Há ainda gente de "elevada formação académica" que se atreve a sugerir que Aristides de Sousa Mendes era intelectualmente fraquinho. Só podem ser "reencarnações" daqueles que o condenaram em 1940. Como a de um antigo embaixador de Salazar (ainda vivo), que em 2013 publica um volume, com ajuda financeira de "amigos" - O cônsul Aristides de Sousa Mendes - a Verdade e a Mentira -, onde escreve, na página 90: «Nenhum judeu estava em perigo de vida em 1940, ou até de prisão, em França, depois do armistício [do marechal Pétain].» E na página 33, escreve esse senhor: « O que Aristides fez um Junho de 1940, em Bordéus e Bayonne, era passível de três crimes, a saber: desobediência, abuso de poder e concussão.» Para mim, que cresci a saber da forma como o meu avô arriscou a vida e a carreira para ajudar outros, isto não passa de uma alteração e adulteração de valores, numa abordagem revisionista.
António Moncada S. Mendes – Aristides de Sousa Mendes, Memórias de Um Neto Edições Saída de Emergência e António Moncada S. Mendes (2017)
Nunca a canção fora tão bela e tão temida, como quando foi servida pelos Príncipes da Palavra. Muitos viviam exilados, ou, se estavam em Portugal, eram presos com frequência. Constituíam uma autêntica plêiade de poetas e baladeiros para quem a canção era uma arma. José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, Ary dos Santos, Sophia de Mello Breyner, Manuel Alegre, Natália Correia e outros. Mas até o rock, por fim emergente, acabaria por entrar também pelos caminhos da contestação. Em 1970, o Quarteto 1111 foi, simultaneamente, acusado ou elogiado por ter instalado « a subversão a nível político-social», provocando um autêntico «terramoto» que terminou com a ordem de retirada do álbum de estreia do grupo liderado por José Cid que abordava a guerra colonial, o racismo, a emigração. Foi o primeiro disco de rock censurado. A partir daqui o grupo nunca mais deixou de estar sob mira da censura. Em cada um dos seus espétaculos, havia um friso de homens de gabardina na primeira fila. Não riam, não aplaudiam, não cantavam. Observavam os quatro Uns, que eram «subversivos e perigosos para o regime». Igual destino sofre o álbum de Petrus Castrus, Mestre, cheio de referências à censura, com uma abordagem aos mitos nacionais pela ironia. Nomeadamente em Pátria Amada, que inclui o poema «maldito» de Ary dos Santos, SARL, e que é confiscado pelo Secretariado Nacional da Informação (SNI)[...] O próprio fado, que geralmente não levantava grandes questões, estava também debaixo de olho. A começar pelas serenatas da academia coimbrã, sempre tão suspeitas. Os estudantes nunca eram de confiar... tinham ideias próprias, coisa bizarra e perigosa [...] Até Amália Rodrigues [...] teve um disco censurado. A história conta-se em poucas palavras. Em dezembro de 1968, Vinicius de Moraes, que ia passar o Natal em Roma, fez escala em Lisboa e encontrou-se com Amália em casa desta. Desse longo serão que contou com a presença de poetas, escritores, músicos, resultou um disco cujas faixas são hoje consideradas verdadeiras relíquias da música e poesia em língua portuguesa. Entre os muitos e felizes convivas, encontravam-se Ary dos Santos, Natália Correia, David Mourão Ferreira, e naturalmente a própria Amália e Vinicius. Cantaram-se fados e bossas novas, declamou-se, improvisou-se, durante um longo e maravilhoso serão. O sumariado disco Amália/Vinicius, uma hora, que emergiu deste encontro foi lançado em 1970. Sol da pouca dura. Rapidamente, a Direção dos Serviços de Censura da Emissora Nacional proibiu o precioso manifesto da lusofonia, fazendo-o retirar do mercado.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018) Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)
António chegou a Amesterdão em 1974, numa altura em que a cidade estava na vanguarda de um sem número de movimentos, desde a ecologia à luta anti-apartheid, passando pela liberalização das drogas ditas leves, que eram ali encarados com o mesmo pragmatismo com que, em muitos outros países, se aceitam e até estimulam outros vícios como o jogo. Havia para todos os gostos. Grupos anarquistas, ecologistas, pacifistas, os krakers, com as suas redes de okupas, que pressionavam o governo, por vezes de formas radicais, para a resolução do problema da habitação.
