha-se um outro mundo: «arredores infestados por selvagens».
Jorge Vala – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)
Just as long as I stay
I'll be waiting
I'll be waiting
I'll be waiting
And when a child is born into this world
It has no concept
Of the tone the skin is living in
And there's a million voices
And there's a million voices
To tell you what she should be thinking
Todo o mundo é música de água ou transparência.
A inteligência é o sabor completo do silêncio.
Onde estamos é a insondável delicadeza de uma estrela.
A criança está com a mãe numa nebulosa dourada.
[...]
Todo o nosso saber é uma ignorância fértil.
O ritmo das nuvens ordena as nossas mesas.
António Ramos Rosa in O TEMPO - Obra Poética I
Assírio & Alvim (2018)
imagens: Cecília Carneiro
... a propósito do subtema Gata Borralheira: neste ciclo, que devemos tomar como um todo, a heroína e o príncipe desencantam-se mutuamente; nisto consistindo, afinal, o proverbial casamento pelo qual serão felizes para sempre.
Francisco Vaz da Silva – Gata Borralheira e Contos Similares (2011)
Círculo de Leitores e Temas e Debates (2011)
[...] um jogador negro do FCP, foi ruidosamente insultado por adeptos do Vitória. O insulto mais ouvido consistiu numa simulação de sons de macaco. [...] Esta associação a animais de pessoas percebidas como pertencendo a «raças» diferentes é comum naqueles que partilham crenças racistas ou um forte preconceito racial e o expressam de forma aberta. Os nazis associavam os judeus a ratos e baratas. No passado recente, também os tabloides ingleses retomaram estas expressões a propósito dos imigrantes subsarianos que tentam alcançar a Europa cruzando o Mediterrâneo. [...] o racismo continua hoje vivo [...] Importa, por isso, compreender os mecanismos que mantêm o racismo, seja de forma mais escondida ou mais manifesta, no quotidiano e no funcionamento das instituições. Esse objetivo implica analisar crenças, atitudes, sentimentos, normas sociais e funcionamentos institucionais que alimentam e legitimam o racismo, apesar da sua condenação pela democracia, pelos valores igualitários e pela liberdade, e apesar dos custos das desigualdades sociais que produz.
Jorge Vala – Racismo, Hoje, Portugal em Contexto Europeu (2021)
Fundação Francisco Manuel dos Santos, Jorge Vala (2021)
No MNE não se tinha perdido tempo. Salazar, na qualidade de todo-poderoso ministro dessa pasta, tinha enviado, a 2 de julho, um telegrama (o 2139) para a embaixada de Portugal em Londres (ao embaixador Armindo Monteiro) fazendo uma atualização dos acontecimentos em Portugal: «Refugiados carácter político e intelectuais como aqueles a que se refere telegrama V.Exa. são dos menos desejáveis pelas atividades que hão de querer desenvolver
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
Várias pessoas com quem contactei (algumas já falecidas), falaram-me desses momentos, inesquecíveis para quem os viveu. Como Henri Zvi Deutsch, jovem adolescente na altura, que me contou que os pais, fugidos da Alemanha, nem papéis tinham - com eles apenas traziam fé e esperança. Zvi Deutsch mencionou-me o tipo de vistos que vários autores consideram como únicos na história da diplomacia mundial e que o cônsul de Bordéus terá produzido às centenas. Tratava-se de um simples pedaço de papel onde Aristides (ou talvez um dos seus filhos) escrevia o seguinte texto: «O governo português pede às autoridades francesas e espanholas que deixem passar o portador, ou portadores, deste visto de trânsito temporário. Trata-se de um refugiado, ou refugiados, do conflito armado a decorrer na Europa, a caminho de Portugal.»
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto
Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
Que mais podemos esperar encontrar neste romance? Um trabalhador em conflito constante com os seus patrões. Um pobre homem que procura incessantemente o consolo na bebida, que precisa de um emprego mas que foge dele. Um homem mais inteligente e sensível do que aqueles que olham para ele de cima [...]
Alguém disposto a travar uma batalha perdida contra as autoridades, na defesa dos seus direitos, da sua honra e do que resta da sua dignidade. Um homem que anseia por uma vida mais simples, mais confortável, mais bela, mas que rapidamente parece destruir todas estas possibilidades. Um aspirante a escritor que carrega a sua cruz com outros bons homens no local de trabalho, homens com os seus próprios sonhos impossíveis e quixotescos [...]
Charles Bukowski – Correios (1971)
Antígona (2015)
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