Manuela Gonzaga – António Variações, Entre Braga e Nova Iorque (2018) Manuela Gonzaga e Bertrand Editora (2018)
Skin head, dead head Everybody gone bad Situation, aggravation Everybody allegation In the suite, on the news Everybody dog food Bang bang, shot dead Everybody's gone mad All I want to say is that They don't really care about us All I want to say is that They don't really care about us Beat me, hate me You can never break me Will me, thrill me You can never kill me Sue me, Sue me Everybody do me Kick me, kick me Don't you black or white me All I want to say is that They don't really care about us All I want to say is that They don't really care about us Tell me what has become of my life I have a wife and two children who love me I am the victim of police brutality, now I'm tired of bein' the victim of hate You're rapin' me of my pride oh, for God's sake I look to heaven to fulfill its prophecy Set me free Skin head, dead head Everybody gone bad Trepidation, speculation Everybody allegation In the suite, on the news Everybody dog food Black man, black mail Throw your brother in jail All I want to say is that They don't really care about us All I want to say is that They don't really care about us Tell me what has become of my rights Am I invisible because you ignore me? Your proclamation promised me free liberty, now I'm tired of bein' the victim of shame They're throwing me in a class with a bad name I can't believe this is the land from which I came You know I do really hate to say it The government don't want to see But if Roosevelt was livin' He wouldn't let this be, no, no Skin head, dead head Everybody gone bad Situation, speculation Everybody litigation Beat me, bash me You can never trash me Hit me, kick me You can never get me All I want to say is that They don't really care about us All I want to say is that They don't really care about us Some things in life they just don't want to see But if Martin Luther was livin' He wouldn't let this be, no, no Skin head, dead head Everybody gone bad Situation, segregation Everybody allegation In the suite, on the news Everybody dog food Kick me, kick me Don't you wrong or right me All I want to say is that They don't really care about us All I want to say is that They don't really care about us All I want to say is that They don't really care about us All I want to say is that They don't really care about All I want to say is that They don't really care about All I want to say is that They don't really care about us
Michael Joseph Jackson
(29 de agosto de 1958 — 25 de junho de 2009)
O Dia Mundial do Vitiligo observa-se a 25 de junho.
Esta data, também conhecida por Dia Mundial do Combate ao Vitiligo, pretende aumentar o conhecimento das pessoas sobre o vitiligo e travar a progressão da doença.
Foi escolhido o dia 25 de junho em alusão à morte de Michael Jackson, que sofria de vitiligo e lúpus.
in https://www.calendarr.com/portugal/dia-mundial-do-vitiligo/
Pode acontecer que muitos, indivíduos ou povos, julguem, mais ou menos conscientemente, que «todos os estrangeiros são inimigos». Na maioria dos casos esta convicção jaz no fundo dos espíritos como uma infecção latente; manifesta-se apenas em actos esporádicos e desarticulados e não se constitui num sistema de pensamento. Mas quando tal acontece, quando o dogma não enunciado se torna premissa maior de um silogismo, então, no fim da cadeia, encontra-se o Lager. Ele é o produto de uma concepção do mundo levada às extremas consequências com rigorosa coerência: enquanto a concepção subsistir, as consequências ameaçam-nos. A história dos campos de extermínio deveria ser interpretada por todos como um sinal sinistro de perigo.
Primo Levi – Se Isto É Um Homem (1947) Coleção Mil Folhas PÚBLICO (2002)